sábado, 5 de abril de 2025

Michael Curtiz / William Keighley - “As Aventuras de Robin dos Bosques” / “The Adventures of Robin Hood”


Michael Curtiz / William Keighley
“As Aventuras de Robin dos Bosques” / “The Adventures of Robin Hood”
(EUA – 1938) – (107 min./Cor)
Errol Flynn, Olivia de Havilland, Basil Rathbone, Clausde Reins.


Este foi um dos primeiros filmes que vi no grande écran e confesso que nunca mais me esqueci dele, embora na época desconhecesse os nomes dos actores e realizador. Mas este filme possui uma história curiosa porque o actor escolhido para Robin dos Bosques foi James Cagney e o realizador convidado William Keighley.


Após se iniciarem as filmagens todos perceberam que James Cagney não tinha nascido para ser Robin Hood e foi substituído pelo famoso Errol Flynn, que vestiu a personagem de forma perfeita, embora o mesmo não se dissesse da produção, que se arrastava lentamente, com custos exorbitantes, até que os Estúdios desesperados entregaram o filme a Michael Curtiz, que rapidamente o colocou a navegar, conduzindo-o a bom porto e fazendo dele um enorme sucesso (tendo conquistado três Oscars: Melhor Montagem, Melhor Banda Sonora, Melhor Decoração de Interiores), permanecendo, para sempre, o mais belo Robin Hood do Cinema!

Rui Luís Lima

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Joni Mitchell - "Night Ride Home"


Joni Mitchell
"Night Ride Home"
Geffen Records
1991

Em 1991 a canadiana Joni Mitchell grava aquele que será o seu último álbum paa a editora "Geffen Records", recorde-se que a célebre song-writer gravou quatro álbuns para este editora, terminando por regressar à editora "Reprise Records", onde já gravara anteriormente com enorme sucesso. O álbum "Night Ride Home" irá revelar-se uma verdadeira pérola musical da década de 90, do século passsado assinada por Joni Mitchell.

Rui Luís Lima

Joni Mitchell
"Night Ride Home"

Robert F. Young - "Projecto Grande Ascenção"


Robert F. Young
"Projecto Grande Ascenção"
Magazine do Fantástico e Ficção Cientifica nº.3
(The Magazine of Fantasy and Science Fiction)
Matriz / Editorial Império

Robert Franklin Young - (1915 - 1986) iniciou a publicação de "short-stories" em 1953 em diversas revistas dedicadas à ficção-científica e desde logo alguns compararam a sua escrita com a do famoso Ray Bradbury. A sua obra foi traduzida em diversos países incluindo este belo conto que surgiu neste número do Magazine do Fantástico e Ficção Científica.

Rui Luís Lima

Planeta Marte

«Assim que recebemos palavra de que a greve estava lançada, largámos o trabalho e viemo-nos embora. Eram 10 e 40 da manhã. Aqueles de nós que estavam escalados para fazerem o primeiro turno de piquete de greve, começaram a passear-se de cá para lá, defronte do portão. Os restantes, ficámos por ali durante um bocado fumando cigarros e especulando àcerca de quanto tempo estaríamos sem trabalhar. Depois afastámo-nos, pelas ruas serpenteantes, em direcção a casa.»

Robert F. Young
in "Projecto Grande Ascenção"

Woody Allen - “As Faces de Harry” / “Descontructing Harry”


Woody Allen
“As Faces de Harry” / “Descontructing Harry”
(EUA – 1997) – (96 min/Cor)
Woody Allen, Kristie Alley, Bob Balaban, Billy Cristal, Judy Davis,
Mariel Hemingway, Demi Moore, Robin Williams, Amy Irving.

O cinema de Woody Allen teve sempre no seu interior uma certa tendência autobiográfica, ao mesmo tempo que usou e abusou da psicanálise como elemento preponderante para analisar as suas personagens já que, por inúmeras vezes, iremos descobrir personagens a expor os seus problemas no divã do psicanalista.


Em “As Faces de Harry” / “Descontructing Harry” iremos conhecer o escritor Harry Block (Woody Allen), que se prepara para ir receber um Prémio Literário dado pela Universidade que em tempos frequentou e da qual foi expulso, descobrindo-se aqui a habitual mordacidade do cineasta.


