segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Francis Ford Coppola - O Último dos Mavericks!


Francis Ford Coppola - O Último dos Mavericks!

Uma Viagem Cinematográfica Pela Sua Filmografia!

1. - “Tonight for Sure” costuma ser apontado como o primeiro filme de Francis Ford Coppola sendo constituído pela compilação de três “nudie-movies”, com os títulos de “The Pepper”, “The Wide Open Spaces” e “Come On Out” e nos dias de hoje já nem o cineasta se quer recordar deles. Portanto, será melhor escolher o seu filme produzido por Roger Corman como a sua entrada oficial na realização. Recordemos que Roger Corman foi o homem que fez “a ponte” entre o cinema clássico e os "movie-brats", nascidos nos anos setenta, ao mesmo tempo que anteriormente tomara conta do deserto deixado pela extinção da série-B, realizando e produzindo filmes de baixo orçamento a um ritmo infernal, sempre com escassos meios e enorme criatividade, onde o terror é um dos seus géneros preferidos, ou não tivesse ele transposto para o cinema os célebres contos de Edgar Alan Poe.

Nessa época Francis Ford Coppola realiza com naturalidade, mas sempre com as habituais condicionantes da produtora New World Productions de Roger Corman e “Demencia 13”/”Dementia 13” (1), já apontava algumas das linhas fortes da futura obra do cineasta. O seu trabalho cinematográfico começaria a ser dividido entre a feitura de argumentos para terceiros, caso de “Paris Já Está a Arder?”, "Reflexos num Olho Dourado", "A Flor à Beira do Pântano", "O Grande Gatsby" e o fenomenal “Patton” e os filmes que dirigia: “A Noite é Perversa”/”You’re a Big Boy Now” e o conturbado “O Vale do Arco-Iris”/”Finian’s Rainbow”, como lhe chamou Fred Astaire nas suas memórias, em que muitos técnicos foram despedidos ao longo da rodagem e se começava a instaurar um clima de perda de controlo, decididamente o musical ainda não tinha nascido para Francis Coppola, surgindo depois esse assombroso e comovente “Chove no Meu Coração”/”Rain People”, com um James Caan inesquecível em busca de um amor que nunca existiu. Com a feitura destas três longas-metragens, começava a nascer a famosa “família” de técnicos e actores em redor do cineasta.

"Demência 13"
(1963)

Foi no início dos anos setenta que este Mestre do Cinema viu chegar a consagração ao assinar a feitura de “O Padrinho”/”The Godfather”, baseado no romance de Mario Puzo. Hollywood reconhecia o seu génio e oferecia-lhe o topo da pirâmide, onde se encontrava o trono. Entre a primeira e segunda parte da obra de Mario Puzo, Coppola realiza “O Vigilante”/”The Conversation”, película sobre a arte da “perseguição” do que vê e escuta, com um fabuloso trabalho técnico de Walter Murch e uma interpretação memorável de Gene Hackman. Ao mesmo tempo, Francis Ford Coppola produz o segundo filme de George Lucas “American Graffiti”, recorde-se que ele já fora o produtor dessa obra-prima de estreia de George Lucas intitulada “THX 1183”, nessa década ainda estavam longe os tempos de “Star Wars”. Em “American Graffiti”, de George Lucas, um dos actores é Ron Howard que se tornaria conhecido como realizador, sempre capaz do melhor e do pior, como todos sabemos. “American Graffiti” em Portugal chamou-se “Nova Geração” e acabou por servir de modelo a centenas de películas, baseadas na explosão juvenil e na febre do “rock and roll”, aliás a banda sonora é de antologia!

A saga de “O Padrinho” possuía na montagem e no argumento uma das suas grandes virtudes, mas Francis Ford Coppola e “O Padrinho – Parte II” / “The Godfather – Part II” é bem revelador da Arte de Francis Ford Coppola, mas ele não resistiu à tentação de remontar os dois filmes de forma cronológica para a sua exibição no pequeno écran, ao mesmo tempo que lhe adicionava mais 55 minutos de metragem deixados na mesa de montagem. E foi assim que, de 12 a 15 de Novembro de 1977, foi exibida em quatro episódios na NBC uma nova versão de “The Godfather”. Mas nessa época já o livro de Joseph Conrad “No Coração das Trevas” permanecia acordado ao longo da madrugada nas mãos de Francis Ford Coppola.

"A Noite é Perversa"
(1966)

2. - Francis Ford Coppola tinha conquistado o seu estatuto de génio e, como tal, fugiu aos parâmetros de Hollywood ao realizar “Apocalypse Now”, o maior filme de sempre acerca da guerra e das suas consequências, baseado no famoso romance de Joseph Conrad “No Coração das Trevas”.

“Apocalypse Now” rapidamente se transformou num dos maiores marcos da História do Cinema, sendo a sua inclusão na lista dos melhores filmes de sempre uma realidade a que ninguém pode fugir. O Génio tinha descido do céu e mergulhado no inferno, transportando para o presente as feridas da memória.

