segunda-feira, 31 de março de 2025

Peter Gabriel - "Peter Gabriel 1"


Peter Gabriel
"Peter Gabriel 1"
Charisma
1977

1 - Moribund the Burgermeister
2 - Solsbury Hill
3 - Modern Love
4 - Excuse Me"3:20
5.- Humdrum
6 - Slowburn
7 -Waiting For The Big One
8 - Down The Dolce Vita
9 - Here Comes The Flood

Peter Gabriel

Após o enorme sucesso do álbum "The Lamb Lies Down On Broadway" e de uma digressão que incluiu Portugal onde tocaram em Cascais a totalidade do duplo álbum e tendo oferecido como extra ou encore se preferirem esta expressão, ainda tivemos o fabuloso "Supper's Ready", mas depois Peter Gabriel abandona os Genesis e inicia uma carreira a solo e quando sai o seu peimeiro álbum, sem qualquer título, opção que seria continuad nas gravações seguintes. a música que os fans encontraram nada tinha a ver com a música dos Genesis, uma das mais importantes bandas do denominado "progressive rock".

"Peter Gabriel", o álbum, é simplesmente fabuloso e mais uma vez basta escutar as letras para reencontrarmos a poesia de Peter Gabriel que bem merecia ser editada em livro. Oálbum de estreia de Peter Gabriel a solo, datado do distante ano de 1977 pertence a esse lugar único onde figuram as obras.primas do rock!

Rui Luís Lima

Peter Gabriel
"Down The Dolce Vita"

Edgar Allan Poe - "William Wilson"


Edgar Allan Poe
"William Wilson"
in "Ficções - Revista de Contos nº.1"
Tinta Permanente

A "Ficções - Revista de Contos" publicada em formato de livro. de periocidade semestral e dirigida por Luísa Costa Gomes, foi uma das mais belas aventuras editoriais havidas neste país. Os "contos" ou "short-stories", se preferirem este termo, agradecem e lamentam ter terminado. A ausência de contos publicados na Imprensa deste país à beira mar plantado é o triste retrato do país em que vivemos. Basta eliminarem um dos milhares de artigos de opinião publicados diariamente e usarem o espaço para publicarem um conto.

Edgar Allan Poe apenas viveu quarenta anos, depois de ter tido uma vida bem atribulada. Aos dois anos a sua mãe uma actriz inglesa que emigrara para os Estados Unidos da América morre tuberculosa, quando ele tinha apenas dois anos, já as suas relações com o pai foram sempre muito dificeis,especialmente depois de ter sido expulso de West Point, sendo acolhido por uma tia e começando a escrever poesia e contos, casando com a sua prima Vírginia.

Este conto intitulado "William Wilson" foi incluído no livro "Histórias do Grotesco e do Arabesco" em Dezembro de 1839, que reunia outros vinte e quatro contos, bem marcantes do génio do escritor.

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “Parque Jurassico” / “Jurassic Park”


Steven Spielberg
“Parque Jurassico” / “Jurassic Park”
(EUA – 1993) – (127 min. / Cor)
Sam Neil, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough, Samuel L. Jackson.

No início da década de noventa, do século xx, a Academia de Hollywood reconhecia em Steven Spielberg um excelente “movie-maker” e um fabricante perfeito de “Blockbusters”, mas para ela o mago ainda não tinha chegado ao “ponto desejado” para ser reconhecido pelos seus membros. Como todos sabemos as decisões da Academia produzem sempre polémicas e basta citar o caso de Alfred Hitchcock, que nunca recebeu o Óscar para o Melhor Realizador enquanto esteve em actividade no meio cinematográfico, para ficar tudo dito e se falarmos nesse “maverick” chamado Orson Welles, então talvez a tinta se gaste por aqui….


