segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Michelle Pfeiffer - A Beleza do Talento!


Michelle Pfeiffer - A Beleza do Talento!

1. - Michelle Pfeiffer é possuidora de um rosto e uma figura verdadeiramente cativantes. No entanto não é a beleza que dizem possuir (e possui na realidade), que a conduz na sua profissão, mas sim o seu amor pela Sétima Arte.

Ela é a primeira a dizer que a sua tão falada beleza não é tão interessante “como falam”. O género de beleza que verdadeiramente admira é o de Meryl Streep. Ao fazer esta afirmação, Michelle Pfeiffer demonstra bem que o seu comportamento, ao longo do tempo, está ligado à sua personalidade e não é a “sexy girl” que dela alguns pretenderam fazer. “Charlie Chan” foi um dos seus primeiros filmes e seria com a película de Allan Carr, “Grease 2”, explorando o sucesso do primeiro filme com John Travolta, que a bela Michelle começou a ser notada. Ela, que antes tinha participado num modesto concurso denominado “Miss Orange County” para conseguir entrar em pequenos papéis na TV, assim como em alguns anúncios, incluindo o de um célebre Shampoo, começou a ser notada nas séries para o pequeno écran.

"Ligações Perigosas"

Quando Brian de Palma realizou “Scarface”, o seu filme mais ambicioso na época e ao mesmo tempo o seu maior desastre financeiro, a actriz convidada para contracenar com Al Pacino foi Michelle Pfeiffer. O seu olhar gelado e o seu rosto constantemente pálido marcam profundamente a personagem que interpreta, tornando a sequência de “Rush Rush” um dos momentos mais marcantes da película. Em “Scarface” a beleza é doentia e actriz ganha a aposta da sua carreira: o seu valor artístico ultrapassa e anula, se necessário, as linhas sinuosas do corpo.

“LadyHawke”/”A Mulher Falcão”, do veterano Richard Donner, é o seu filme seguinte, ao lado de Matthew Broderick e Rutger Hauer. Entramos assim no território da Idade Média com as suas histórias de cavalaria, recheadas de lendas e magias, onde o amor e os códigos de honra são os símbolos supremos dos heróis.

"Batman Regressa"

“Pela Noite Dentro”/”Into the Night” de John Landis oferece-nos de novo o rosto de Michelle Pfeiffer ao lado de Jeff Goldblum, transformando-os em filhos da noite, perdidos nocturnamente na voragem da escuridão. Mas se até aqui ela permaneceu numa espécie de “terra de ninguém” no interior da produção de Hollywood, ou seja fora do famoso “top ten” das estrelas, ao rodar “As Bruxas de Eastwick”/”The Witches of Eastwick” ao lado de Cher e Susan Sarandon e na companhia desse “diabo ” fabuloso chamado Jack Nicholson, a sua figura tornou-se inesquecível e o seu rosto conhecido de milhões.

Depois seguiu-se a comédia “Married to the Mob” / "Viúva mas não Muito" de Jonathan Demme, uma sátira à Máfia profundamente hilariante, até que “Antes do Anoitecer”/”Tequila Sunrise” de Robert Towne, a lançou para o primeiro escalão das estrelas de Hollywood, não nos esqueçamos que a presença de Mel Gibson e Raul Júlia são fundamentais para o desenvolvimento da película.

"Maléfica 2: Mestre do Mal"

Se até aqui a figura de Michelle Pfeiffer ainda não tinha obtido o sucesso da crítica, com a sua interpretação em “Dangerous Liaisons” / “Ligações Perigosas” de Stephen Frears, ao dar corpo e rosto à famosa Madame de Tourvel, conseguiu arrancar lágrimas aos corações mais empedernidos, ao mesmo tempo que o argumento de Christopher Hampton se revelava perfeito de contenção, assim como a excelente realização de Stephen Frears.

"Grease 2 - Brilhantina 2"

Estava assim alcançado, com a feitura deste filme, um dos grandes objectivos da actriz, mas na película seguinte ela iria surpreender tudo e todos, mais uma vez, não só pela sua sensualidade, mas também pela sua encantadora voz ao cantar nesse extraordinário filme que é “Os Fabulosos Irmãos Baker” / “The Fabulous Baker Boys” (nunca é demais recordar, para aqueles que não sabem, que o papel foi oferecido a Madonna, mas a cantora recusou), os manos neste caso concreto são os Bridges: Jeff e Beau. Para quem viu o filme tornou-se inesquecível a sequência em que ela canta de forma escaldante, estabelecendo uma relação perfeitamente erótica com o piano.