"O Vale do Arco-Irís"
(1968)

Mas a rodagem de “Apocalypse Now” foi um verdadeiro épico, quase tragédia. Inicialmente o protagonista era Harvey Keitel, no entanto Coppola não se entendeu com o actor e este acabou por ser substituído por Martin Sheen o qual iria ter, perto do final da rodagem, um ataque cardíaco. Por outro lado as condições climatéricas não eram as melhores, tendo a rodagem sido interrompida por um tufão, que destruiu os cenários construídos, ao mesmo tempo que os célebres helicópteros, que usavam a música de Wagner nos ataques efectuados às linhas vietnamitas, postos à disposição pelo governo, eram muitas vezes requisitados para irem combater a guerrilha. Perante um cenário destes, a esposa de Francis, Eleanor, escreveu um livro/diário intitulada “Notes on the Making of Apocalypse Now”.

A famosa crítica de cinema norte-americana Pauline Kael falou dele como o mais lúcido relato da aventura épica de um cineasta. E como não podia deixar de ser, esta obra-prima deu origem a um “Making of” que fez história e seria exibido nas salas de cinema, “Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse”, realizado por Fax Bahr e George Hickenlooper.

"Chove no Meu Coração"
(1969)

Francis Coppola acabaria por ganhar a Palma de Ouro em Cannes, mas falharia os Oscars. Na primeira versão distribuída comercialmente, a película terminava com a destruição e bombardeamento do Templo onde se refugiara e vivia o coronel Kurtz e os seus seguidores, ao mesmo tempo que os The Doors cantavam “The End”. Esta sequência iria gerar polémica nos Estados Unidos, já que muitos viram nela uma apologia da Guerra. E esta leitura errada teve tantos adeptos, que o cineasta, ao fim de duas semanas de exibição, mandou retirar as cópias de circulação e substituir por outras onde essa sequência era simplesmente eliminada. Em Portugal o filme foi exibido com ela, como muitos estarão recordados, tendo até a primeira versão surgida em aluguer de dvd possuído essa versão. Hoje ela encontra-se na posse de Francis Coppola, bem guardada e temos que nos contentar com a nova versão, “Apocalypse Now Redux”, melhor nuns aspectos, diferente noutros, de facto a arte da montagem é isso mesmo!

Só para terminar, convém referir que a personagem do Coronel Kurtz, criada por Marlon Brando, foi uma espécie de defesa do actor, porque foi com espanto e irritação que Coppola recebeu um Brando calvo e com demasiados quilos para o papel, mas a escola do “método”, mais uma vez, demonstrou que essa Arte de dar corpo às personagens só pertence a alguns actores.

"O Padrinho"
(1972)

O sonho de criar uma nova Hollywood, através da sua Zoetrope, ao mesmo tempo que as novas tecnologias davam passos de gigante no universo cinematográfico, levaram o visionário Francis Ford Coppola a entrar na maioria aventura da sua vida: criar Las Vegas em Estúdio, sendo a história do filme contada através de canções, utilizando toda a tecnologia ao seu dispor.

Nessa época, Francis Ford Coppola já atravessava uma determinada crise económica, mas o seu sonho, tal como o de “Tucker”, iria levá-lo à ruína, embora os apaixonados da Sétima Arte, recebessem o mais deslumbrante musical de sempre, intitulado “Do Fundo do Coração”/”One From the Heart”, de braços abertos.

"O Vigilante"
(1974)

Conjugando o artifício e o espectáculo com a música de Tom Waits. Mas a banda sonora viu Ricky Lee Jones sair do projecto e assim tivemos Cristal Gayle, que até deu boa conta do recado, nascendo assim uma das mais belas bandas sonoras de sempre.

Ao ser feita no maior segredo, a película começou a levantar fortes suspeitas no interior da indústria cinematográfica e, ao ser exibida para a crítica cinematográfica, foi pura e simplesmente trucidada. A campanha negativa foi de tal ordem, que ao fim de uma semana em exibição, com as salas praticamente desertas de público, o cineasta mandou retirar o filme do circuito de exibição e o sonho “Zoetrope” viu os seus dias contados. Os credores, que já rondavam as portas do Estúdio, não tiveram contemplações com o sonho megalómano do cineasta, mas Coppola, ao contrário de David Wark Griffith, que acabou os seus dias a “palmilhar” as ruas de Hollywood, esquecido de todos, devido ao insucesso da sua “Babilónia” (nem dinheiro havia para destruir os gigantescos cenários construídos), decidiu partir pela estrada fora e recomeçar tudo de novo!