Mas Steven Spielberg também achava que ainda não tinha chegado o momento para colocar a Academia entre a espada e a parede e ao adaptar o romance de Michael Crichton, “Jurassic Park”, decide levar ao grande écran a aventura dos dinossauros, através da história de cientistas que a partir de ADN tirado de insectos, que continha no seu interior sangue de dinossauro, devidamente preservado, têm a ambição de construírem um Parque Temático, no qual fosse possível ver como os famosos dinossauros, dominavam a face da terra.


Apostando, mais uma vez, na “Industrial Light and Magic” nos efeitos especiais, Steven Spielberg constrói um filme que se irá tornar no “Blockbuster” mais que perfeito, criando uma verdadeira história de terror provocada por cientistas, que perdem o controlo dos elementos que manipulam, ao mesmo tempo que mais uma vez o vector familiar, sempre tão característico dos seus filmes, surge em perfeita “harmonia”, com os elementos do período Jurássico.


Steven Spielberg com “Parque Jurássico” / “Jurassic Park” irá triunfar nas bilheteiras, mas a sua película seguinte iria mudar para sempre, a leitura que certa crítica de cinema fazia dos seus filmes, ao mesmo tempo que a Academia de Hollywood iria ser obrigada a dar a “mão à palmatória”, após a feitura e o sucesso estrondoso de “A Lista de Schindler” / “Schindler’s List”, a todos os níveis.

Rui Luís Lima

Vladimir Nabokov - "Lolita"


Vladimir Nabokov
"Lolita"
Páginas: 270
Teorema

Mal terminamos de ler a primeira página do mais célebre romance de Vladimir Nabokov, estamos perfeitamente perplexos com o diário de Humbert Humbert escrito na prisão, quando aguardava julgamento e como refere Guilhermo Cabrera Infante, ""Lolita" é sem dúvida o mais famoso romance pulicado na segunda metade do século XX".

Vladimir Nabokov
(1899 - 1977)

Nos dias de hoje alguns ainda falam nele, porque viram o filme de Stanley Kubrick, com James Mason a oferecer-nos uma das maiores interpretações da sua carreira, numa obra cinematográfica genial, mas a visão do filme não dispensa a leitura deste livro de Vladimir Nabokov, incontornável na história da literatura.

Rui Luís Lima

Norman Jewinson - “O Tempero do Amor” / “The Thrill of It All”


Norman Jewinson
“O Tempero do Amor” / “The Thrill of It All”
(EUA – 1963) – (108 min./Cor)
Doris Day, James Garner, Ariene Francis, Edward Andrews.

Este fabuloso filme de Norman Jewinson, passado mais de meio-século sobre a sua feitura, revela-se de uma actualidade incontornável, pois ele aborda precisamente esse território dos “famosos”, que ocupam as primeiras páginas da imprensa deste planeta, cujas vidas despertam o interesse de muitos que ambicionam um dia ser como eles.


Beverly Boyer (Doris Day) é a típica dona de casa norte-americana, casada com um conhecido médico que um dia é convidada para participar num espaço comercial na televisão, onde se anuncia um sabonete de forma bem cativante e rapidamente se torna famosa e conhecida do grande público, levando-a fazer cada vez mais anúncios, ao mesmo tempo que a sua vida matrimonial começa a sofrer pelas suas constantes ausências devido às inúmeras solicitações que lhe surgem. Recorde-se que a actriz Doris Day foi durante cinco anos a mais bem paga estrela de Hollywood, ao transportar para o écran a figura da típica norte-americana da classe média, onde milhões de mulheres se reviam.


O Dr. Gerald Boyer (James Gardner) termina por ver o espaço da sua própria habitação a ser invadido para a rodagem de mais um anúncio, sendo o seu belo jardim transformado em piscina, tal é a identificação que os espectadores televisivos têm com a vida quotidiana e familiar da sua esposa, sempre a quererem saber todos os pormenores e sentimentos que habitam nela e percebe que terá que usar toda a sua inteligência para arredar a esposa do universo dos famosos, que se encontra a conduzir o seu matrimónio para territórios bem movediços.


