quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Kathleen Turner - The Last Femme Fatale!


Kathleen Turner - The Last Femme Fatale!

1. - Kathleen Turner, a célebre voz de Jessica Rabbitt, começou na Televisão na série “The Doctors”, mas seria com “Body Heat” / ”Noites Escaldantes”, que ficaria para sempre na memória dos cinéfilos, não só pelo regresso do “film noir” efectuado pelo cineasta/argumentista Lawrence Kasdan, mas também pelo renascimento da figura da “femme fatale”, sendo na verdade inesquecível a sua sensualidade ao lado de William Hurt, naquele verão tórrido, em que a morte rondava o paraíso.

"Noites Escaldantes" / 
"Body Love"

Depois, o pai do cineasta Rob Reiner (“Uma Noite com o Presidente”), Mr. Carl Reiner irá convidá-la para ser a “partenaire” de Steve Martin numa comédia louca, que passou despercebida no nosso país e intitulada “O Homem dos Dois Cérebros” / ”The Man With Two Brains”.

"O Homem dos Dois Cérebros" / 
”The Man With Two Brains”

Entretanto a star que fazia recordar a famosa vamp do cinema clássico acabaria por servir de inspiração ao cantor Falco, entretanto já falecido, nascendo a canção “The Kiss of Kathleen Turner”.

1984 irá revelar-se como o ano da sua consagração ao interpretar uma escritora de romances muito populares em todo o mundo chamada Joan Wilder, que nos conduzirá a duas películas: “Em Busca da Esmeralda Perdida” / “Romancing the Stone” e “A Jóia do Nilo” / “The Jewel of the Nile”, fazendo par com Michael Douglas e tendo sempre no seu encalço o talentoso Danny de Vito.

"Em Busca da Esmeralda Perdida" / 
"Romancing The Stone"

“Em Busca da Esmeralda Perdida” / “Romancing the Stone” realizado por Robert Zemeckis acabaria por proporcionar a Kathleen Turner o famigerado “Globo de Ouro”. E se compararmos as duas personagens interpretadas por ela nos filmes de Lawrence Kasdan e Robert Zemeckis, perceberemos de imediato que a Marty de “Body Heat” e a Joan de “Romancing the Stone” são obra de uma talentosa actriz.

"As Noites de China Blue" / 
"Crimes of Passion"

Como era inevitável, essa poderosa Nação que é Hollywood, tentou tipificar a sua carreira com “Crimes of Passion” / “As Noites de China Blue” de Ken Russel, oferecendo-lhe como par um Anthony Perkins, no seu pior, mas seria um dos grandes nomes da História do Cinema, que a voltaria a conduzir ao topo com essa obra-prima intitulada “A Honra dos Padrinhos” / “Prizzi’s Honor”. A comédia de John Huston é uma verdadeira obra-prima e nela voltamos a encontrar Kathleen Turner na excelente companhia de Jack Nicholson e Anjelica Huston.

"A Honra dos Padrinhos" / 
"Prizzi’s Honor”

Foi assim com naturalidade que a fomos reencontrar em “Peggy Sue Got Married” / “Peggy Sue Casou-se”, de Francis Ford Coppola, uma obra repleta de magia e amor pelas personagens, como só o cinema nos pode oferecer.

"Peggy Sue Casou-se" / 
"Peggy Sue Casou-se”

Quando Sting pensou numa carreira cinematográfica, Kathleen Turner surgiu ao seu lado em “Julia e Julia” / ”Giulia e Giulia” num papel dramático de grande contenção, para mais tarde nascer a tal voz repleta de sensualidade, no famoso filme de Robert Zemeckis, “Quem Tem Medo de Roger Rabbit?” / ”Who’s Affraid of Roger Rabbitt?”, nascendo assim essa figura inesquecível da animação que é Jessica Rabbitt, que deixava perfeitamente louco o nosso amigo Roger Rabbit!

"O Turista Acidental" / 
“The Accidental Tourist”

Lawrence Kasdan, ao adaptar para o grande écran o “best-seller” de Anne Tyler intitulado “O Turista Acidental” / “The Accidental Tourist”, decidiu trazer ao nosso convívio a dupla do seu primeiro filme e assim voltamos a encontrar o par Katherine Turner e William Hurt, num melodrama onde, muitas vezes, a comédia serve simplesmente de álibi à complexidade dos sentimentos e ao desejo de poder e posse do corpo amado, na longa luta que Sally (Kathleen Turner) e Muriel (Geena Davis) travam pela reconquista desse turista acidental chamado Malcolm Leary (William Hurt).