"O Padrinho: Parte II"
(1974)

3. - Durante o período que antecedeu a crise criada com o insucesso de “Do Fundo do Coração” / “One From the Heart”, Francis Ford Coppola produziu “Hammett” de Wim Wenders, baseado no romance de Joe Gores, um daqueles policiais inesquecíveis que juntava pela primeira vez dois génios de continentes diferentes. No entanto, o relacionamento entre eles não foi dos melhores, o produtor Coppola e o cineasta Wenders faziam leituras diferentes do argumento e as interferências do primeiro foram imensas, segundo o alemão. Mas também não podemos esquecer que o dinheiro investido era de Francis e aqui, de certa forma, pairava a sombra da memória dessa figura mítica do cinema clássico chamada David O’Selznick. A conclusão de “Hammett” foi um verdadeiro milagre, transformando-a num dos maiores filmes malditos da década de oitenta, sendo ainda de referir que esse grande actor chamado Frederick Forrest era a figura central da película de Wim Wenders, mas também a personagem principal de “Do Fundo do Coração” / “One From the Heart” , saltando de um “plateau” para outro.

Francis Ford Coppola tinha, decididamente, chegado ao fim da estrada, mas os atalhos podem conduzir a um novo caminho e o regresso, aliado ao êxito comercial, surgiu com “Os Marginais”/”The Outsiders”, evocação directa de Nicholas Ray e do seu “Fúria de Viver”, nascendo uma autêntica galeria de novos actores que iriam, anos mais tarde, confirmar todas as suas potencialidades no interior da indústria cinematográfica norte-americana, nunca sendo demais recordar que Tom Cruise, Matt Dillon, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez e Diane Lane eram alguns dos protagonistas desse filme rebelde.

"Apocalypse Now"
(1979)

Durante este período conturbado da vida do cineasta, onde os meios reduzidos não interferem na qualidade dos filmes, antes os tornam em obras de real importância cinematográfica, são produzidas as aventuras de “O Cavalo Negro”: ”The Black Stallion” (1979) e “The Black Stallion Returns Again” (1983), dirigidos pela mão de Carroll Ballard e Robert Dalva. Este projecto, das produções Coppola, baseava-se no retorno ao universo mágico do cinema da nossa infância e “O Rei da Evasão”/”The Escape Artist” (1982), realizado por Caleb Deschanel, foi um dos mais fascinantes capítulos da carreira de produtor de Francis Coppola, situado entre a fronteira do universo infantil das produções Disney e a memória do sonho pré-adolescente dos anos sessenta.

Mas a saga dos “rapazes da rua”, iniciada em “Os Marginais” / “The Outsiders”, iria continuar em “Rumble Fish”. A sombra de Nick Ray encontrava-se bem presente a passear no aquário onde vivem os “Rumble Fish”. Não sendo por acaso que essa figura tutelar, chamada Dennis Hooper, símbolo rebelde com o seu famoso “Easy Rider”, marco histórico do “rock” da geração de sessenta e protagonista de “Fúria de Viver” de Nick Ray, surge na película ao lado de Matt Dillon, Mickey Rourke e Vicent Spano. Como não podia deixar de ser, Mickey Rourke na época foi comparado por muitos, no seu estilo rebelde de “poucas falas”, ao Marlon Brando de “Wild One” de Lazlo Benedek.

Marlon Brando e Francis Ford Coppola

A terminar este capítulo e como curiosidade, nunca é demais recordar que o tio Francis vaticinou um futuro pouco promissor no cinema ao sobrinho Nicholas Cage, que preferiu utilizar o apelido de solteira de sua mãe, em vez do célebre apelido Coppola, ao contrário do que fariam anos mais tarde os primos Sofia e Roman, que hoje fazem parte de um verdadeiro clã na História do Cinema.

“Rumble Fish” foi a demonstração da luta de um grande cineasta com a indústria, que embora esmagado por ela não baixou os braços e tendo na memória esses tempos de aprendizagem com Roger Corman, sentiu que o regresso às grandes produções estava para breve e “Cotton Club”, a sua obra seguinte, seria isso mesmo.

"Do Fundo do Coração"
(1981)

4. - Depois da viagem pela estrada fora, Francis Ford Coppola investe novamente na grande produção juntamente com Robert Evans, o dinheiro era de Evans. E se “Cotton Club” é um dos filmes mais caros de sempre, isso deve-se em grande parte ao longo período que levou a sua feitura. Tudo começou em 1977 e terminou em Março de 1984, rondando os custos em cerca de 48 milhões de dollars. Mas o que é “Cotton Club” para valer tanto?

“Cotton Club” foi o grande Clube de Jazz de Harlem onde, inicialmente, só podiam entrar brancos para verem os negros tocarem e dançarem, tendo por lá passado nomes como Duke Ellington. Mas é também a história do trompetista Dixie Dwyer (Richard Gere) e do seu grande amor, Vera (Diane Lane), rodando tudo à volta do ambiente então vivido: jazz, gangsters, amizade, apostas e mortes, num alegre e por vezes mortal convívio.

"Hammett, Detective Privado"
(1982)

No entanto o amor ainda resistia, não havendo nada melhor para o provar do que a montagem vertiginosa dos últimos dez minutos da película, onde o real e o imaginário se jogam de uma forma fabulosa, nascendo um dos mais belos "happy-end" da história do cinema. “Cotton Club” é, na verdade, um filme para se amar do primeiro ao último fotograma. Francis Ford Coppola regressava assim à Indústria, comprovando mais uma vez ser um dos Grandes Mestres de uma Arte chamada Cinema e que ficou para sempre designada como a Sétima Arte!