A forma inteligente como foi construído este argumento por Carl Reiner e a excelente realização e direcção de actores de Norman Jewinson, conduzem esta maravilhosa película intitulada “O Tempero do Amor” / “The Thrilll Of It All”, a esse território onde habitam as mais belas e incontornáveis comédias da Sétima Arte, sendo sempre se salientar a “química” existente entre Doris Day e James Gardner, que nos oferecem o seu enorme talento de forma inesquecível.

Rui Luís Lima

Calvin & Hobbes - "Plácidos Domingos" - Bill Watterson


Calvin & Hobbes
"Plácidos Domingos"
Autor: Bill Watterson
Páginas: 128
Gradiva

Após o enorme sucesso da série criada por Bill Watterson ao ser publicada nas páginas do jornal "Público" a editora Gradiva iniciou a publicação da série de banda desenhada em álbum, para grande satifação dos fans, em que se encontram "miúdos e graúdos", já que Bill Watterson nos reenvia até à nossa infância.

Rui Luís Lima

Andy Warhol - "The Twenty-Five Marilyns"


Andy Warhol
"The Twenty-Five Marilyns"
Serigrafia sobre acrílico sobre tela
205,7 x 169,5 cm.
Ano: 1962
Moderna Museet, Estocolmo.

Michael Mantler / Samuel Beckett - “No Answer”


Michael Mantler
“No Answer”
WATT Records
1974

Carla Bley – Organ. Clavinet.
Don Cherry – Trumpet.
Jack Bruce – Bass Guitar, Voice.

Musica de Michael Mantler
Letra de Samuel Beckett
(Words of Samuel Beckett from “How It Is”)

Samuel Beckett
(1906 - 1989)

Number Six
1 – Part One – 4:55
2 – Part Two – 4:50
3 – Part Three – 5:45
4 – Part Four – 2:05

Number Twelve
1 – Part One – 7:35
2 – Part Two – 4:05
3 – Part Three – 2:00
4 – Part Four – 2:55

Michael Mantler

Gravado entre Fevereiro e Julho de 1973 no Blue Rock Studio, New York, por Eddie Karvin. Jack Bruce gravou em Novembro de 1973, no Island Studio, London, por Frank Owen assistido por Richard Elen. Mixed em Março de 1974 por Eddie Karvin no Blue Rock Studio, New York. Design de Paul McDonough. Fotografia de Gregory Reeve, Jerry Bauer e Valerie Wilmer. Produção de Michael Mantler e Carla Bley. O álbum “No Answer” de Michael Mantler irá ser reeditado em cd duplo, em Fevereiro de 2002, acompanhado do álbum “Silence” de Michael Mantler e Harold Pinter, na Watt Records.

Rui Luís Lima

Lowell Sherman - “Glória de Um Dia” / “Morning Glory”


Lowell Sherman
“Glória de Um Dia” / “Morning Glory”
(EUA – 1933) – (74 min. – P/B)
Katharine Hepburn, Douglas Fairbanks Jr., Adolphe Menjou.


Poderíamos escrever várias páginas sobre este filme realizado por Lowell Sherman em 1933, numa época em que o sonoro se impunha à Arte do Mudo e nunca é demais recordar que nesses anos os actores do Teatro viam Hollywood como o “El Dorado”, aliás Katherine Hepburn foi precisamente uma dessas actrizes, que foi de comboio de Nova Iorque para Hollywood e ía tão fascinada com a paisagem que fez a viagem muitas vezes com a cabeça de fora da janela e assim quando chegou à Califórnia e se apresentou nos Estúdios para cumprir o contrato que tinha assinado, os responsáveis descobriram uma jovem com a cara coberta de picadelas de mosquitos.


