segunda-feira, 28 de abril de 2025

Alejandro Gonzalez Iñarritu - "Babel"


Alejandro Gonzalez Iñarritu
"Babel"
(EUA/México - 2006) – (142 min. / Cor)
Brad Pitt, Cate Blanchett, Mohamed Akhzam,Gael Garcia Bernal,
Adrianna Barraza, Rinko Kikuche, Koji Yakusho.


Era uma vez um casal de turistas americanos em viagem de reconciliação, através da paisagem desértica de Marrocos, olhando a areia do deserto. No outro lado do mundo, uma adolescente japonesa joga voleibol com as colegas em busca da vitória, enquanto nas montanhas marroquinas um pastor de cabras oferece como prenda uma espingarda aos seus dois filhos para eles protegerem o rebanho dos chacais, já Amélia recebe a notícia tão esperada em terras americanas, o casamento do seu querido filho. Estamos assim perante um mundo tranquilo e sereno, sem “choques de civilizações”, onde sobrevivem culturas diferentes numa harmonia desejada.


Estas são as imagens de um mundo “perfeito”, mas por detrás dele esconde-se um outro universo profundamente imperfeito e será esse mesmo território que será descoberto através de uma simples bala disparada por uma das crianças marroquinas, atingindo uma americana (Cate Blanchett) criando desta forma o efeito bola de neve do argumento de “Babel”, assinado mais uma vez por Guilherme Arriaga.

Tanto “Amor Cão” / “Amores Perros” como “21 Gramas” / “21 Grams” foram assinados por ele, numa colaboração com “El Negro”, como era conhecido Alejandro Iñarritu nos tempos em que era DJ. Recorde-se que Alejandro Gonzalez Iñarritu iniciou-se na rádio, mais precisamente na estação WFM, sendo talvez por essa razão o facto de ter assinado diversas bandas sonoras, será porém na televisão que fará escola, frequentando simultaneamente as aulas de cinema. “Amor Cão” será a película do seu “baptismo” no mundo da Sétima Arte, levando nessa viagem consigo o actor Gael Garcia Bernal, que possui em “Os Diários de Che” / “Diários de Motocicleta” de Walter Sales o seu melhor desempenho cinematográfico.

Cate Blanchett & Brad Pitt

“Babel” fala-nos do efeito de uma bala no interior da globalização, situando a acção em terras marroquinas, japonesas, mexicanas e americanas. Estamos assim perante os contrastes de civilizações, onde a pobreza e a abundância vivem de costas viradas, o universo tecnológico japonês é de uma frieza e de um vazio de sentimentos, repare-se na forma como Chieko (Rinko Kikuche), uma surda-muda habitante de um mundo sem sons, deseja encontrar o amor através da oferta do seu corpo, numa busca desesperante de descobrir um sentido para a vida.

Já em terras marroquinas o sentido das “coisas” habita no limiar da sobrevivência, enquanto no continente americano uma fronteira separa o “Paraíso” do “Purgatório”, como sabemos o desejo de uma alma no “Purgatório” é sempre a fuga para o Paraíso, como fez Amélia (Adrianna Barraza) clandestinamente, tornando-se numa das muitas ilegais mexicanas a trabalhar em casa dos “senhores americanos”, foram 16 anos de luta para depois tudo se perder numa noite na fronteira. Essa fronteira que foi tão bem retratada por Chantal Akerman no filme “De L’autre Coté”.

Rinko Kikuche

Nesta película de Alejandro Gonzalez Iñarritu, premiada no Festival de Cannes, deparamo-nos perante o olhar estranho de territórios fechadas sobre si mesmo, de costas voltadas e onde a abundância cria muros intransponíveis para a pobreza. Depois temos a língua, quando em total desespero Richard (Brad Pitt) tenta comunicar com o “exterior” na aldeia marroquina perdida no deserto, encontrando em Anwar (Mohamed Akhzam) o único interlocutor, já que os seus companheiros de viagem, apesar de falarem a mesma língua o abandonam naquela terra “estranha”.

Por fim a política e os “media” não podiam deixar de estar presentes neste filme de Iñarritu, os primeiros vendo de imediato a mão de terroristas e os “media” que mais uma vez procuram a notícia com que gostam de abrir os telejornais… o sangue!!! Porque o sangue possui audiência garantida e se reparar caro leitor todos os dias os nossos telejornais noticiam um desastre, uma catástrofe, eles nunca falham e se for preciso vão até ao país mais longínquo e inacessível, de que nunca ouvimos falar porque a catástrofe é necessária para aumentar o célebre "share"! Mas quem constitui as famosas audiências? A resposta é profundamente incómoda!