Coppola estava de volta e a Disney encomendou-lhe de imediato um “movie” para exibir nos seus Parques Temáticos, intitulado “Captain Eo”, baseado numa ideia de George Lucas e Michael Eisner e que foi rodado em “3D” e em “70 mm”, com película “Eastmankodak” e que passou exclusivamente na Disneyworld e Disneyland. A fotografia, como não podia deixar de ser, foi da responsabilidade do Mago italiano Vittorio Storaro e o protagonista Michael Jackson, então a navegar em plena crista da onda.

"Os Marginais"
(1983)

A conciliação de Francis Ford Coppola com a Indústria originou o recebimento de mais uma encomenda, intitulada “Peggy Sue Got Married”/”Peggy Sue Casou-se”. Embora o argumento tenha sido escrito a pensar em Debra Winger para o papel principal, acabou por ser Kathleen Turner a ficar com ele e a dar tão boa conta do recado, de tal forma que acabou por ser indigitada para o Oscar da Melhor Actriz.

“Peggy Sue Casou-se” é uma viagem através de um “mergulho” no passado, de uma mulher madura, que regressa à adolescência e volta a viver a vida tal como tinha desfilado perante o seu olhar no passado, só que desta vez até poderia alterar o estado das coisas ou seria que não? A película termina por nos oferecer uma dessas fábulas maravilhosas que só o cinema possui o condão de nos encantar.

"O Cavalo Preto"
(1979)

Ficaram assim abertas as portas para o regresso do conhecido “Maverick” ao convívio da indústria, nascendo então essa obra-prima intitulada “Gardens of Stone”/”Jardins de Pedra”, no qual vamos reencontrar James Caan e Anjelica Huston, que tinha participado no “short movie” da Disney “Captain Eo”.

Embora o tema do filme seja ainda o Vietname, desta vez Coppola decide optar por ficar em território americano, mais concretamente no aquartelamento da Guarda Nacional, onde se fazem as derradeiras Honras aos soldados caídos em combate. A figura do sargento, veterano da guerra da Coreia, protagonizada por James Caan, é excelente em toda a sua humanidade, onde o homem “luta” com o soldado, devido ao amor que possui pela mulher amada, que além de ser jornalista, se encontra no outro lado do conflito, como oponente a essa guerra decretada por interesses acima da humanidade. Como não podia deixar de ser, o amor será mais forte, vencendo o “conflito” privado do casal, mas a imagem que Coppola nos oferece da Instituição Militar nesse período e os laços que ligam os seus membros, surge como um dos temas da película.

"O Regresso do Cavalo Negro"
(1983)

Mas será a segunda história de amor, existente em “Jardins de Pedra” / “Gardens of Stone”, entre Jackie e Rachel, personagens interpretadas por D.B.Sweeney e Mary Stuart Masterson, (uma trágica “love story”), que servirá para Clell Hazard (James Caan) e Samantha Davis (Anjelica Huston) olharem o tempo que lhes resta de uma forma diferente, porque o amor que os une será sempre mais forte, do que as diferenças de opinião que os dividem, terminando a Instituição Militar por sair derrotada deste conflito quotidiano, invasor de tantos lares americanos, durante o período da guerra do Vietname.

"O Rei da Evasão"
(1982)

5. - Francis Ford Coppola tinha regressado, definitivamente, ao interior da indústria e, com o apoio precioso de George Lucas, decide levar ao grande écran a história de um grande visionário que, tal como ele, foi simplesmente triturado pelo sistema porque tinha sonhado demais e no mundo em que vivemos os sonhadores perderam sempre a partida.

A história de Preston Tucker, um visionário do mundo automóvel, que após o fim da Segunda Guerra Mundial decide criar o carro do futuro, indo contra as companhias “institucionalizadas” é, na verdade, o espelho perfeito onde o cineasta se revê. Ao realizar “Tucker – The Man and His Dream”, Francis Ford Coppola estava a escrever a sua própria história no universo do cinema.

"Juventude Inquieta"
(1983)

“Tucker” contou com um Jeff Bridges no seu melhor e o discurso final feito por este, em pleno tribunal, em que lhe é negado o direito da construção em série do seu modelo, é na verdade um discurso do próprio cineasta através da voz de uma personagem, seu alter-ego por excelência. Desta forma Coppola, através da sua arte e saber, trava o seu derradeiro combate com a Indústria, triunfando em toda a linha.

O denominado filme de “sketches”, muito praticado nos anos 60/70, do século passado, na Europa, respectivamente em Itália e França, começou a ser olhado com interesse pelo cinema norte-americano e a decisão das produtoras de Woody Allen e a de Steven Spielberg de realizarem conjunto um filme tendo por tema a cidade de Nova Iorque, não se fez esperar, nascendo assim “New York Stories”/”Histórias de Nova Iorque”. Recorde-se que Paris já tinha servido de tema a um conjunto de cineastas franceses, dando origem ao famoso “Paris vu par”., muito antes do badalado “Paris, Je Táime”.