Mas regressando a Lowell Sherman, que é oriundo de uma família de actores de teatro, que fizeram do palco a vida, decidiu também ele seguir a carreira de actor, transferindo-se depois para detrás da câmara com enorme sucesso e será por ser um profundo conhecedor do meio que este inesquecível "Morning Glory" / "Glória de Um Dis", forma uma bela sessão dupla sobre o universo do Teatro com a "Eve" / "Eva" de Joseph L. Mankiewicz, em que temos duas actrizes espantosas: Bette Davis e Anne Baxter, porque no filme de Lowell Sherman sentimos as batidas ritmadas do coração do Teatro através da espantosa e inesquecível interpretação de Katharine Hepburn, ao dar corpo e vida a uma jovem vinda da província em busca do sucesso, que possui um profundo conhecimento das peças e dos dramaturgos, mas é pobre, não tem agente, nem trabalho e passa fome, mas não desiste do seu sonho.


Será bem curioso observar que ela tem sempre a mesma roupa e assim a aspirante a actriz irá lutar até ao limite das suas forças por essa noite de Glória nos palcos, será recordada no dia seguinte, quando saírem as criticas nos jornais, mas muitas vezes esquecida para sempre dois dias depois, mas ela, Eva Lovelace (se não gostarem do nome, ela muda), teve a sua "Morning Glory" e nós com ela, porque nunca mais nos esqueceremos deste filme realizado por Lowell Sherman e interpretado por essa genial actriz chamada Kaherine Hepburn!

Rui Luís Lima

domingo, 30 de março de 2025

Brian Eno - "The Drop"


Brian Eno
"The Drop"
All Saints
1997

O álbum “The Drop” de Brian Eno oferece-nos mais um capítulo dessa matéria denominada pelo músico e compositor de "thinking music", através desse incontornável tema intitulado "iced world"!
Simplesmente genial e contemporâneo!

Rui Luís Lima

Brian Eno
"Iced World"

Bob Leman - "Loob"


Bob Leman
"Loob"
Magazine do Fantástico e Ficção Cientifica nº.5
(The Magazine of Fantasy and Science Fiction)
Matriz / Editorial Império

Bob Leman - (1922 - 2006) começou a escrever e a publicar quando já contava com a bonita idade de 45 anos, mas já era conhecido de muitos o seu interesse pelas "short-stories" e a ficção-científica em particular. O seu conto "Window" foi nomeado para o célebre "Nebula Awards" em 1980 na categoria de melhor "short story".

Rui Luís Lima

Planeta Mercúrio

«No entanto sou real, sou um ser humano que vive, respira e pensa, tão sólido e sensível como qualquer dos degenerados que me rodeiam. Por isso encubro este decrépito "travesti" da minha cidade natal, medito incessantemente sobre a minha existência impossível, sobre as semelhanças e diferenças entre este mundo e o meu, sobre uma explicação para a situação em que me encontro. E encontrei a explicação, encontrando assim alguma esperança. Só posso esperar e observar Loob.»

Bob Leman
in "Loob"

James Foley - “Sucesso a Qualquer Preço” / “Glengarry Glen Ross”


James Foley
“Sucesso a Qualquer Preço” / “Glengarry Glen Ross”
(EUA – 1992) – (100 min. / Cor)
Al Pacino, Kevin Spacey, Alex Baldwin,
Alain Arkin, Ed Harris, Jonathan Price, Jack Lemmon.

James Foley é um daqueles cineastas que desde sempre nos ofereceu nos seus trabalhos as linhas que definem um autor, bastando recordar “At Close Range” / “Homens à Queima-Roupa”, com Sean Penn e Christopher Walken, para percebermos como ele adora trabalhar com os actores, obtendo deles os melhores resultados, sempre a filmar à flor da pele, sem contemplações sentimentais e usando uma linguagem dura e pura.


