Marcel Proust
"Correspondance"
Páginas: 382
Flammarion
Quando se fala de Marcel Proust, de imediato o tema é essa obra incontornável intitulada “Em Busca do Tempo Perdido”, que lhe ocupou o tempo de uma vida. Mas, desde muito cedo, Marcel Proust nutriu um profundo prazer em escrever cartas. E quando dizemos desde muito cedo referimo-nos a essa época em que, ainda criança, ele escrevia cartas à sua avó materna. Depois, numa actividade incessante ao longo da sua vida, ele escreveu aos amigos, à família, aos editores e até aos inimigos, sempre que conhecia as suas posições negativas sobre os seus escritos, em defesa da sua obra literária. Será sempre de recordar que o célebre editor Gaston Gallimard recusou a publicação do primeiro volume da sua obra imortal “À la Recherche du Temps Perdu”.
Ao longo da vida ele foi um leitor atento do “Le Fígaro”, onde por diversas vezes surgiram as suas crónicas. Conhecedor profundo da sociedade de então, ele foi na verdade um mestre da palavra escrita e será o americano Philip Kolb, apaixonado pela sua obra, que irá editar a sua correspondência, devidamente anotada, numa obra extensa de vinte e um volumes, ao longo de vinte e três anos. Este trabalho maravilhoso de Kolb irá ocupar parte da vida do investigador americano, apaixonado por Paris e pela obra do escritor, que reuniu milhares de cartas de Marcel Proust.A sua leitura oferece-nos o retrato perfeito de Proust e da sua obra literária, porque nelas ficamos a saber como nasceram muitas das personagens que vivem “Em Busca do Tempo Perdido”, ao mesmo tempo que descobrimos a sua vida e a sua viagem pela literatura.
A editora “Flammarion” publicou, no célebre formato “livre de poche”, uma edição da sua correspondência, tendo neste caso como responsável Jérôme Picon, que nos oferece uma selecção dessas mesmas cartas, mais de uma centena, uma verdadeira viagem pela vida do escritor. Com um excelente ensaio introdutório e devidamente anotada, ao lermos este livro de cerca de 400 páginas ficamos profundamente fascinados pelo mais célebre escritor francês e quando concluímos a leitura de imediato abrimos um dos volumes da “Recherche” e partimos para Combray.
Rui Luís Lima
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