"Cotton Club"
(1984)

Os cineastas seriam Steven Spielberg, Francis Ford Coppola e Woody Allen, mas Spielberg acabou por ser obrigado a abandonar o projecto e seria Martin Scorsese o escolhido para o substituir (2). Francis Ford Coppola é o responsável pelo segundo episódio “Life Without Zoe”, cujo argumento é da autoria da então desconhecida Sofia Coppola, que também foi a responsável pelo guarda-roupa. E se Sofia Coppola hoje faz parte de um determinado universo cinematográfico, na altura passou completamente despercebida e o pior ainda estaria para vir. Na realidade, as aventuras mágicas de Zoe, filha de um célebre flautista, a viver a vida como se ela se tratasse de um conto de fadas, representa a ligação perfeita de dois universos cinematográficos distintos, embora haja neles esse lado familiar chamado Coppola.

Quando dizemos que o pior ainda estava para vir para Sofia Coppola, estamos a falar de “O Padrinho III”/”The Godfather III”. Mas voltemos um pouco atrás. A Paramount pretendia dar continuidade à saga da família Corleone e Mario Puzo e Francis Ford Coppola decidiram avançar com um novo argumento, retratando o final da vida de Michael Corleone e a respectiva passagem do “testemunho”. E mais uma vez Al Pacino demonstrou ser o maior actor norte-americano vivo. Basta recordarmos a sua morte no final da película, possivelmente um dos mais belos momentos do cinema do cineasta, possuidora da solidão que o poder transporta sempre consigo.

"Peggy Sue Casou-se"
(1986)

O ambiente em Roma, onde se desenrolou a rodagem do filme, era no início um verdadeiro caos. A máfia “controlava” ao longe as filmagens da película, chegando-se até a falar que alguns elementos da organização participaram como extras, para controlarem o que se passava no interior da produção. Foi este o ambiente encontrado por Winona Ryder ao chegar a Roma para interpretar a personagem de Mary Corleone, a filha do poderoso Padrinho e poucos dias depois o inevitável esgotamento nervoso chegou. Johnny Depp, então seu “namorado”, ainda voou para Itália, mas de nada serviu a sua presença.

E foi assim que Francis Ford Coppola, desesperado, se virou para a sua filha Sofia e lhe disse que ela seria a nova Mary Corleone. O que se passou a seguir é de todos conhecidos; a crítica da especialidade saudou a película efusivamente, excepto a interpretação de Sofia Coppola. Basta consultar a imprensa da época, nacional ou internacional e o resumo é sempre o mesmo: “ a sua interpretação é um verdadeiro desastre”, depois os anos passaram, Sofia Coppola não voltou a estar à frente de uma câmara e preferiu ficar na retaguarda e seguir o caminho traçado pelo pai.

A sua primeira película, “As Virgens Suicidas”, recolheu o aplauso unânime da critica especializada e do público e rapidamente todos nos esquecemos da sua passagem pelo terceiro capítulo da saga “O Padrinho”.

"Jardins de Pedra"
(1987)

6. - Quando o motorista que conduzia a viatura onde seguia o cineasta F. W. Murnau se despistou, o Cinema perdeu um dos seus maiores génios e também o autor dessa obra intitulada “Nosferatu”. Anos mais tarde, a personagem criada por Bram Stoker na Literatura, seria adaptada por um outro génio do Cinema, de seu nome Tod Browning. O seu “Drácula” ficou famoso para a História do Cinema de Terror e é com profunda nostalgia, que recordamos o conde com a sua capa, um Bela Lugosi então no seu apogeu. Depois a “Hammer” Britânica tomou bem conta do mito e Christopher Lee foi um verdadeiro Drácula, o perfeito gentleman, sempre perseguido por esse temível caçador de vampiros interpretado por outro gentleman de seu nome Peter Cushing.

O mito do conde da Transilvânia chegara ao écran para ficar, aterrorizando as plateias de todos os continentes, ora era Roman Polanski que decidia jogar a comédia com o mito em “Por Favor Não me Morda o Pescoço” / “Dance of the Vampires” ou Werner Herzog que retomava a herança de Murnau e realizava um novo “Nosferatu, o Fantasma da Noite / “Nosferatu: Phantom der Nacht”, com um Klaus Kinski inesquecível, para já não falarmos dessa versão em “3D” assinada pela dupla Andy Wahrol/Paul Morrissey intitulada “Sangue Virgem para Drácula” / “Blood for Dracula” (exibida em Portugal em formato 2D, na sala do cinema Satélite.

"Tucker - O Homem e o Seu Sonho"
(1988)

Perante uma herança tão repleta de referências e estilos, foi com uma certa surpresa que se soube que Francis Ford Coppola iria realizar uma nova versão do Mito. O filme de Coppola é uma obra fiel à Literatura Gótica, não só porque optou pela fórmula “Bram Stoker’s Dracula” como título, mas também pela forma barroca como foi realizado, contando com um soberbo guarda-roupa da responsabilidade de Eiko Ishioka, ao mesmo tempo que entregava a direcção da segunda equipa ao seu filho Roman Coppola, o jovem cineasta de “GQ”.

