sábado, 5 de abril de 2025

Stanley Kubrick - “2001 – Odisseia no Espaço” / “2001: A Space Odyssey


Stanley Kubrick
“2001 – Odisseia no Espaço” / “2001: A Space Odyssey
(EUA/Inglaterra - 1968) – (140 min. / Cor)
Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Daniel Richter.

Passado quase meio-século sobre a estreia de “2001: Odisseia no Espaço”, a película de Stanley Kubrick permanece como o mais maravilhoso e perfeito filme de ficção-cientifica até hoje realizado.


Rodado no mais profundo segredo com a colaboração de técnicos da Nasa, o cineasta irá oferecer-nos uma história profundamente visual e musical (baseada no livro de Arthur C. Clarke), desde os primórdios do planeta azul como refere no início, ao assistirmos à famosa alvorada, para depois descobrirmos uma tribo de símios que vive na terra.


Iremos assim assistir à sua vivência, com o inevitável terror das noites e as lutas pela posse do território. Mas um dia tudo irá mudar quando surge um estranho monólito negro no local onde eles vivem. A curiosidade e o medo apoderam-se deles e, um dia, um dos macacos pega numas ossadas para as usar como arma, para impor o seu poder e lançando depois o seu grito vitorioso atira o osso pelo ar, criando Stanley Kubrick nesse preciso momento, um dos mais famosos “racord” da Sétima Arte, porque com ele fazemos uma viagem de quatro milhões de anos que nos irá conduzir ao ano 2001 e ao interior de uma estação espacial ao som do Danúbio Azul.


A bordo da estação espacial os cientistas preparam, no maior segredo, uma expedição cujo destino será a lua para tentarem descobrir o significado de um monólito negro que se encontra numa cratera, que se pensa estar ali enterrado há milhões de anos, desconhecendo-se a sua origem. Recorde-se que quando o filme foi estreado o homem ainda não tinha pisado o solo lunar, embora estivesse muito próximo esse passo decisivo da humanidade.


Depois de chegados à lua, os astronautas dirigem-se num veículo lunar para a cratera de Tycho, mas quando se aproximam finalmente do estranho monólito, este começa a emitir um som ensurdecedor.


Dezoito meses depois iremos encontrar a nave Discovery a rumar para Júpiter, com dois astronautas e três cientistas a bordo. Nesta missão a viagem é controlada a bordo pelo Hal 9000, o mais perfeito e sofisticado computador alguma vez criado pelo Homem, já que também ele possui sentimentos e fala com os seus companheiros de viagem num tom pausado, que ficou célebre.


Mas durante a missão, Hal 9000 irá dar uma “informação errada” e a única solução é desligá-lo, surgindo assim a célebre luta entre o Homem e a Máquina, pelo comando da nave espacial. A máquina perfeita irá então revoltar-se, matando no espaço o astronauta Frank Poole (Gary Lockwood), porque sabe que a missão dele é desligá-lo, ao mesmo tempo que tenta impedir o regresso de David Bowman (Keir Dullea) a bordo.


Estamos perante a luta pela sobrevivência do computador, que irá também desligar os sinais vitais dos cientistas a bordo que se encontram a hibernar para não consumirem oxigénio.
A forma como Stanley Kubrick nos mostra o quotidiano dos tripulantes e nos oferece o silêncio no espaço é de uma beleza absoluta.

Mais tarde saberemos que só Hal 9000 tinha conhecimento do verdadeiro sentido da missão da nave Discovery: encontrar o monólito que se encontra perto de Júpiter.


Ao aproximar-se do destino, o único astronauta a bordo mergulha numa espiral espaço-tempo, num dos momentos mais visuais do filme (uma longa sequência que foi filmada no Grande Canyon e depois trabalhada pelos técnicos de efeitos visuais), para mais tarde irmos encontrar o astronauta, envelhecido, num quarto e descobrirmos perplexos ao fundo da sua cama, o imponente e misterioso monólito negro que nos irá conduzir para o espaço, em mais um momento assombroso da película, ao encontro de um feto a navegar no cosmos, rumo a esse destino ainda desconhecido pelo Homem.


Aquando da estreia da película e perante os mais diversos juízos e especulações que foram feitas e ainda permanecem sobre o sentido e significado de “2001: A Space Odyssey”, Stanley Kubrick afirmou: “Todos são livres de especular à vontade sobre o significado filosófico e alegórico do filme. Tentei criar uma experiência visual, que contorna o entendimento para penetrar directamente no inconsciente, com o seu conteúdo visual.”.


“2001: Odisseia no Espaço”, a obra-prima mais-que-perfeita de Stanley Kubrick continua a interrogar o sentido da nossa existência.

De onde viemos?
Para onde vamos?
Quem nos criou?

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Stanley Kubrick - (1928 - 1999)
    Classificação: 5 estrelas (*****)
    Estreia em Portugal: 1 de Outubro de 1968.

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