"Frankie & Johnny"

2. - Com o nome já perfeitamente cimentado e o estatuto de estrela a brilhar no firmamento de Hollywood, Michelle Pfeiffer decide alterar o registo, no desejo de mostrar a capacidade das suas performances, aceitando participar ao lado de Sean Connery em “A Casa da Rússia” / “The Russia House”, baseado no famoso romance de John Le Carré. Não nos esqueçamos que algumas sequências do filme foram rodadas no nosso país.

"Scarface - A Força do Poder"

No ano de 1991 volta a encontrar-se no grande écran com Al Pacino em “Frankie and Johnny”, o outro lado da moeda de “Pretty Woman”, como muitas vezes se referiu o filme de Garry Marshall e na verdade a interpretação de ambos é soberba. Estamos em “Frankie e Johnny” perante dois seres à beira do abismo, com as suas vidas solitárias perfeitamente bloqueadas, que após se conhecerem no local de trabalho (o restaurante), irão criar uma relação apaixonante onde o medo luta com o desejo, ultrapassando de forma perfeita tudo aquilo que nos foi oferecido até então pelo cinema contemporâneo.

"Frankie & Johnny"

Quando Tim Burton decidiu prosseguir as aventuras de Batman, convidou Annette Bening para protagonizar essa personagem felina da banda desenhada intitulada “Cat Woman”, mas Annette ficou entretanto grávida e desistiu da película. O que se passou a seguir foi a descoberta de um outro tipo de sensualidade, ao depararmos com Michelle Pfeiffer a protagonizar uma “Cat Woman” profundamente sensual e perigosa. Como todos sabemos o filme foi um sucesso e apesar desse ambiente muito negro que caracterizou o segundo Batman de Tim Burton, a “Cat Woman” de Michelle Pfeiffer ficou para a História.

"Um Dia em Cheio"

Com um curriculum tão diversificado e uma carreira construída a pulso, foi com enorme curiosidade que todos nós descobrimos o filme de época de Martin Scorsese “The Age of Innocence”/”A Idade da Inocência” baseado no romance de Edith Wharton, no qual o cineasta presta homenagem ao cinema de Luchino Visconti como é bem perceptível ao longo do filme, revelando para quem desconhecia (e espero que sejam poucos) a sua faceta de cinéfilo, já que escutar Scorsese a falar da história do cinema é uma verdadeira delicia, tal é a paixão e velocidade com que fala da Sétima Arte. Mas voltando a Michelle Pfeiffer e à sua Ellen Olenska, somos obrigados a fazer como Daniel Day Lewis (o protagonista masculino do filme), tirar o chapéu e beijar a mão de tão formosa dama, de tal forma a sua interpretação nos comove. Nesse mesmo ano (1993) Michelle Pfeiffer casa-se a 13 de Novembro com David E. Kelley, criador das séries “Picket Fences”, "Ally McBeal" e “Chicago Hope”.

"A Mulher Falcão"

Todos sabemos como Mike Nichols é um excelente cineasta e quando ele decidiu juntar Jack Nicholson e Michelle Pfeiffer em “Wolf” / ”Lobo”, percebemos de imediato que a película de Mike Nichols iria ser um verdadeiro achado, não só devido à forma como retrata o mundo editorial americano, mas também pela sua eficaz direcção de actores ou não fosse ele um cineasta oriundo dos palcos da Broadway. Pena foi que Mia Farrow não tenha podido dar o seu contributo ao filme, interpretando a esposa de Jack Nicholson, mas as atribuladas sessões de tribunal em que se via envolvida nessa época (separação de Woody Allen e não só) impediram-na de participar. Não nos esqueçamos também que a presença de Christopher Plummer e de James Spader representam uma mais-valia para o filme, como não podia deixar de ser. E a forma como Mike Nichols termina a história é perfeitamente aliciante, originando uma “love story” bastante diferente do habitual.

