segunda-feira, 29 de julho de 2024

Alfred Hitchcock - “Janela Indiscreta” / Rear Window”


Alfred Hitchcock
“Janela Indiscreta” / Rear Window”
(EUA - 1954) – (112 min. / Cor)
James Stewart, Grace Kelly, Raymond Burr.

Janela Indiscreta” / “Rear Window”, possui o mais belo beijo da História do Cinema, melhor ainda que o beijo apaixonadamente cínico de Cary Grant a Ingrid Bergman em “Notorius” / ”Difamação” e do que esse beijo, profundamente carnal, dado por Sean Connery a Tippi Hedren em “Marnie”.


Vamos fechar, para já, esta janela indiscreta e voltar um pouco atrás no tempo… no último ano do século xix, nasceu num bairro londrino, o terceiro filho de uma família modesta e católica, que foi baptizado de Alfred Hitchcock.

Desde muito cedo começou a interessar-se pelo cinema, principalmente o americano (Griffith, Chaplin) e por histórias policiais. Iniciou-se na Sétima Arte a desenhar os cartazes e os célebres intertítulos. Mais tarde, passou a argumentista e a assistente de realização. Quando o produtor Michael Bacon lhe perguntou se gostava de realizar um filme, o jovem Hitch respondeu que nunca tinha pensado nisso. Algumas semanas depois nascia "The Pleasure Garden”.


Como sabemos, todos os filmes nascidos do seu olhar são portadores da sua marca e um dia, com uma certa graça definiu desta forma a sua Arte, afirmando que “um cinema é um écran diante de uma quantidade de cadeiras que é preciso encher. Sou obrigado a fazer suspense. Sem isso as pessoas ficavam desapontadas”.

Nunca desapontou ninguém, mesmo quando trocou o Velho Continente pelo Novo Mundo, obtendo imediatamente o “Oscar” de Melhor Filme com o seu primeiro filme americano, produzido por David O’Selznick, o célebre “Rebecca”.


As suas películas sempre tiveram a adesão do público, mas algumas estiveram ausentes do circuito comercial, durante cerca de vinte anos, devido a questões de direitos. Foram elas “Janela Indiscreta”, “A Corda”, “O Terceiro Tiro”, “O Homem Que Sabia Demais” e “Vertigo”/”A Mulher Que Viveu Duas Vezes” e como James Stewart dizia no "trailer" de relançamento destes cinco filmes, “Rear Window é o meu preferido!”


Janela Indiscreta”/”Rear Window”, data de 1954, tinha como protagonistas James Stewart e Grace Kelly, a quem Alfred Hitchcock chamava “o vulcão debaixo do gelo”. Nesta película, figura o mais belo beijo da História do Cinema como já dissemos, quando Grace Kelly entra em casa de James Stewart e se debruça para o beijar num grande plano em ralenti; enquanto os seus lábios se tocam ardentemente, o cabelo dela desce docemente sobre o rosto dele.


Jefferies (James Stewart), fotógrafo de profissão, encontra-se imobilizado numa cadeira de rodas, com uma perna partida e o seu único passatempo é observar as casas dos vizinhos do prédio em frente. O seu instrumento de trabalho são uns binóculos e posteriormente uma teleobjectiva possuidora de um zoom quase mortal. Os seus jogos de olhar conduzem-nos ao desaparecimento de Mrs. Thorwald, o qual tinha sido cuidadosamente planeado pelo marido.


Devido ao seu estado de imobilidade é Lisa (Grace Kelly) a sua companheira inseparável, o agente no terreno, de toda a acção. E o olhar do espectador confunde-se com o da câmara, residindo aqui o segredo de Alfred Hitchcock. A questão que se coloca não é descobrir o autor do crime, mas sim como o apanhar na rede e encontrar o corpo desaparecido.


Lars Thorwald (Raymond Burr) é apanhado mas Jefferies (James Stewart), em vez de uma perna partida passa a ter duas, ao mesmo tempo que é “forçado” a conquistar uma esposa feliz, chamada inevitavelmente Lisa (Grace Kelly), que não resiste a continuar a ler a fascinante “Bazaar”!


Grace Kelly fez três filmes com Alfred Hitchcock: o primeiro "Chamada para a Morte" / "Dial M for Murder", em que representava a loura inocente vítima de uma tentativa de assassínio orquestrada pelo próprio marido (recorde-se que a obra baseada numa peça teatral possui uma versão em três dimensões), depois foi a consagração com este "Janela Indiscreta", até chegar a esse momento mágico intitulado "Ladrão de Casaca" / "To Catch a Thief", a mais divertida comédia de Hitchcock, onde a actriz surge possuidora de uma sensualidade perturbante, trazida já do anterior filme e depois foi esse desejo fatal de passear nas ruas do pequeno Principado do Mónaco, que a fez passar de Estrela de Cinema a Princesa.


Durante muito tempo, Grace Kelly desejou protagonizar um "come-back" cinematográfico e Alfred Hitchcock também o esperava, o filme eleito foi "Marnie" e os preparativos foram feitos, até que a voz do Príncipe falou mais alto. Grace Kelly foi obrigada a desistir do seu regresso à Sétima Arte. Ainda se falou numa consulta aos habitantes do Principado, para se saber se gostariam de ver a sua Princesa de regresso ao cinema, num filme de Alfred Hitchcock, mas tudo não passou de um desejo por realizar. Tippi Hedren foi a escolhida para protagonista, revelando-se como a fórmula mais próxima de Alfred Hitchcock rever Grace Kelly num filme seu. Desta forma Grace Kelly que inicialmente dissera que sim, acabaria por dizer não a uma das suas paixões; a mais célebre loura de Hitchcock terminava assim a carreira cinematográfica.


Hoje, tal como ontem, nenhum espectador de cinema fica indiferente a "Janela Indiscreta" / “Rear Window” considerado por muitos a obra-prima de Alfred Hitchcock ou uma das obras-primas do cineasta. Como todos sabemos é sempre difícil decidir entre este filme e "Vertigo" ou "Difamação" / "Notorius", embora a película preferida do cineasta seja "Mentira" / "Shadow of a Doubt".


Todos nos recordamos das inúmeras vezes que "Janela Indiscreta" / ”Rear Window” foi citado no cinema (Brian de Palma), ou os "falsos remakes" da película como sucede com "Olhos Indiscretos", mas a todos eles faltam os actores, porque James Stewart e Grace Kellysão foram únicos e depois há sempre esse saber, mais-que-perfeito, do Mestre do Suspense.

Rui Luís Lima

2 comentários:

  1. Alfred Hitchcock - (1899 - 1980)
    "Rear Window" / "Janela Indiscreta" é um dos mais célebres filmes da história do cinema e uma obra incontornável na filmografia de Alfred Hitchcock, que aqui eleva o seu famoso "suspense" ao seu ponto mais alto e depois temos sempre logo na abertura da película, o mais célebre beijo do cinema, dado por Grace Kelly a James Stewart. Vale a pena rever esta película imortal da sétima arte!

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