Ao longo da viagem, que irá encetar a caminho da Universidade para receber o Prémio Literário, iremos conhecer a vida e obra do escritor Harry Block (Woody Allen a encetar uma luta diabólica contra o sexo feminino), que conhece como ninguém o célebre bloqueio literário, através de diversos segmentos em que ele se encontra com personagens nascidas da sua escrita, enquanto por outro lado iremos conhecer os diversos retratos que dele fazem as suas três ex-mulheres, que debitam um profundo veneno sobre o carácter de Harry Block, embora o escritor também não seja nada meigo quando nos fala delas.


Embora não seja um dos melhores filmes de Woody Allen o segmento em que nos apresenta a sua visão do inferno, com traços profundamente Fellinianos, é simplesmente memorável.

Rui Luís Lima

Agatha Christie - "Poirot e Companhia" / "Problem at Pollensa Bay and Other Stories"


Agatha Christie
"Poirot e Companhia" / "Problem at Pollensa Bay and Other Stories"
Colecção Vampiro de bolso nº.550
Páginas: 191
Livros do Brasil

Os cinco contos inéditos apresentados neste volume da célebre colecção Vampiro de bolso andaram dispersos por diversas publicações até 1991, quando foram finalmente reunidos em livro:

- O Segundo Gongo
- O Íris Amarelo
- O Serviço de Chá de Arlequim
- À Beira do Abismo
- Magnólia em Flor

Agatha Christie
(1890 - 1976)

Este livro virá a ser reeditado pela Asa na sua colecção dedicada a Agatha Christie. Recorde-se que este conjunto de contos inéditos já tiveram adaptação televisiva contando com o actor David Suchet a dar cor e vida ao detective belga Hercule Poirot!

Rui Luís Lima

Eric Rohmer - “A Coleccionadora” / ” La collectionneuse”


Eric Rohmer
“A Coleccionadora” / ” La collectionneuse”
(França – 1967) – (85 min. / Cor)
Patrick Bachau, Haydée Politoff, Daniel Pommeurelle.

E assim chegou Eric Rohmer ao seu quarto capítulo dos seus “Contos Morais”, oferecendo-nos mais uma das suas sedutoras mulheres, de seu nome Haydée Politoff, que dá o seu nome à personagem e será precisamente com ela que se inicia o filme, num primeiro prólogo em que a vemos à beira mar, filmada de todos os ângulos possíveis, como se o cineasta estivesse seduzido por ela. E será precisamente de sedução o que se trata neste conto de Eric Rohmer, sedução e solidão ou melhor a impossibilidade de a solidão ser seduzida, como veremos no final quando Adrien (Patrick Bachau) decide partir daquele lugar paradisíaco, porque já não suporta estar só.


Tornou-se um hábito dizer que o cinema deste cineasta francês é “palavroso” e aqui, mais do que nunca, a voz do narrador é o leitor perfeito do estado psicológico das personagens.


Adrien decide partir para a casa de um amigo para passar férias onde sabe que apenas irá encontrar Daniel, parceiro dos mesmos hábitos, podendo assim mergulhar no sentido da vida através da paisagem e da leitura (sempre os livros como referência, ele vai lendo Rousseau, durante a sua estadia). Mas, ao chegar ao paraíso sonhado, encontra também na casa uma musa chamada Haydée, uma das muitas conhecidas do amigo ausente, que faz da casa o seu ponto de chegada e partida para as suas conquistas. Todos os dias um rapaz diferente vem buscar Haydée para sair e quando ela regressa, muitas vezes, não é o amigo da véspera que a acompanha, porque na verdade ela, na sua arte de sedução, é uma coleccionadora.


Tanto Adrien como Daniel pretendem estar sós naquela casa e a presença de um ser estranho ao universo de ambos surge como elemento perturbador, embora ambos se sintam seduzidos por ela. Decididamente ela é o inimigo que desejam amar e por isso mesmo decidem desprezá-la, mas a presença de Haydée é cada vez mais forte apesar de quase os ignorar, controlando a pouco e pouco a vida de ambos de forma ambígua. Se Daniel é o primeiro a desistir do jogo partindo derrotado, depois de tentar humilhá-la sem sucesso, já Adrien não resiste a abandoná-la na estrada, quando ela está a falar com dois amigos que a convidam para ela partir com eles para Itália. Adrien nem queria fugir em busca da solidão, mas o impulso, esse pequeno gesto que muitas vezes pode mudar uma vida, foi mais forte que ele e ao chegar a casa pensou que finalmente iria ter as férias que tanto desejava, sozinho, amando a passagem das horas. Porém, o que foi descobrir foi a insuportável ausência da coleccionadora ou melhor de Haydée.