"Os Fabulosos Irmãos Baker"

3. - Com tamanhos sucessos, tanto da crítica cinematográfica como do público, Michelle Pfeiffer atingiu o estatuto de estrela no verdadeiro sentido da palavra e foi com grande curiosidade que a fomos encontrar ao lado desse astro chamada Robert Redford, falamos desse filme extraordinário, mas infelizmente pouco conhecido intitulado “Up Close & Personal”/“Intimo & Pessoal”, passado nos meios televisivos e que, infelizmente, passou perfeitamente despercebido no nosso país.

"Contra Tudo"

Ao longo da película iremos acompanhar a história de uma jornalista oriunda da América profunda, que parte para a grande Metrópole para trabalhar num dos principais canais de televisão, descobrindo na personagem masculina interpretada por Robert Redford a pessoa certa para a ajudar na carreira. Mais uma vez o cinema aborda o meio televisivo de forma acutilante como já tinha sucedido anteriormente com “Edição Especial” da autoria de James Brooks.

"A Idade da Inocência"

Enquanto a película de Brooks trata da ascensão com pouco escrúpulos de um “pivot” de Telejornal (William Hurt), já o filme de Jon Avnet, com Redford no protagonista teria, como não poderia deixar de ser, de transmitir essa mensagem de liberalismo (que na América tem um significado diferente do atribuído na Europa, politicamente falando), que o actor sempre defendeu ao longo da sua carreira, tanto como intérprete, quer como cineasta e produtor, não será por acaso que a personagem de Robert Redford se chama Warren Justice. A interpretação de Michelle Pfeiffer é excelente e a verdade dos factos acaba por chegar demasiado tarde ao seu conhecimento.

"Viúva... Mas Não Muito"

A filmografia de Michelle Pfeiffer é um verdadeiro colar de pérolas, mas se perguntarmos ao público anónimo, consumidor de televisão e de filmes em dvd, o nome do filme mais vezes visto, a resposta recai certamente em “Um Dia em Cheio”/”One Fine Day”. As razões prendem-se no facto de a dupla feita com George Clooney ser perfeita, ao mesmo tempo que esta deliciosa película surge como a ideal para toda a família, possuindo todos os ingredientes necessários para satisfazer o espectador.

Na verdade esta comédia romântica, dirigida por Michael Hoffman, obteve um sucesso surpreendente. Quem não conhece o filme? Muito poucos e somos obrigados a confessar que esta película, que se apresenta como “ligeira”, vai beber a sua magia com enorme sabedoria, na tradição clássica de Hollywood e nesse nome incontornável chamado Frank Capra.

"Intriga ao Amanhecer"

O nome de Michelle Pfeiffer transforma-se assim num valor incontornável na história do cinema norte-americano e a escolha dos filmes seguintes começaram a prender-se com questões mais de gosto pessoal da actriz do que por imposição dos Estúdios, ou seja ela soube perfeitamente escolher o seu lugar ao sol, longe das grandes multidões e da imprensa sensacionalista, aliás uma forma de estar que começou a cultivar bastante cedo. Será com naturalidade que a vamos encontrar em “A Thousand Acres” / “”Amigas e Rivais” em 1997, uma daquelas películas bem alicerçadas na vertente do feminino, tendo em conta que a realizadora é Jocelyn Moorhouse, o argumento da australiana Laura Jones, bem conhecida pelas suas sempre excelentes adaptações literárias, nascido de uma novela escrita por Jane Smiley.

"A Casa da Rússia"

Como “partenaire”, Michelle Pfeiffer teve ao seu lado outra mulher como ela, Jessica Lange. Estas duas espantosas actrizes, apesar de serem irmãs no filme, irão estar em campos opostos, mas o destino por vezes traça caminhos infindáveis e desavindos, como sucede na história. Estamos assim perante mais um daqueles filmes que merece ser descoberto pelo grande público e onde a América profunda serve mais uma vez de paisagem.

