Carl Th. Dreyer
“Vampiro” / “Vampyr”
(Alemanha/França – 1932) - (83 min. – P/B)
Julian West, Maurice Schutz, Rena Mandel, Sybille Schmitz.
O primeiro filme sonoro de Carl Dreyer, realizado em 1932, só seria totalmente recuperado perto do final do século XX, através de cópias encontradas nas mais diversas paragens, sendo possível que este “Vampiro”, bem diferente do célebre “Nosferatu”, de F. W.Murnau, permaneça uma obra incontornável da Sétima Arte, podendo até filiar-se numa certa “avant-garde”, devido não só aos diversos planos do filme, como à fabulosa fotografia de Rudolph Maté, que nasceu de um puro acaso (uma deficiente iluminação em alguns planos) e que depois foi adoptada pelo famoso director de fotografia, impondo os seus cinzentos.
Depois temos os efeitos especiais, recordo que estamos em 1932 e o sonoro ainda é uma criança a dar os seus primeiros passos, aliás bem visível no filme em algumas sequências que vão beber à famosa estética do mudo, nessa época em que ele tinha atingido o apogeu. Mas dizia eu que os efeitos especiais são memoráveis, especialmente quando o corpo do protagonista o deixa sentado no banco do jardim e parte ao encontro de si próprio, para descobrir o caixão onde permanece a dormir, esperando pela chegada da hora em que a terra o irá cobrir e aqui navegamos decididamente na estética surrealista, aliás a forma como as sombras vagueiam em diversos planos são fruto disso mesmo.
Por fim, temos o nosso herói que irá dar o seu sangue para salvar a rapariga possuída pelo vampiro, sangue esse que lhe será tirado por esse estranho médico que só visita os seus doentes de noite, a mando do senhor das trevas, em busca das suas vítimas. Mas desta feita ele irá ter um oponente de peso no jovem Allan Grey (Julian West), que acompanhado do criado, seu aliado, irá abrir o caixão onde o vampiro se encontra para o criado lhe espetar a famosa estaca no coração e assim libertar a rapariga que se encontrava em seu poder. Curioso a estaca ser de ferro e não de madeira, como será no futuro usado nos filmes de vampiros, para além do célebre alho!
Ao revermos nos dias de hoje esta obra-prima da Sétima Arte, em cópia restaurada, só podemos afirmar que “Vampiro” / “Vampyr” de Carl Dreyer é um marco incontornável num dos géneros mais populares do cinema: o filme de vampiros!
Rui Luís Lima
Carl Th. Dreyer - (1889 - 1968)
ResponderEliminarClassificação: 5 estrelas (*****)
Estreia Mundial: 6 de Maio de 1932 - Alemanha.