“The Corruptor”/ “Corruptor” , outra das suas obras que juntou o então pouco conhecido Mark Wahlberg a Yun-Fat Chow, numa história de corrupção policial, transporta-nos até esses limites onde gosta de navegar. Em “Confidence” / “Confiança”, onde Edward Burns brilha ao lado desse actor espantoso chamado Dustin Hoffman, vamos conhecer o famoso jogo do gato e do rato, tão célebre no universo dos vigaristas. Mas o maior duelo de actores na obra de James Foley surgiu em “Glengarry Glen Ross”, baseado numa das peças mais conhecidas de David Mamet, que o próprio adaptou ao grande écran.


E neste “Sucesso a Qualquer Preço” / “Glengarry Glen Ross” (o nome das famosas fichas tão ambicionadas pelos vendedores), ele reúne um naipe de actores que nadam no filme como peixes na água, revelando todo o seu saber.


Vamos assim entrar nesse escritório de venda de terrenos e casas, num scope admirável, para descobrirmos que naquele lugar já nada é como dantes, as vendas correm mal e as fichas oferecidas pelo responsável do escritório, o metódico John Williamson (Kevin Spacey), já deram tudo o que tinham a dar, porque aqueles contactos estão todos “fora de prazo” e Shelley Levine (Jack Lemmon, numa interpretação memorável), já não é o famoso “Machine”, que todas as semanas tinha o seu nome no top de melhor vendedor da empresa. E será pela ineficácia das vendas naquele lugar que um dia surge, vindo da downtown, Blake (Alec Baldwin), que vai dar uma lição de vendas àqueles homens que outrora conheceram o sucesso e hoje se arrastam no telefone em busca de um comprador. A lição é muito mal recebida, mas o prémio que ele oferece, um caddilac, irá fazer com que todos se lancem num acto desesperado em busca de compradores e, claro, como Blake é cínico e mesquinho, o segundo prémio é um faqueiro.


Shelley (Jack Lemmon) está à beira do desespero, com um familiar doente no hospital e sem ter hipóteses de pagar as contas dos tratamentos e como todos sabemos os seguros de saúde nos Estados Unidos são implacáveis, já George (Alain Arkin) e Dave (Ed Harris) tal como Shelley só desejam deitar as mãos às fichas Glengarry Glenn Ross, porque ali existem nomes de compradores potenciais mas o manager do escritório, um Kevin Spacey sem contemplações, nega-lhes o acesso. Mas há um homem que não vira a cara à luta e esse homem chama-se Ricky Roma (Al Pacino), que ao saber que o prémio é um cadillac tenta convencer James Lingk (Jonathan Price), que ele conhece num bar, a comprar o terreno que ele precisa tanto de vender, percebendo desde o início que naquele homem casado e com uma boa situação financeira, existem desejos subterrâneos que ele tenta explorar, embora não saiba que quem controla a conta no banco é a esposa deste.


Se George e Dave só encontram como hipótese de sucesso o roubo das famosas fichas, já Shelley Levine decide entrar numa última batalha pelas vendas e aqui iremos descobrir um Jack Lemmon que veste a pele do vendedor com uma mestria espantosa. Por outro lado James Foley conduz o filme num crescendo de tensão até chegar esse dia em que se descobre que as famosas fichas foram roubadas e aqui entra a polícia que começa a interrogar todos os vendedores, porque todos são potenciais suspeitos. E será uma palavra, uma simples palavra que irá denunciar o autor, num dos momentos mais dramáticos da película.


Este naipe espantoso de actores oferece-nos uma das maiores lições de representação da Sétima Arte e rever este filme é, na verdade, entrar pela porta grande do cinema, porque embora parta de uma peça de teatro, James Foley oferece-nos de forma bem clara a linguagem do cinema numa obra que, vista na sala de cinema, nos prende desde o primeiro minuto (veja-se a entrada de Alec Baldwin logo no início), até chegar o famoso The End e o mesmo sucede quando revemos a película em dvd..