"A Jóia do Nilo" / 
"The Jewell of Nile"

2. - Se “A Jóia do Nilo” / “The Jewell of the Nile” era uma sequela de “Em Busca da Esmeralda Perdida” / “Romancing the Stone”, já “Switching Channels” / “Linhas Cruzadas”surge como um verdadeiro “remake” da famosa peça de Ben Hecht, levada ao grande écran por Howard Hawks, contando com Cary Grant e Rossalind Russell nos protagonistas, só que desta vez a acção se passa num canal de televisão e os protagonistas são Kathleen Turner, Burt Reynolds e Christopher Reeve.

"Linhas Trocadas" / 
"Switching Channels"

Christy Colleran (Kathleen Turner) é a melhor jornalista do canal e um dia irá fazer cair a tragédia sobre a estação de televisão ao decidir abandonar a sua vida profissional, para casar com o magnata Blaine Bingham (Christopher Reeve), mas o seu chefe John L. Sullivan IV (Burt Reynolds) tudo vai fazer para sabotar o matrimónio anunciado, utilizando a reportagem acerca de um inocente que se encontra no corredor da morte, a aguardar a chegada da hora para se sentar na cadeira eléctrica, como pretexto para ela adiar o matrimónio e conseguir o tão desejado “furo” jornalístico!

Conhecendo melhor do que ninguém a jornalista e sabendo o seu apetite por este género de notícias, ele irá fazer com que as “linhas sejam trocadas” e aquele futuro radioso que a aguardava acabará por se perder, a favor dessas reportagens que são a sua verdadeira razão de viver, o célebre “Scoop” que todo o jornalista adora conquistar um dia na sua carreira, sempre em permanente stress no intuito de ultrapassar a concorrência.

"A Guerra das Rosas" / 
"The War of The Roses"

Como se costuma dizer, não há duas sem três e foi isso mesmo que pensou Danny de Vito, ao reunir-se ao par Kathleen Turner e Michael Douglas para realizar o seu segundo filme “The War of the Roses” / ”A Guerra das Rosas”, uma daquelas histórias de paixão à primeira vista, que após o casamento irá mergulhar num ódio irracional.

Usando um humor negro, de uma enorme crueldade, a película de Danny de Vito, segue inicialmente a estrutura da sua obra anterior, a deliciosa comédia “Atira a Mamã do Comboio” / “Throw Momma From the Train”, mas desta vez foi demasiado longe, na mordacidade das situações nesta luta irracional dos Rose, o que poderá ter originado os fracos resultados de bilheteira.

"Detective de Saltos Altos" / 
"V. I. Warshawski"

Mas Kathleen Turner não parou e decide dar corpo a “V. I. Warshawski” / ”Detective de Saltos Altos”, uma comédia policial, em que o detective, para além de ser mulher, tem os “habituais problemas femininos”, que por vezes até podem causar danos, nas investigações em curso.

"Fronteira de Silêncio" / 
"House of Cards"

Já "House of Cards" / "Fronteira de Silêncio" com Tommy Lee Jones também como protagonista, revela-se um drama que aborda o desconhecido universo do autismo, em que uma mãe tudo irá fazer para penetrar na mente da sua filhar no sentido de a ajudar a descobrir o mundo que a rodeia.

"Extremamente Perigosos" / 
"Undercover Blues"

O seu desempenho nesta película ficou de tal forma na memória de Herbert Ross, que seria ela a escolhida para o hilariante “Undercover Blues” / “Extremamente Perigosos”, na companhia de Dennis Quaid e de um bebé que é uma verdadeira delícia. Entretanto Kathleen Turner, que começava a dividir o tempo entre o grande écran e a caixa que mudou o mundo, decide seguir as pisadas de Ida Lupino e realiza para a TV o filme “Leslie’s Folly” tendo como protagonistas Anne Archer e a famosa Mary Kay Place, oferecendo-nos o retrato de uma mulher de quarenta anos que vive insatisfeita com o mundo que a rodeia, desde a família aos amigos. Estamos perante um desses telefilmes que cativam o espectador, com a memória a transportar-nos até locais, pessoas e situações que nos são familiares.

"Paixões ao Luar" / 
"Moonlight and Valentino"

3. - Na área da animação a sua voz inconfundível continuou a animar os “cartoons”, seja a Jessica Rabbitt em novas aventuras do Roger Rabbitt, a Mom de “Bad Baby” (produção da Disney) ou a Clawdette de “Creepy Creatures”. um documentário para crianças, produzido pela National Geographic, sendo assim com naturalidade que a vamos descobrir nesse “movie women’s” de David Anspaugh intitulado “Moonlight and Valentino” / “Paixões ao Luar”.