Alejandro Gonzalez Iñarritu

Utilizando dois nomes sonantes do firmamento de Hollywood como são Brad Pitt (no seu melhor) e a camaleónica Cate Blanchett (que não pára de nos surpreender) e usando a figura de Gael Garcia Bernal para o mercado latino-americano, a produção de “Babel” jogou forte no interior da Indústria cinematográfica e saiu triunfante, goste-se ou não da forma como toda a estratégia foi delineada. “Babel” é na verdade um filme a revisitar, porque nele encontramos um olhar sobre este estranho século XXI, em que vivemos.

O por vezes mal-amado Alejandro Gonzalez Iñarritu sai decididamente vencedor com este “Babel” e se isto é pecado não sabemos, outros que o digam, porque não seremos nós, amantes do cinema, que o iremos julgar.

Rui Luís Lima

Pat Metheny - "What's All About"


Pat Metheny
"What's All About"
Nonesuch
2011

Pat Metheny - baritone guitar

Pat Metheny surge a solo interpretando temas bem conhecidos da música popular. Paul Simon, Carly Simon, António Carlos Jobim, The Beatles e Burt Bacharach são alguns dos nomes que surgem neste belo cd que nos oferece 10 temas bem conhecidos de todos.

Rui Luís Lima

William S. Burroughs - "Cidades da Noite Vermelha" / "Cities of The Red Night"


William S. Burroughs
"Cidades da Noite Vermelha" / "Cities of The Red Night"
Páginas: 320
Difel
Ano: 1984

Antes de ler o famoso "The Naked Lunch" e de descobrir a versão cinematográfica de David Cronenberg, li este "Cidades da Noite Vermelha" de William S. Burroughs, mas um dia o Bill decidiu imitar o Guilherme Tell e saiu-se mal com a coisa.

A Bertrand em 2014 reeditou este livro, que recomendo a um(a) leitor(a) mais audaz.

Rui Luís Lima

Alek Keshishian - “Na Cama com Madonna” / “Madonna: Truth or Dare”


Alek Keshishian
“Na Cama com Madonna” / “Madonna: Truth or Dare”
(EUA – 1991) - (120 min./Cor – P/B)
Madonna, Donna DeLory, Niki Harris.


“Na Cama com Madonna” / “Madonna: True or Dare”, de Alek Keshishian, que nasceu em Beirute, pretende ser o elemento primordial para a criação do mito Madonna, embora na época fosse demasiado cedo. Os mitos, como referiu Edgar Morin, necessitam de estar mortos e eternamente jovens, como sucedeu com James Dean, Marilyn Monroe e Montgomery Cliff.

“Verdade ou Consequência”, título utilizado no mercado americano pela película, acaba por se apresentar bastante limitado, ao pretender mostrar a vida pública e privada de uma estrela. As imagens não são contagiantes e o fio condutor sofre oscilações entre a vida real de Madonna e a ficção criada no imaginário colectivo. Já a realização das suas actuações, em diversos concertos, é verdadeiramente electrizante ou não fosse Alek Keshishian um especialista na pop music, em matéria de video-clips, tendo até realizado o clip de "Sacrifice" canção mais detestada por Elton John, conforme ele confessou recentemente numa entrevista. Mas só pelas sequências musicais vale a pena recordar este filme onde Madonna, a Rainha da Pop, termina sempre por nos seduzir, ao contrário do que sucedeu com Lisboa que viu a cantora partir!

Rui Luís Lima

Eberhard Weber - “Yellow Fields”


Eberhard Weber
“Yellow Fields”
ECM Records
1976

Eberhard Weber – Bass.
Charlie Mariano – Soprano Saxophone, Shenai, Nagaswaram.
Rainer Bruninghaus – Keyboards.
Jon Christensen – Drums.

1 – Touch – 4:59
2 – Sand-Glass . 15:31
3 – Yellow Fields – 10:04
4 – Left Lane – 13:37

Eberhard Weber / Colours

Eberhard Weber e o seu quarteto “Colours” prosseguiam nesse ano de 1975 a sua aventura musical com a edição deste magnífico “Yellow Fields”, sendo de referir a saída do ex-membro dos Soft Machine, John Marshall, da banda, entrando para o seu lugar o baterista Jon Christensen. Por outro lado, será sempre de recordar em “Yellow Fields” a magia que os instrumentos shenai e o nagaswaran introduzem nos temas em que surgem tocados por Charlie Mariano, oferecendo-nos paisagens sonoras de uma enorme beleza.

Gravado em Setembro de 1975 no Tonstudio Bauer, Ludwigsburg, por Martin Wieland. Capa do álbum de Maja Weber. Layout de Dieter Bonhorst. Fotografia de Gabi Winter. Produção de Manfred Eicher. Todos os temas são da autoria de Eberhard Weber.