“Sucesso a Qualquer Preço” deixa-nos perfeitamente atordoados pelos socos que levamos no estômago ao longo do filme, sinónimo da genialidade de David Mamet que, em conjunto com James Foley e os protagonistas do filme, nos oferecem uma das obras mais espantosas do cinema contemporâneo norte-americano.

Rui Luís Lima

Georges Bernanos - "Diário de Um Pároco de Aldeia" / "Journal d'un Curé de Campagne"


Georges Bernanos
"Diário de Um Pároco de Aldeia" / "Journal d'un Curé de Campagne"
Colecção: Livros RTP - Biblioteca Básica Verbo nº.94
Páginas: 244
Verbo

George Bernanos
(1888 - 1948)

«Releio sem prazer estas primeiras páginas do meu diário. Claro, refleti muito antes de me decidir a escrevê-lo. Isso não me dá tranquilidade nenhuma.» (...) «Resolvi esta manhã não prolongar a experiência para além dos doze meses próximos.»

Georges Bernanos

Eric Rohmer - “A Padeira de Monceau” / “Le Boulangère de Monceau”


Eric Rohmer
“A Padeira de Monceau” / “Le Boulangère de Monceau”
(França – 1962) – (26 min. - P/B)
Barbet Schroeder, Michèle Girardon, Claudine Soubrier, Fred Junk.

Eric Rohmer é um dos nomes incontornáveis da cinematografia francesa, conhecido também por ser um dos cineastas mais “palavrosos”, porque para ele a palavra possui uma importância fundamental nos seus filmes, já que ele também é o argumentista de todas as suas obras cinematográficas. Todos os seus textos estão publicados em livro, seguindo essa estrutura de série com que ficou famoso: os contos morais, comédias e provérbios, contos das quatro estações.


Mas antes de se tornar cineasta, ele que era o mais velho dessa geração conhecida do mundo como Nouvelle Vague, iniciou a sua actividade como crítico de cinema em 1948 na Revue du Cinema, passando depois por outras publicações como Les Temps Modernes (1949), La Gazette du Cinema (1950), La Parisienne (1956-1959), Arts (1956-1959) e a célebre revista Cahiers du Cinèma (1951-1963) onde assumiu o cargo de chefe de redacção. Ficamos assim já com uma ideia da sua paixão pelo cinema. Por outro lado existe uma história curiosa sobre o seu nome. Eric Rohmer é um pseudónimo, já que o seu verdadeiro nome é Maurice Scherer, e a razão do nascimento do nome Eric Rohmer prende-se com o facto de ele pretender esconder dos seus pais a sua actividade de critico/amante do cinema.


Quando Eric Rohmer assinou “La Boulangère de Monceau”, o seu primeiro Conto Moral, já possuía no seu curriculum sete filmes, sendo o mais famoso “Le Signe du Lion”, tendo também assinado o argumento do filme de Jean-Luc Godard “Tous Les Garçons S’Appellent Patrick”. Com o seu primeiro conto moral, Eric Rohmer irá oferecer-nos o seu olhar sobre personagens que se cruzam na cidade de Paris, filmando sempre com uma intensidade as ruas e os seus actores, que irá ficar para sempre como uma das suas marcas de cineasta, porque Eric Rohmer é na verdade um dos maiores autores da História do Cinema.


“A Padeira de Monceau” oferece-nos desde o primeiro minuto esse olhar da Nouvelle Vague sobre o Cinema, com a câmara a seguir as personagens, como se também ela fosse uma personagem, ao mesmo tempo que a voz do narrador é uma presença constante.


Guillaume (Barbet Schroeder, que mais tarde se irá tornar um excelente cineasta, como muitos sabem) é um jovem estudante de direito que, como muitos da sua geração, faz a chamada vida de café e um dia decide meter conversa com a jovem Sylvie (Michelle Girardon), porque ambos se cruzam diariamente nas ruas da bela cidade das luzes e como não podia deixar de ser um convite para sair não se fez esperar. E embora ela tenha aceite encontrar-se com ele, acaba por faltar ao encontro, ao mesmo tempo que desaparece das ruas do bairro.


