terça-feira, 5 de novembro de 2024

Charles Chaplin - "A Quimera de Ouro" / "The Gold Rush"


Charles Chaplin
"A Quimera de Ouro" / "The Gold Rush"
(EUA - 1925) - (96 min. - Mudo - P/B)
Charlie Chaplin, Mack Swain, Georgia Hale.

"The Gold Rush" /"A Quimera de Ouro" continua a surpreender todos aqueles que descobrem a película pela primeira vez e de imediato as gargalhadas nascem, mal vimos a figura frágil de Charlot no écran, se bem que a bela história de amor com Georgia (Georgia Hale) também faça acelerar de forma carinhosa as batidas do coração de qualquer ser humano.


Ver Charlot (carinhosamente tratado pelo narrador por Little Man - Homenzinho) e o seu companheiro de infortúnios Big Jim Mckay (Mack Swain) a desfrutarem no dia de Acção de Graças – tão importante para os americanos – de uma bela bota, cozinhada certamente em lume brando, é simplesmente fabuloso.


Apreciar Charles Chaplin a deliciar-se com os pregos, como se se tratassem de uns belos ossos de um suculento peru, é inesquecível. E depois temos o acompanhamento ou seja os atacadores que são olhados como um delicioso spaghetti. Esta cena não resume, de forma alguma, a beleza e humor deste filme, mas é exemplificativa da qualidade com que Chaplin nos brindou em toda a sua vida.


Esta obra de Charles Chaplin, na edição em DVD, oferece-nos as duas versões de "A Quimera de Ouro" / “The Gold Rush” ou seja podemos vê-la como foi projectada na época do mudo com os seus intertítulos, ou com a narração do cineasta que sempre considerou que o sonoro iria matar essa Arte chamada Pantomina. Recorde-se que foi só quando o Sonoro estava mais do que implantado que ele aderiu ao "género", sendo obrigado a deixar essa personagem única do vagabundo chamado Charlot, que fez e faz as delícias das plateias de todo o mundo, seja qual for a sua idade.


Todos nós amamos essa figura do vagabundo, recorde-se o seu amor pela rapariga cega em "Luzes da Cidade" / "City Lights" tentando passar por um magnata gentleman, tudo por amor. Depois nascia "Tempos Modernos" / "Modern Times" (1936), que é uma obra mais-que-perfeita transportando o seu amado personagem Charlot ao mundo industrializado, recorde-se a sua demonstração do operário ideal em "perfeita harmonia" com a máquina e a sua visão do mundo em que vivia, sempre olhada com uma candura e ingenuidades maravilhosas. Quando ele realizou "O Grande Ditador" / "The Great Dictator", em 1940, foram poucos na época os que aderiram ao filme, a América cultivava o isolacionismo e alguns, temendo o pior, até lhe chamaram panfletário, maso futuro, infelizmente, iria provar que ele estava mais que certo, porque o seu humor estava repleto de uma força interior superior a todas as armas.


Depois tornou-se uma personagem incómoda para o continente que o recebeu e um dia impediram-no de regressar ao país que o tinha acolhido, nascendo então essa obra-prima chamada "Um Rei em Nova Iorque" / "A King in New York", um verdadeiro ajuste de contas com esse Senador cujo nome ficou para a história do cinema pelas piores razões. Para trás ficavam obras-primas como "O Barba Azul" / "Monsieur Verdoux" e "Luzes da Cidade" / "Limelight", com essa nova personagem chamada Calvero.


O seu último filme para o grande écran foi "A Condessa de Hong-Kong" / "A Countess from Hong Kong", com uma dupla interpretada por Marlon Brando e Sophia Loren, o Mestre desta vez ficou apenas atrás da câmara, embora tenha dirigido Marlon Brando como se fosse ele próprio o personagem, muitos o criticaram por isso, mas a sua derradeira obra merece ser revista para ser reavaliada.


Charles Spencer Chaplin, que faleceu na Suiça rodeado pela mulher e os filhos, continua bem vivo no coração de todos os que amam os seus filmes, assim como essa personagem inesquecível chamada Charlot!

Rui Luís Lima

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