"A Verdadeira Loura" / 
"The Real Blonde"

Tendo em conta que a comédia sempre foi um género em que a actriz se sentiu como peixe na água, iremos encontrá-la de uma assentada em “Simple Wish” / “Um Desejo Tão Simples”, “The Real Blonde” / “A Verdadeira Loura” e “Baby Geniuses” / “Os Sabichões”, onde dá provas de todo o seu saber e quando todos dizíamos que a época dourada de Kathleen Turner fazia parte do passado, eis que Sofia Coppola e “As Suas Virgens Suicidas” / “The Virgin Suicides” vieram provar precisamente o contrário, sendo memorável a sua interpretação da autoritária Mrs. Lisbon, digna de um Oscar!

Mary Kathleen Turner

James Woods, o inesquecível Mr. Lisbon, o tímido e “impotente” marido, perante a matriarca da família que a todos domina, impondo regras ferozes às suas cinco filhas, acabará pelo seu excesso de rigor por levá-las a todas ao suicídio, lentamente, como aquela árvore que morre, num subúrbio na América, mas que poderia também ser em qualquer parte do mundo.

"As Virgens Suicidas" / 
"The Virgin Suicides”

O filme de Sofia Coppola, ofereceu à filha de Francis Ford Coppola um estatuto de ”cult-directed”, que ela tem sabido gerir de uma forma muito inteligente, mas na realidade foi Kathleen Turner que ressuscitou para as primeiras páginas das revistas da especialidade, partindo logo após o fim da rodagem do filme para Londres, para regressar ao palco e surpreender o mundo de novo na pele da famosa Mrs. Robinson, a célebre personagem feminina de “The Graduate”, que Mike Nichols levou ao cinema, com Anne Bancroft e Dustin Hoffman nos protagonistas, tendo como banda sonora a música da dupla Simon & Garfunkel.

Após o estrondoso sucesso obtido pela peça, Kathleen Turner regressou aos Estados Unidos e decidiu participar no filme da amiga Sally Field, que dava os primeiros passos na realização, sendo uma das protagonistas de “Beautiful”, uma comédia feminina tão do gosto do “american way of life”, regressando mais tarde a outros territórios, ao lado dos sempre excelentes Harvey Keitel e Danny Aiello em “O Príncipe de Central Parque” / “Prince of Central Park”.


"O Príncipe de Central Park" / 
"Prince of Central Park"

Nesta película o “Príncipe de Central Park" é um sem-abrigo interpretado por Harvey Keitel, que irá recolher o jovem J.J. que fugiu de casa, em busca do paradeiro da mãe, terminando o jovem por descobrir na companhia deste excêntrico “Príncipe” e da sua amiga Rebecca (Kathleen Turner), também ela uma “outsider”, como o mundo é tão imperfeito que até dói o coração.

Com o nascimento do novo milénio iremos descobrir Kathleen Turner nas mais diversas séries de televisão, tais como: “Friends”, “Lei & Ordem” / “Law & Order”, “Nip/Tuck”, “Californication”, mas será no seu regresso ao cinema na película “Marley & Eu” / “Marley & Me”, baseado no best-seller de John Grogan, que muitos se irão recordar desta genial actriz, que assim regressou ao grande écran, para nos oferecer nestes últimos anos o seu talento de comediante tanto no cinema como na televisão.

Kathleen Turner

Kathleen Turner, que apenas foi nomeada uma vez, para o Oscar da Melhor Actriz, com a película de Francis Coppola, “Peggy Sue Got Married” / “Peggy Sue Casou-se”, permanece um nome inesquecível na História do cinema americano e foi decididamente “the last femme fatale”!

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Kathleen Turner (1954) foi a última "Femme Fatale" do cinema norte-americano e basta recordar a sua interpretação em "Noites Escaldantes" / "Body Love", ao lado de William Hurt com realização de Lawrence Kasdan (que se estreava na realização) para este título ser bem aplicado, mas depois temos a sua voz sensual, que ficou bem patente quando ofereceu a sua voz em "Quem Tramou Roger Rabbitt" / ”Who’s Affraid of Roger Rabbitt?” realizado por Robert Zemeckis, que juntava personagens animadas com pessoas "de carne e osso". São na verdade inúmeros os filmes em que ela surgiu como intérprete demonstrando a sua versatilidade para todos os géneros cinematográficos, desde a comédia, ao melodrama passando pelo policial. Kathleen Turner é na verdade uma das maiores estrelas de cinema que bem merce ser recordada.

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