Guillaume fica perplexo com a ausência da bela Sylvie e começa a rondar as ruas do bairro onde se cruzava com ela, mas em vão. Mas, ao ir até à padaria desse bairro parisiense, termina por travar conhecimento com a bela empregada que ali trabalha. E assim, todos os dias, ali vai comprar as suas “sablés” e rapidamente simpatiza com a rapariga. A sua alimentação começara a fazer-se à base de bolos e “sablés”, aproveitando sempre essa ocasião para conversar com a bela padeira, até que um dia a convida para sair. Mas nesse fim de tarde, em que ele esperava por ela na rua, surge Sylvie, afinal moradora no prédio em frente à padaria, que tinha estado imobilizada em casa devido a uma queda e ele de imediato decide partir com ela para jantar, deixando para trás a bela padeira de Monceau. Seis meses depois casaram-se e por vezes até iam ao estabelecimento comprar pão, mas a padeira já não era a mesma.


Eric Rohmer oferece-nos assim, neste seu primeiro conto moral, uma bela história em que o desejo do corpo amado é substituído por outra rapariga na ausência da eleita mas, quando ela regressa à “vida”, tudo muda e a possível “traição” que habita o horizonte, rapidamente é esquecida.


“A Padeira de Monceau” revela-se assim uma pequena pérola cinematográfica, que nos oferece uma simples história do quotidiano de uma geração, em que muitos terminam por se rever.

Rui Luís Lima

Red Ryder - "Cavaleiro Ruivo - O Pequeno Órfão" - Fred Harman


Red Ryder
"Cavaleiro Ruivo - O Pequeno Órfão"
Arte:: Fred Harman
Argumento: Fred Harman
Mundo de Aventuras nº.s 379 a 385 - 1ª Série
Ano: 1956

Em Portugal o herói de Banda Desenhada "Red Ryder" criado por Fred Harman foi "baptizado" de "Cavaleiro Ruivo", como era norma na época. "Red Ryder" foi uma popular figura da banda desenhada norte-americana e as suas páginas dominicais surgiram em 6 de Novembro de 1938 atingindo as suas aventuras a publicação em 750 jornais atingindo a bonita soma de 14 milhões de leitores. As aventuras do "cow-boy" "Red Ryder" foram traduzidas em 10 línguas diferentes, sendo em Portugal um dos mais populares personagens do "far west" em banda desenhada, sendo o "Mundo de Aventuras" uma das muitas revistas que publicou este herói que teve "vida" até ao ano de 1964.

Rui Luís Lima

"Daniel Schmid - "Vários Autores


"Daniel Schmid"
Vários Autores
Páginas: 44
Cinemateca Portuguesa


Em Novembro de 1993 realizou-se uma retrospectiva do cineasta Daniel Schmid na Cinemateca Portuguesa em Lisboa e no Cinema Gil Vicente em Coimbra, tendo sido editado este catálogo com o alto patrocínio da Embaixada Suíça e a colaboração da Fundação Pro Helvetia, composto de um ensaio assinado por Rudolph Julia intitulado "O Rirual do Desejo" e textos críticos sobre os filmes do Daniel Schmid da responsabilidade de João Bénard da Costa, José Manuel Costa, Doris M. Traut, Michael Katz e José Navarro de Andrade, completando-se este catálogo com uma bio-filmografia do cineasta, para além do habitual calendário do ciclo que lhe foi dedicado.

Rui Luís Lima

Steve Kuhn - “Non-Fiction”


Steve Kuhn
“Non-Fiction”
ECM 1124
ECM Records
1978

Steve Kuhn – piano, percussion.
Steve Slagle – alto saxophone, soprano saxophone, flute, percussion.
Harvie Swartz – bass.
Bob Moses – drums.