"A Idade da Inocência"

4. - Michael Hoffman, quando decidiu adaptar ao cinema a peça de Shakespeare “Sonho de Uma Noite de Verão” ( "A Midsummer Night's Dream", convidou de imediato Michelle Pfeiffer para o elenco, uma actriz que conhecia bem e essa comédia imortal, que em tempos tinha sido revista pelo cineasta da Big Apple, Woody Allen, encontra a adaptação perfeita ao cinema feita aliás pelo próprio Michael Hoffman

Já “The Deep End of the Ocean” / “Profundo como o Mar” / foi um daqueles projectos em que Michelle Pfeiffer se envolveu por completo, em virtude de o tema abordado se revelar demasiado importante para ela. O cineasta veterano Ulu Grosbard oferece-nos a história de uma mãe que perde o filho pequeno numa festa, passando uma vida a culpabilizar-se pelo sucedido, apesar de ter um marido que tudo faz para o seu bem-estar ser possível, embora nunca consiga que ela esqueça o filho perdido, até que muitos anos depois a criança é descoberta, vivendo feliz num outro lar.

"Os Fabulosos Irmãos Baker"

Recorde-se que este tipo de situações acontece com regularidade nos Estados Unidos da América, o desaparecimento de crianças infelizmente não é raro. O filme é um perfeito “show” de Michelle Pfeiffer na Arte de bem representar e a forma como ela aborda a personagem que interpreta é de uma sensibilidade inesquecível.

Com a chegada do Milénio, vamos reencontrar Michelle Pfeiffer ao lado de Harrison Ford na película “What Lies Beneath” / “A Verdade Escondida”, um dos melhores filmes da extensa filmografia de Robert Zemeckis, que decide homenagear Alfred Hitchcock e construir um excelente filme de suspense. Mais uma vez Michelle Pfeiffer surge no écran perfeitamente “fragilizada” na protagonista, demonstrando todo o seu saber de composição e interiorização de uma personagem. E, pela primeira vez, Harrison Ford assume uma personagem politicamente incorrecta de acordo com as normas Hitchcockianas, que Robert Zemeckis soube transpor para o grande écran com enorme talento.

"As Bruxas de Eastwick"

No ano seguinte será a vez de Michelle Pfeiffer ter ao seu lado Sean Penn em “I Am Sam”, na história de um homem com problemas mentais, que luta pela custódia da filha de sete anos que lhe foi retirada, mas que possui todo o amor do mundo para lhe oferecer e aqui Sean Penn, dono de dois Oscars, oferece-nos de novo toda a sua sabedoria na arte da interpretação

“White Olander” / “A Flor do Mal”, Stardust – O Mistério da Estrela Cadente”; o delicioso “remake” de “Hairspray” (esse filme memorável de John Waters); o inesquecível “Chéri” baseado no célebre romance de Colette e onde a actriz volta a encontrar-se com o cineasta Stepehen Frears e o argumentista Christopher Hampton, que com ela tinham criado o célebre “Ligações Perigosas”, criando mais uma vez uma cumplicidade de talentos bem patente ao longo da película; “Dark Shadows” / “Sombras na Escuridão” de Tim Burton ou “The Family” / “Malavita” de Luc Besson são outros filmes que nos oferecem registos interpretativos bem diversificadas de Michelle Pfeiffer que ao longo dos anos nos tem oferecido as mais diversas facetas como intérprete, seja qual for o género e mantendo sempre um registo sereno e inconfundível, longe dos holofotes de Hollywood, porque das verdadeiras estrelas o talento fala por si.

"Íntimo & Pessoal"

Por fim nunca é demais lembrar que como muitos outros nomes da Sétima Arte, Michelle Pfeiffer tem também oferecido a sua voz ao Cinema de Animação, sendo “Sinbad – A Lenda dos Sete Mares” / “Sinbad: Legend of the Seven Seas” e “O Príncipe do Egipto” / “The Prince of Egypt” duas experiências bem reveladoras da sua arte num outro género de composição: dar voz a personagens animadas.

Longe vão os tempos da menina loura que fazia publicidade e lutava por um lugar ao sol no interior das séries americanas. Ao longo dos anos o cinema revelou que Michelle Pfeiffer é o exemplo perfeito de uma actriz cujo talento é a sua verdadeira beleza.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Michelle Pfeiffer (1958)
    A beleza do talento vive no interior desta fabulosa actriz que no interior do cinema tem abordado os mais diversos géneros cinematográficos, desde o drama até à comédia demonstrando um saber único com as suas interpretações, para além de cantar num surpreendente filme, na companhia dos irmãos Bridges.

    ResponderEliminar