Desta feita a Winona Ryder aguentou a pressão, talvez devido ao sentido tranquilo de Keanu Reeves perante a turbulência controlada de Gary Oldman, num Drácula cheio de maneirismos, no bom sentido do termo, já que também ele tenta retomar o mito do “gentleman”, perante a inocência da sua jovem “presa”. Já o Van Helsing interpretado por Anthony Hopkins terminou por fazer a diferença, em virtude de a sua personagem ser de tal intensidade que nos obriga quase a estar do lado das “trevas”, perante o duelo que se trava entre caçador e presa.

"New York Stories - Life without Zoe"
(1989)

Após o sucesso de “Bram Stoker’s Dracula”, Francis Ford Coppola falou em adaptar para o cinema o famigerado livro de Mary Shelly, “Frankenstein”, baptizado de “Mary Shelly’s Frankenstein”, mas seria Kenneth Brannagh a assinar a realização, remetendo-se Coppola para o papel de produtor. Os meios oferecidos a Kenneth Brannagh foram imensos, mas o actor/realizador não conseguiu atingir o nível de Francis Ford Coppola em “Bram Stoker’s Dracula”, apesar de contar com o sempre excelente Robert de Niro, a interpretar a personagem criada por Mary Shelly.

Quando Francis Ford Coppola assinou a feitura de “Jack” com Robin Williams no protagonista, muitos pensaram que o cineasta se tinha enganado no “plateau”. A história de uma criança que possui envelhecimento precoce, embora tenha apenas dez anos no B.I., num corpo de quarenta anos, surpreendeu tudo e todos. “Jack” terminou por se transformar mais num veículo para Robin Williams brilhar, do que um novo filme do grande cineasta, surgindo assim na sua filmografia como o tal filme menor, mas que é importante reavaliar.

"O Padrinho: Parte III"
(1990)

O que se iria seguir na carreira de Francis Ford Coppola, após a recepção fria de “Jack”, era na verdade uma incógnita, mas ele regressou em grande forma com “The Rainmaker” / “O Poder da Justiça”, uma obra baseada num romance de John Grisham, então muito em voga e com inúmeros livros adaptados ao cinema, sendo o “Dossier Pelicano” e “A Firma” os mais famosos. A simplicidade do argumento de “The Rainmaker” esconde uma série de linhas transgressoras, que fizeram desta obra do cineasta um ponto de referência, embora esquecido pela maioria dos espectadores de cinema.

“O Poder da Justiça” / “The Rainmaker” trata da história de um jovem advogado que, ao lidar com pequenos casos, irá mergulhar na descoberta de uma teia elaborada por uma poderosa companhia de seguros, que não olha a meios para atingir os seus fins. O jovem advogado é protagonizado por Matt Damon, numa das suas melhores interpretações, ao lado de um Danny de Vito que não deixa o seu saber por mãos alheias, criando ambos uma dupla inesquecível.

"Drácula de Bram Stoker
(1992)

7. - As vinhas que o cineasta possui em Napa no norte da Califórnia foram, muitas vezes, o seu seguro de vida e após o nascimento do dvd e dos filhos andarem já pelos seus próprios pés, cinematograficamente falando, acabaram por levá-lo a repensar o cinema e a sua memória.

Não nos esqueçamos do seu papel, por vezes tão ignorado como distribuidor e responsável do restauro do épico de Abel Gance, “Napoleon” / “Napoleão”, ao qual foi adicionada música da autoria do seu pai Carmine Coppola. Ao mesmo tempo que permitia a Goddfrey Reggio a realização desse sonho intitulado “Koyaanisqatsi” e “Powaqqatsi” oferecendo, desta forma, um novo universo ao documentarismo.

"Frankenstein de Mary Shelley"
(1994)

Por outro lado constituiu dupla com George Lucas para conseguir o apoio necessário para que Akira Kurosawa levasse a bom porto o seu “Kagemusha”/”A Sombra do Guerreiro” e Paul Schrader concluísse com sucesso o seu “Mishima”. Sem o apoio financeiro de Francis Ford Coppola e George Lucas, estes dois projectos cinematográficos nunca teriam visto a luz do dia, acabando por ser também eles os responsáveis pela distribuição das duas películas. Estes dois cineastas cinéfilos acabariam por participar na divulgação de “Hitler” e “Parsifal” de Syberberg na América, assim como da filmografia de Jean-Luc Godard, que ambos admiravam.

O sucesso do dvd levou Francis Ford Coppola a ocupar-se da sua obra e tendo em conta todo o material que ficou na mesa de montagem de “Apocalypse Now”, incluindo uma mítica sequência passada na plantação francesa, decidiu fazer uma nova versão, que terminou por ser um filme bastante diferente do anterior, já que novas direcções são apontadas e novas questões colocadas. Se o primeiro “Apocalypse Now” é um filme acerca da Loucura da Guerra, já “Apocalypse Now Redux” é uma obra sobre a Guerra do Vietname. A sequência da plantação é fundamental para alterar a leitura do filme, ao mesmo tempo que o discurso colonialista inevitavelmente surge datado.