1 – Firewalk (Harvie Swartz) – 8:00
2 – Random Thoughts (Steve Kuhn) – 8:08
3 – A Dance With The Wind (Harvie Swartz) – 5:48
4 – The Fruit Fly (Steve Kuhn) – 5:54
5 – Alias Dash Grapey (Steve Kuhn) – 11:57

Steve Kuhn

O pianista norte-americano Steve Kuhn demonstra mais uma vez neste belo "Non-Fiction" todo o seu saber ao liderar o seu quarteto rumo a mais um inesquecível trabalho discográfico, onde o talento e a criatividade andam de mãos dadas. Gravado em Abril de 1978, no Tonstudio Bauer, Ludwigsburg. Layout de Barbara Wojirsch. Cover Fotografia da capa do álbum de Klaus Frahm. Fotografia de Deborah Feringold. Producão de Manfred Eicher.

Rui Luís Lima

Tod Browning - “A Parada dos Monstros” / “Freaks”


Tod Browning
“A Parada dos Monstros” / “Freaks”
(EUA – 1932) - (64 min. - P/B)
Harry Earles, Daisy Earles, Wallace Ford, Olga Baclanova.

Tod Browning é um dos cineastas mais esquecidos da História do Cinema e, apesar da Cinemateca lhe ter dedicado um magnifico ciclo em 1984, incluindo um excelente catálogo, a sua obra continua a ser desconhecida de muitos.


Tendo iniciado a sua actividade como realizador em 1915, abordou durante o período mudo os mais diversos géneros, contando a seu lado com esse actor extraordinário chamado Lon Chaney. Mas seria já no sonoro que este homem, que nos deu a conhecer Bela Lugosi a vestir a pele de Conde Drácula, iria surpreender tudo e todos ao realizar “Freaks”, que entre nós se chamou “A Parada dos Monstros”.


O filme conta-nos a história de uma companhia de circo em que todas as personagens de carne e osso possuem as mais diversas deformações físicas. Como não podia deixar de ser, um filme destas características, apesar de ancorado no género de terror, teve imensas dificuldades em ser exibido, porque estávamos perante um universo que sabemos existir, mas ao qual muitas vezes viramos a cara e no entanto eles são tão humanos como nós e possuidores dos mesmos sentimentos, sejam eles amor ou ódio.


A controvérsia perante esta película foi tão grande no interior da MGM, uma das “Major” de Hollywood, que o próprio Irving Talberg teve que intervir, dando o seu aval ao filme de Tod Browning.


Iremos assim conhecer o anão Hans (Harry Earler) que gosta de Frieda (Daisy Earler), uma mulher da sua estatura, mas que vive eternamente apaixonado pela bela Cleópatra (Olga Bacianova), que não esconde o seu desprezo por ele, até um dia descobrir que ele é herdeiro de uma enorme fortuna. O sabor do dinheiro irá levá-la a seduzir e casar com o pequeno Hans, para depois o envenenar e ficar com a sua fortuna. Mas como muitas vezes o destino se escreve por linhas bem tortuosas, a sua sorte será bastante amarga, quando os seus antigos companheiros de circo descobrem o plano arquitectado.


Estamos assim perante um filme de terror, único no género, que foi muito mal recebido na época da sua estreia, embora hoje em dia pertença a essa galeria inclassificável dos “cult-movies”, onde convivem os filmes mais diferentes que se possam alguma vez imaginar.


A forma como Tod Browning filma o quotidiano das suas personagens é profundamente humana, mas também arrepiante, porque se recusa a encarar a diferença como uma anormalidade.


“Freaks” / “A Parada dos Monstros”, permanece um verdadeiro “ovni” na História da Sétima Arte, mas que merece bem ser recordada. Se desejarem conhecer o cineasta Tod Browning não deixem de descobrir os seus filmes do período mudo, com esse actor inesquecível chamado Lon Chaney.

Rui Luís Lima