Rui Luís Lima

Luís de Camões - "Obras Completas"


Luís de Camões
"Obras Completas"
Volume 1 - Redondilhas e Sonetos
Páginas: 358
Volume 2 - Géneros Líricos Maiores
Páginas: 320
Volume 3 - Autos e Cartas
Páginas: 368
Prefácio e Notas de Hernâni Cidade
Ano: 1971
Livraria Sá da Costa

Ainda não me tinham obrigado a ler "Os Lusíadas" no liceu, mas como gostava imenso do filme "Camões" do Leitão de Barros, que passava regularmente na televisão, decidi numas férias de Verão ir à Livraria Sá da Costa e comprar estes três volumes, vendidos por um senhor que a minha avó conhecia do café e era muito simpático e que me recomendou a abrir as páginas do livro com cuidado com uma faca bem afiada ou se possível com o famoso corta papel e assim fiz.

Recordo-me que dei 20$00 (equivalente a 10 cêntimos) e ainda recebi umas moedas que gastei logo em banda desenhada na Bertrand, foi só atravessar a rua.

Mas ao preparar este post descobri que um Alfarrabista pedia pela obra 30 euros :-)

Rui Luís Lima

Aleksandr Sokurov - “Mãe e Filho” / "Mat i syn”


Aleksandr Sokurov
“Mãe e Filho” / "Mat i syn”
(Rússia/Alemanha – 1997) – (73 min/Cor)
Alekser Ananishnov, Gudrun Geyer.


O amor de um filho pela mãe moribunda e a viagem que ele faz para estar junto dela, partilhando os seus últimos momentos, é-nos apresentado neste filme de Aleksandr Sokurov através de um naturalismo que invade de forma apaixonante este filme intitulado simplesmente “Mãe e Filho” / “Mat i syn”, onde até os “efeitos especiais” são criados pintando as lentes da objectiva.

Aleksandr Sokurov

A Sétima Arte passa por aqui. Um filme que me ficou na memória para sempre, tal como o nome do seu cineasta.

Rui Luís Lima

Kevin Ayers / John Cale / Eno / Nico - "June 1, 1974"


Kevin Ayers / John Cale / Eno / Nico
"June 1, 1974"
Island Records
1974

Mário-Henrique Leiria - “Contos do Gin-Tonic”


Mário-Henrique Leiria
“Contos do Gin-Tonic”
Páginas: 184
Estampa

Numa época em a memória literária tende a desaparecer recomendo a leitura dos “Contos do Gin-Tonic”, do inesquecível Mário-Henrique Leiria, cuja arte e humor nas palavras tanta falta nos faz!

Rui Luís Lima

Alex Kurtzman - “Bem-Vindo à Vida” / “People Like Us”


Alex Kurtzman
“Bem-Vindo à Vida” / “People Like Us”
(EUA – 2012) – (114 min./Cor)
Chris Pine, Elizabeth Banks, Michelle Pfeiffer, Olivia Wilde.


Com a chegada do século XXI, surgiu um conjunto de argumentistas a quem os Estúdios deram oportunidade de realizar os seus próprios argumentos, nascendo assim uma nova categoria de realizadores em Hollywood, alguns até com a ambição, bem merecida, de passar a cineastas. Alex Kurtzman, ao dirigir este magnifico “People Like Us”, que em Portugal teve o título infeliz de “Bem-Vindo à Vida”, oferece-nos uma película muitos furos acima da média habitual e se Chris Pine à muito que deixou de ser só uma promessa, sendo nos dias de hoje um actor a ter em conta, já Elizabeth Banks merece que lhe fixem o nome e por fim temos alguém que não necessita de apresentações: Michelle Pfeiffer!


“People Like Us” aborda de uma forma bem diferente as relações humanas e familiares deste século XXI, sempre com uma realização tão perfeita, que terá sido precisamente isso mesmo que terá levado o actor Tom Cruise a convidar Alex Kurtzman para dirigir “A Múmia” / “The Mummy”, em 2017.

Alex Kurtzman

Vale a pena descobrirem este “People Like Us”, porque ele de certa forma termina por falar de todos nós.

Rui Luís Lima

domingo, 27 de abril de 2025

Virginia Astley - "Melt The Snow"


Virginia Astley
"Melt The Snow"
Rough Trade
1984

Após o enorme sucesso de "From Gardens Were We Feel Secure", surgiu este belo EP com quatro pérolas musicais, que mais tarde irá ser incluído junto de uma das reedições em cd do mais famoso álbum de Virginia Astley.

Rui Luís Lima

Virginia Astley / David Sylvian
"Some Small Hope"

sábado, 26 de abril de 2025

Machado de Assis - "Um Homem Célebre"


Machado de Assis
"Um Homem Célebre"
Ficções - Revista de Contos nº.1
Tinta Permanente

O escritor brasileiro Machado de Assis dedicou grande parte da sua actividade literária à escrita de contos e "Um Homem Célebre" faz parte do livro "Várias Histórias", uma magnifica colectânea de contos. De referir que a publicação de "Um Homem Célebre" na "Ficçoes - Revista de Contos" foi uma estreia no nosso país.

Rui Luís Lima