segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Sigourney Weaver - A Luz de uma Estrela!


Sigourney Weaver - A Luz de uma Estrela!

1. - Para muitos, Sigourney Weaver é a Ellen Ripley da célebre trilogia “Alien” sendo o seu nome conhecido de todos, mas quantos se lembram dela em “Annie Hall”, tal como esse outro actor que um dia entra no escritório de Woody Allen à procura de trabalho e cuja figura até fez tremer o cineasta da Big Apple, que depois lhe ofereceu o papel de assaltante no metropolitano nesse mesmo filme, certamente muito poucos. O actor era Sylvester Stalone e Sigourney Weaver, que até foi baptizada como Susan Alexandra, passou a sua prova de fogo no Oscarizado filme de Woody Allen, em que surgia como acompanhante de Paul Simon.

"O Ano de Todos os Perigos"

Quando Mel Gibson e o cineasta australiano Peter Weir decidiram levar a cabo “O Ano de Todos os Perigos” / “The Year of the Living Dangerously”, a escolhida para interpretar a principal personagem feminina foi Sigourney Weaver, discreta mas radiante e inflamando paixões.

"Alien - O 8º Passageiro"

No entanto, nessa época, poucos se lembravam dela como Star em “Aliens” do britânico Ridley Scott, ela que tinha sido o único sobrevivente da nave, para transmitir o pesadelo vivido. Ridley Scott ainda não tinha realizado o célebre “Blade Runner” / “Blade Runner: Perigo Iminente”, mas “Alien” começava a tornar-se um clássico do género.

"Os Caça-Fantasmas"

O nome de Sigourney Weaver começava a subir na tabela das estrelas de Hollywood e quando Ivan Reitman decidiu criar “Os Caça Fantasmas” / “Ghostsbusters”, todos deram por ela e o seu nome ficou associado ao espectacular êxito de bilheteira da película.

Desde muito cedo Sigourney Weaver se viu ligada às imagens do espectáculo já que o seu pai, Pat Weaver, foi Presidente da NBC e a mãe, a actriz Elizabeth Inglis, sacrificou a carreira pela família. Seria aliás o nome do pai que lhe iria abrir muitas portas, depois de terminada a sua formação na Yale Drama School

"Une femme ou deux"

New York iria ser a sua residência, como não podia deixar de ser e por lá participou na famosa “workshop” de Gene Lasko, onde deu nas vistas. Depois foi o silêncio até à estreia no cinema, onde a série “Alien” fez dela um verdadeiro Icon!

"Aliens: O Reencontro Final"

Depois da experiência de trabalhar ao lado de Gerard Depardieu, em “Une Femme or Deux” realizado por Daniel Vigne, James Cameron não hesitou em chamar a tenente Ripley para a sequela de “Aliens” e aqui vamos encontrar uma musculada Sigourney Weaver, com a sua equipa de comandos para atacar e liquidar de vez o terrível predador. Estamos assim perante um dos grandes filmes de acção no âmbito da ficção-cientifica.

"O Corpo e a Vida"

O nome da actriz estava decididamente lançado junto do grande público. Mais tarde foi a vez de “Half Moon Street” / “O Corpo e a Vida”, em que teve ao seu lado o sempre genial Michael Caine, situando-se a acção em Londres e interpretando a figura de uma jovem americana envolvida em intrigas terroristas. Mas esta película de Bob Swan, em que ela faz o retrato perfeito da mulher dos anos oitenta, não alcançou o sucesso merecido.

"Gorilas na Bruma"

Será com “Gorilas na Bruma”/”Gorilas in the Mist”, interpretando a antropóloga Dian Fossey, que o talento de Sigourney Weaver recebe o aplauso unânime da crítica e do grande público, o seu desempenho é simplesmente extraordinário, estando a par da excelente realização de Michael Apted.

"Uma Mulher de Sucesso"

Já “Working Girl”/ ”Uma Mulher de Sucesso”, uma deliciosa comédia desse cineasta de mulheres chamado Mike Nichols, demonstrou bem os atributos de Sigourney Weaver no difícil território da comédia, sendo o restante trio composto por Harrison Ford e Melanie Griffith.

"Os Caça-Fantasmas II"

Como as sequelas se tornaram moda em Hollywood e os executivos dos Estúdios começaram a ver nelas um negócio cheio de cifrões (veja-se só a verdadeira pilhagem a que é sujeita a memória do cinema pelos executivos do Estúdio, devido à falta de ideias originais), Ivan Reitman decidiu voltar a chamar os seus Caça-Fantasmas e fazer um “Ghostbusters II” / “Os Caça-Fantasmas II” e, como não podia deixar de ser, Sigourney regressou com eles.

