Tony Scott
"Imparável" / "Unstoppable"
(EUA – 2010) – (97 min. / Cor)
Denzel Washington, Chris Pine, Rosario Dawson, Kevin Dunn, Ethan Suplee.
Os britânicos Tony Scott e Ridley Scott marcaram ao longo dos anos o cinema contemporâneo com o seu estilo inconfundível e se alguns não gostam deles, nós por aqui somos fans dos seus filmes. E a derradeira película assinada por Tony Scott, o excelente e incisivo “Imparável” / “Unstoppable” possui uma eficácia narrativa memorável, ao levar ao grande écran a história verídica ocorrida em 2001 nos Estados Unidos da América de um comboio de mercadorias descontrolado, com matérias altamente inflamáveis (combustível e gás venenoso), rumo aos subúrbios de Filadélfia.
Curiosamente se Ridley Scott tem eleito como o seu actor preferido o australiano Russell Crowe, já o seu irmão Tony Scott optou, com enorme sucesso, pelo contributo sempre excelente do actor norte-americano Denzel Washington, que mais uma vez dá bem conta do recado em “Unstoppable”.
Tony Scott começa o seu último filme por, no início da película, introduzir o espectador no interior da vida familiar de cada um dos protagonistas, ambos a trabalharem numa companhia ferroviária e de imediato nos apercebemos como eles são dois homens comuns.
Frank (Denzel Washington) é um viúvo com duas filhas adolescentes e com uma carta de dispensa (ou se preferirem despedimento) da companhia onde trabalha há vinte e oito anos, já Will (Chris Pine) vive com o irmão depois do tribunal o proibir de se aproximar da casa da esposa, encontrando-se impedido de ver o filho. Por outro lado o ambiente laboral não é o melhor com o desemprego a rondar os mais antigos maquinistas.
Frank e Chris, que nem morrem de amores um pelo outro. irão trabalhar juntos nesse dia e quando tudo parece decorrer normalmente, para além de algumas pequenas questiúnculas, são alertados para a existência de um comboio descontrolado, sem maquinistas, com materiais inflamáveis a bordo, que se dirige na mesma linha onde eles se encontram, a uma velocidade superior ao normal.
Apesar de todos os esforços despendidos pelos controladores das vias para fazer parar o perigo que se aproxima da cidade, a composição torna-se imparável aumentando a sua velocidade à medida que o tempo passa e serão estes dois maquinistas que, contra todas as ordens em contrário dos seus superiores hierárquicos, irão tentar impedir o desastre iminente.
Tony Scott, após nos introduzir na vida familiar dos dois protagonistas de forma perfeita, como referimos no início, irá incidir a sua acção na luta travada por todos para impedir a catástrofe que se anuncia e a forma como ele nos oferece os acontecimentos, quase em tempo real e as opções que toma na filmagem da poderosa composição em movimento imparável possui um rigor absoluto.
Ao vermos “Imparável”, a memória evocou-nos esse maravilhoso filme da autoria de Andrei Konchalovsky intitulado “Comboio em Fuga”, com Jon Voigt e Eric Roberts nos protagonistas, sendo curioso vermos como foram bem diferentes a forma como os dois cineastas retrataram o movimento do conhecido “cavalo de ferro”, já que se trata de dois realizadores de escolas bem diferentes, mas cuja eficácia e genialidade ficaram bem patentes em ambas as películas.
“Imparável” de Tony Scott afigura-se como um dos melhores trabalhos do cineasta de “Déjà Vu”, que aqui revela uma eficácia e uma contenção na forma como trabalha o material cinematográfico em todas as suas vertentes. Após o final do filme, só poderemos dizer: Isto é Cinema!
Rui Luís Lima
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