"Jack"
(1996)

Mas o que poucas pessoas sabem é que quando “Apocalypse Now” surgiu no Festival de Cannes, possuía duas versões para o final, tendo ambas sido exibidas no famoso Festival de Cinema: na primeira Willard (Martin Sheen) liquida o “rebelde” Coronel Kurtz (Marlon Brando), mas fica no “santuário” ocupando o seu lugar; já a segunda versão que é a que todos conhecemos, Willard (Martin Sheen) regressa à “civilização”. Na sessão a concurso foi apresentado o primeiro final, conhecido como o favorito do cineasta, que acabaria por conquistar a Palma de Ouro do Festival. Aliás, na conferência de imprensa dada após a projecção da película, Francis Ford Coppola diria que “gosto deste fim. Há pessoas que querem que se dê ao público uma conclusão agradável, antes de o mandar para casa. Mas, honestamente, o meu fim é este.” Mas no dia seguinte no Olympia passou a versão que é conhecida de todos. Curiosamente Francis Ford Coppola não esteve presente na segunda exibição do filme, onde era apresentado o outro final, declarando que não iria estar presente porque não apreciava aquela versão.

Porém, nesta “coisa” de finais, não ficámos por aqui, porque logo na estreia da película nos Estados Unidos da América o cineasta, após duas semanas de exibição, retirou a sequência final em que se via o bombardeamento do “Santuário” do Coronel Kurtz ao som de “The End” dos Doors, devido às leituras que foram feitas por muita da crítica da especialidade e de algum público. Essa mesma versão foi a que passou durante anos nas nossas salas de cinema e em toda a Europa e nunca me poderei esquecer do desalento que tive ao verificar que ela estava cortada em “Apocalypse Now Redux”.

"O Poder da Justiça"
(1997)

Francis Ford Coppola continuou a cuidar da edição da sua obra cinematográfica para o mercado de dvd e a beleza da edição em dvd de “One From The Heart”/”Do Fundo do Coração” ou da saga de “O Padrinho”/”The Godfather” com extras fabulosos, para além dos comentários do cineasta são verdadeiras preciosidades.

Em 2001 ainda deu uma ajudinha ao seu amigo Walter Hill na resolução de um “problema” chamado “Supernova”, um daqueles filmes de ficção-científica mal-amados à nascença, cuja acção decorre no século XXII, com James Spader e Angela Bassett nos protagonistas. O seu realizador inicial, Geoffrey Wright, despediu-se em conflito com a produção, depois os produtores chamaram Walter Hill para salvar o filme, tendo Jack Sholder também dado o seu contributo a este “filho bastardo”, mas seria Francis Ford Coppola o responsável pela derradeira montagem de “Supernova”, recordando certamente os tempos mágicos passados com Roger Corman.

Quanto à autoria da obra, ela iria ser mais um filme assinado por Alan Smithee, o tal cineasta inexistente, que assina as obras cinematográficas dos realizadores que recusam a paternidade dos filmes, porque não se reconhecem neles, tais são as interferências surgidas ao longo da produção, mas como a “existência” de Alan Smithee é “reconhecida” pela Indústria de Cinema Norte-Americana, a autoria de “Supernova” acabaria por ser dada a um inexistente Thomas Lee.

"Apocalypse Now Redux"
(1979/2001)

8 - O ano de 2007 iria surpreender o universo cinematográfico com o regresso de Francis Ford Coppola à realização. Partindo de um livro de Mircea Eliade, o cineasta irá escrever o argumento e convidar para protagonistas Tim Roth e a alemã Alexandra Maria Lara, não recorrendo desta forma a nomes sonantes de Hollywood.

Dominic Matei (Tim Roth) é um linguista que se encontra a escrever o livro da sua vida, mas que se encontra no célebre bloqueio do escritor, o que irá conduzi-lo a essa situação do tudo ou nada. E curiosamente o destino irá resolver o seu dilema, já que ao ser atingido por uma raio termina por rejuvenescer ficando com a bonita idade de 35 anos. Por seu lado a equipa médica que o assiste no hospital não encontra explicação para o que está a suceder com ele.

Ao sair da unidade hospitalar decide prosseguir o seu trabalho e quando encontra uma jovem mulher que lhe faz recordar a sua falecida esposa, sente que a juventude está de regresso. Mas a sua convivência com a jovem, que durante as noites vive outra existência, falando línguas desconhecidas, irá levá-lo a conviver com uma situação estranha, já que ela à medida que o tempo passa, começa a ser vítima de um envelhecimento precoce.