A passagem das horas passou a fazer parte do seu martírio e então decide partir, para fugir do silêncio em busca desse outro lugar onde a namorada o espera e regressar ao quotidiano, embora a imagem de "dandy" que gosta de cultivar lhe faça companhia.

Rui Luís Lima

Tintin - "O Caranquejo das Tenazes de Ouro" - Hergé


Tintin
"O Caranquejo das Tenazes de Ouro"
Arte: Hergé
Argumento: Hergé
Páginas: 64
Editor: Asa

O caso da morte de um marinheiro investigado por Dupond e Dupont, está relacionada com o que parece ser uma lata de caranguejo. Tintin embarca num cargueiro chamado Karaboudjan, onde é capturado por um bando de criminosos que escondem droga dentro de latas iguais. Tintin consegue escapar num bote, juntamente com o capitão do navio, Haddock, que completamente alcoolizado acaba por afundar o bote.


Entretanto, um hidroavião tenta matá-los, mas os nossos heróis conseguem apoderar-se dele, acabando por se despenhar no deserto. São salvos pela legião estrangeira francesa que os leva até um porto em Marrocos, onde o capitão Haddock reconhece o seu navio. Tintin e a polícia conseguem capturar a quadrilha. Estamos perante mais um delicioso album de Tintin saído das mãos desse génio chamado Hergé (Geroges Remy)..

Robert Indiana - "Love Rising"


Robert Indiana
"Love Rising"
Acrílico sobre tela, 4 painéis.
370 x 370 cm.
Ano: 1968
Museum Moderner Kunst, Viena.

John Abercrombie Quartet - “Arcade”


John Abercrombie Quartet
“Arcade”
ECM 1133
ECM Records
1979

John Abercrombie – guitar, mandolin guitar.
Richie Beirach – piano.
George Mraz – double bass.
Peter Donald – drums.

1 – Arcade (John Abercrombie) – 9:43
2 – Nightlake (Richard Beirach) – 5:35
3 – Paramour (John Abercrombie) – 5:09
4 – Neptune (Richard Beirach) – 7:34
5 – Alchemy (Richard Beirach) – 11:34

John Abercrombie

John Abercrombie é um nome incontornável na história do jazz, tendo eleito a guitarra, nas suas diversas vertentes, como o instrumento ideal para expandir a sua Arte e “Arcade” foi o primeiro álbum deste quarteto por ele liderado e que tive a felicidade de ver ao vivo no Festival de Jazz de Cascais, quando ouvir jazz ao vivo era uma verdadeira aventura, recordo-me que em palco estava um trio de jazz Finlandês trazido por Villas-Boas, com o patrocínio da Embaixada da Finlândia, quando o homem do jazz anunciou à plateia que o avião onde vinha John Abercrombie tinha acabado de aterrar no Aeroporto da Portela, percebemos que iria haver atrasos, tendo Villas-Boas pedido aos simpáticos finlandeses para prolongarem o seu concerto e eles assim fizeram. Durante quase uma hora eles mantiveram-se em palco, “até que desistiram”. Depois soubemos que John Abercrombie e o seu quarteto já estavam na estrada e uma hora depois eles pisaram o palco do Pavilhão de Cascais e deram um dos maiores concertos de jazz que vi em toda a minha vida.

John Abercrombie Quartet

Nesse concerto memorável em Cascais, John Abercrombie tocou vários temas do fabuloso álbum “Arcade” e quando todos o vimos a tocar o célebre Mandolin Guitar, ficámos rendidos às suas sonoridades. Mas quem me surpreendeu também foi o pianista Richard Beirach, que assina três belos temas do álbum “Arcade”, tendo desde esse dia seguido a sua carreira, da mesma maneira que fixei os nomes do contra-baixista George Mraz, simplesmente soberbo e tão pouco falado, sempre muito bem acompanhado pela secção rítmica de Peter Donald.

Richard Beirach

John Abercrombie deixou-nos recentemente, mas a sua música é eterna e quando escutamos este “John Abercrombie Quartet”, ficamos rendidos à genialidade deste fabuloso quarteto de jazz. Vale a pena descobrirem estes quatro magníficos!

Gravado em Dezembro de 1978, no Talent Studio, Oslo, por Jan Erik Kongshaug. Design de Barbara Wojirsch .Fotografia de Dieter Rehm. Produção de Manfred Eicher.

Rui Luís Lima