"Alien 3 - A Desforra"

Mas os regressos não se iriam ficar por aqui já que, continuando esta lógica, o seu filme seguinte seria o “Alien 3 – A Desforra” do então desconhecido David Fincher, hoje em dia um dos nomes incontornáveis do cinema norte-americano. A perfeita atmosfera claustrofóbica, mas também filosófica, de que a película estava imbuída, tornaram-na como a antítese do filme realizado por James Cameron. Revelando-se Inesquecível a sequência final do filme de David Fincher em que Ripley a caminho do inferno ou redenção, se preferirem, olhando a morte que chega, num gesto derradeiro, acaricia a cria do Alien, que irá morrer com ela.

"Dave - Presidente Por Um Dia"

2. - Quando Ridley Scott decidiu empreender a aventura de Cristóvão Colombo e o seu descobrimento da América, foi Sigourney Weaver a escolhida para representar a Rainha Isabel. No ano seguinte, 1993, a actriz decide regressar à comédia na companhia de Kevin Kline construindo uma das mais deliciosas comédias de sempre em “Dave” / ”Dave – Presidente por Um Dia”, encontrando-se atrás da câmara o seu velho amigo Ivan Reitman, que consegue construir uma obra profundamente capriana tendo em conta a estrutura narrativa do filme e o próprio conteúdo do argumento

"A Noite da Vingança"

Mas se um dia alguém me perguntar qual o melhor filme de Sigourney Weaver, aquele em que ela demonstra todas as suas potencialidade e entra no corpo da personagem da forma mais intensa e criativa, só poderemos ter um nome e esse filme será sempre “Death and the Maiden” / “A Noite da Vingança” de Roman Polanski onde ela interpreta uma antiga presa política de um país da América Latina, casada com um dirigente progressista (Stuart Wilson) que também conheceu as atrocidades da ditadura e que um dia vê bater à sua porta para pedir auxílio um homem que os faz recordar o seu antigo carrasco (Ben Kingsley). Será ele o torturador?

Essa dúvida, que a irá atormentar, fará com que ela o sequestre a fim de obter a sua confissão, mas ao longo daquela longa noite em que tudo acontece: a luz falta, as comunicações estão cortadas e a chuva teima em cair, ela e nós ficaremos sempre na dúvida ou certeza de que a vítima encontrou finalmente o seu carrasco, que surge “indefeso” perante ela, revelando-se o marido um juiz de mãos atadas.

Esta espantosa actriz chamada Sigourney Weaver, possui neste filme uma das maiores interpretações da sua carreira.

"A Tempestade de Gelo"

Aqueles que leram a novela de Rick Moody, “A Tempestade de Gelo” irão perceber perfeitamente as razões porque Sigourney Weaver foi a escolhida para a adaptação cinematográfica levada a cabo por Ang Lee desta obra incontornável da Literatura Contemporânea. Mais uma vez a vamos encontrar ao lado de Kevin Kline em “The Ice Storm” / “A Tempestade de Gelo”, na companhia dessa outra grande actriz chamada Joan Allen.

Estamos perante a desagregação familiar tão característica desses anos 60/70, como tão bem retratou recentemente Robert Downey Júnior, numa entrevista, quando contou que aos sete anos fumou marijuana oferecida pelo pai. Como sabemos, nessa época era proibido proibir, mas após os excessos, os tempos mudaram radicalmente e como as sociedades são feitas de extremos nasceram os “yuppies” e os “workaolics”, para mais tarde surgir a mais famosa ideologia do século XXI, conhecida pelo belo nome de “politicamente correcto”.

Nesta película, cuja acção se passa em 1973, iremos também encontrar três nomes que hoje são bem conhecidos do grande público, Tobey Maguire (o famoso Homem-Aranha), Christina Ricci (dos filmes da Família Addams) e Elijah Wood (da trilogia de O Senhor dos Anéis). “A Tempestade de Gelo” / “The Ice Storm”, surge assim pela mão de Ang Lee como uma metáfora de uma outra tempestade, que desabou na vida de duas famílias, que viram o seu mundo ser estilhaçado e desaparecer para sempre.

"Alien: O Regresso"

3. - Muito antes de Jean-Pierre Jeunet pensar na sua “Amélie Poulain” e após o fim da sua colaboração com Marc Caro, o cineasta francês tentou a aventura americana com mais um capítulo da saga “Aliens”. Os Estúdios concordaram com o projecto e as personagens criadas por Dan O’Bannon foram ressuscitadas para mais uma aventura. Mas Ripley, como todos sabíamos, estava morta e a presença de Sigourney Weaver era fundamental, para o sucesso de bilheteira tão desejado pelos Estúdios Americanos. Assim os argumentistas não tiveram mãos a medir e mudaram a acção para 200 anos depois, criando um clone da temível Ripley, que desta forma irá continuar a sua luta interminável contra os temíveis e poderosos Aliens. Nascia assim “Alien: Resurrection” / “Alien: O Regresso”.