"Uma Segunda Juventude"
(2007)

Francis Ford Coppola com este projecto bastante bem diferente de tudo o que se produz actualmente em Hollywood, acabou por surpreender muitos, sendo a reacção da crítica da especialidade, bastante moderada, para não dizer negativa, levando o grande público a afastar-se do filme. No entanto o cineasta referiu em diversas entrevistas que ao realizar a película se sentia a viver como o protagonista, uma segunda juventude, sentindo-se livre dos constrangimentos da máquina de produção dos grandes Estúdios, ao mesmo tempo que prometia aos seus fans que uma nova obra estava para vir sendo “Uma Segunda Juventude” / “Youth Without Youth”, apenas o primeiro capítulo de uma obra que promete ser longa.

O cineasta entretanto decide deixar a América que o viu crescer, e fixar residência em Buenos Aires, para espanto de muitos, anunciando que se encontra a escrever um novo argumento, ao mesmo tempo que reafirma sentir-se livre como o vento e quando menos se esperava Francis Ford Coppola surge com uma nova película, intitulada “Tetro”, que se revela um filme sem vedetas do “Planeta Hollywood” e contando com Vincent Gallo no protagonista de um filme em que vamos conhecer a história do filho rebelde que foge da alçada do pai, um maestro dominador, refugiando-se nos bairros boémios de Buenos Aires.

"Tetro"
(2009)

Muitos viram neste argumento da autoria de Francis Coppola, alguns traços biográficos até então desconhecidos de todos, mas a obra, apesar da habitual genialidade do cineasta possui um argumento com falta de “carpintaria” e para resolver o problema Coppola recorre mais uma vez à montagem, mas a solução encontrada termina por não se revelar a mais acertada. Muitos dos fans dos filmes do cineasta ficaram perplexos com o que viram no grande écran e os resultados de bilheteira foram na verdade demasiado magros, obrigando-o certamente a reflectir um pouco no caminho que decidiu seguir.

E ao entrarmos na década seguinte começou a falar-se que Francis Ford Coppola iria levar ao grande écran o mais que famoso “On the Road” de Jack Kerouac e de imediato as expectativas foram enormes, mas depois a realização foi entregue a Walter Salles, surgindo Coppola apenas como produtor executivo e o filme, que até teve um “budget” de 25 milhões de dollars, revelou-se um enorme fracasso de bilheteira e da crítica, ficando aquém do valor investido.

"A Ilusão"
(2011)

O ano de 2011 era para esquecer já que ao realizar “A Ilusão” / “Twixt”, com Val Kilmer no protagonista e com um argumento que nasceu num sonho do próprio cineasta, e que o irá transportar ao seu ponto de partida como cineasta ou seja o cinema de terror nas produções de Roger Corman. Francis Ford Coppola vai-nos convidar a seguir o percurso de um escritor em declínio, Hall Baltimore (Val Kilmer), que numa tournée de divulgação da sua última obra literária se vê envolvido no assassinato de uma jovem, e nessa mesma noite será abordado por um fantasma chamado V (Elle Fanning), que lhe irá dar a perceber como a verdade dos acontecimentos ocorridos tem imenso a ver com a sua própria vida

Francis Ford Coppola, um dos maiores “movie-brats” do cinema e, em tempos passados, um dos “Mavericks” favoritos da indústria, deixou-nos uma obra que é urgente rever na sua totalidade, comparando movimentos de câmara, montagem, direcção de actores e fotografia, na sua interligação entre as diversas películas, fruto de um verdadeiro cinema de autor, que continuamos a descobrir em cada novo visionamento dos seus filmes.

Francis Ford Coppola

(1) - Antes de realizar “Dementia 13”, Francis Ford Coppola remontou e dobrou o filme russo “Sadko-C” de Alexander Ptouchko que seria rebaptizado de “The Magic Voyage of Sinbad”, depois seria a vez do cineasta russo Alexander Kosyr ver o seu filme “Nevo Zovet” ter o mesmo destino e receber o título de “Battle Beyond the Sun”. Mais tarde Coppola passaria a assistente de realização de Roger Corman em “Premature Burial”/”Enterrado Vivo” tendo de seguida escrito os diálogos de “The Tower of London”, irá ter também as funções de engenheiro de som em “The Young Racers” e finalmente, após toda esta aprendizagem digamos “tarimbeira”, dirige a segunda equipa de “The Terror”, sendo de referir que as quatro películas acabariam por ser assinadas por Roger Corman, tudo isto no espaço de ano e meio. Assim se trabalhava na famosa escola do Mágico Roger Corman!

(2) - Martin Scorsese, com o seu segmento “Life Lessons”/”Lições da Vida”, acabaria por realizar um dos seus mais belos e pessoais filmes de sempre, com um Nick Nolte fabuloso e uma montagem de Telma Schoonmaker digna de Oscar, a questão da influência do amor na criatividade do artista é abordado de uma forma sublime neste filme, o primeiro da trilogia de “New York Stories” / “Histórias de Nova Iorque”.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Francis Ford Coppola - (1939) foi o último dos "mavericks" de Hollywood sonhando com um novo universo cinematográfico através da sua Zoetrope Films, mas o sistema não lhe perdoou a ousadia e a vítima foi a sua película "Do Fundo do Coração" / "One From the Heart", um dos mais maravilhosos filmes da história do cinema.

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