"O Mapa do Mundo"

O ano de 1999, marca de certa forma, a estreia do realizador Scott Elliot no grande écran, num filme intimista, passado na América profunda, onde vamos encontrar Sigourney Weaver e Julianne Moore. “A Map of the World” / “O Mapa do Mundo”, revela-se um filme espantoso de contenção e sofrimento das suas protagonistas, num daqueles casos de injustiça, que muitas vezes poderão levar falsos culpados às cadeias e mesmo que a sua inocência seja mais tarde provada, as marcas ficarão para sempre gravadas nas suas memórias.

A história de Alice Goodwin é uma dessas histórias e se Scott Elliott não chega àqueles momentos sublimes alcançados por Alfred Hitchcock em “The Wrong Man” / “O Falso Culpado”, onde Henry Fonda tem uma das suas maiores interpretações de sempre, oferecendo-nos o seu olhar de vítima inocente, em “A Map of the World” / “O Mapa do Mundo”, Sigourney Weaver consegue transportar não o silêncio de Henry Fonda, mas sim o seu grito de revolta e impotência resignando-se às regras do jogo do seu advogado para poder provar a sua inocência, embora a sua vida naquela comunidade esteja destruída para sempre pela mentira e mesmo quando a verdade é reposta, será inevitável recomeçar tudo de novo num outro local, regressando às suas origens citadinas e esquecendo essa falsa tranquilidade oferecida pela paisagem campestre.

"Matadoras"

Dois anos depois a actriz decide regressar à comédia, ao aceitar participar em “Heartbreakers” / “Matadoras” de David Minskin, ao lado de Jenniffer Love Hewitt. Esta dupla irá viver de “pequenas” golpadas: após contraírem matrimónio, conseguem obter rápidos divórcios e conquistarem grandiosas compensações materiais, mais conhecidas como heranças.

Um dos momentos inesquecíveis do filme é a caracterização de Gene Hackman nesse multimilionário tabagista incurável, assim como todo o diálogo de Sigourney Weaver no restaurante russo. Mas nada melhor do que descobrir a película e dar umas saborosas gargalhadas, porque a comédia é um género em constante evolução e um verdadeiro “tour de force” para muitos actores.

"A Vila"

Chegamos assim a esse polémico filme de M. Night Shyamalan, considerado por alguns o herdeiro de Alfred Hitchcock, mas quando a nós um cineasta que repentinamente vê o seu olhar cinematográfico confinado a um beco sem saída. “The Village” / ”A Vila” é um daqueles filmes que pretende no final surpreender o espectador, mas devido à forma como a acção se desenrola e a insistência do cineasta em fazer aparições à Hitchcock, leva a interrogarmo-nos sobre essa questão tão simples: será que Hitchcock tem herdeiros?

Alfred Hitchcock confessava que gostava de ter breves aparições nos seus filmes e a primeira vez que tal sucedeu foi porque o intérprete/figurante se atrasou e o cineasta disse “eu trato já do assunto” e fez assim a sua primeira aparição. Depois, como os espectadores ficaram deliciados com a sua presença, ele continuou mas, como confessou, tinha sempre o cuidado de surgir logo no início dos filmes, para que a atenção do espectador não ficasse “desfocada” da história e como alguns sabem, após a planificação cuidada do filme, Alfred Hitchcock achava o acto de filmar algo de “secundário”, mas regressando a “The Village” / “A Vila”, mais uma vez Sigourney Weaver dá conta do recado, apesar do “macguffin” do cineasta se encontrar bem distante da arte do suspense com que Hitchcock encantou plateias de todo o mundo.

"Exodus: Deuses e Reis"

Como muitas das actrizes da sua geração e não só, Sigourney Weaver oferece a sua voz ao cinema de animação e são inúmeros os filmes, desde “Wall-E”, passando por “A Lenda de Despereaux” e “À Procura de Dory”.

Por outro lado, em termos cinematográficos, a sua vida não pára e são inúmeros os filmes em que a temos visto, desde “Avatar” de James Cameron, passando pela comédia “Louco com a Liberdade” / “Crazy on the Outside” realizado pelo conhecido actor Tim Allen ou o filme histórico de Ridley Scott “Exodus: Deuses e Reis” / “Exodus: Gods and Kings” e até o universo do cinema de terror a teve como protagonista em “Red Lights – Mentes Poderosas” / “Red Lights”, ao lado de Robert de Niro.

"Caça-Fantasmas"

Como não podia deixar de ser também o pequeno écran a viu como estrela, a actriz não resistiu à chamada para ser uma das protagonistas da mini-série “Political Animals”.

Sigourney Weaver é uma daquelas actrizes cujo valor interpretativo é inquestionável. A sua presença numa película é uma mais-valia, para qualquer cineasta, por isso mesmo ela é uma das grandes estrelas do cinema e o brilho das suas interpretações é a verdadeira luz que ilumina o Cinema.

Rui Luís Lima

2 comentários:

  1. Sigourney Weaver é um nome incontornável no interior da interpretação, sendo os seus filmes um belo retrato da sua arte!

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