F. W. Murnau
"Nosferatu, O Vampiro" / "Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens"
(Alemanha – 1922) – (94 min. - P/B -Mudo)
Max Schreck, Alexander Granach, Gustav Von Wangenheim,
Greta Schroeder, Georg Schnell,
Os filmes de vampiros são um sub-género no interior do cinema de terror, sendo o mais célebre de todos os “protagonistas” o Conde Drácula, criado por Bram Stoker. Mas a sua primeira passagem ao grande écran teve imensas dificuldades, que o diga F. W. Murnau. Os herdeiros da obra estiveram durante muito tempo contra essa adaptação, recusando a venda dos direitos do livro, obrigando desta forma o cineasta alemão a fazer diversas alterações, a começar pelo nome do célebre vampiro que, na impossibilidade de se chamar Drácula, viu o seu nome mudado para Conde Orlok, assim como os restantes personagens do filme.
“Nosferatu” iria tornar-se numa das obras-primas do cinema mudo e após um sucesso enorme junto do público, os herdeiros da obra de Bram Stoker não desistiram de processar o cineasta, recorrendo à justiça em 1924 e 1929, pedindo a destruição de todas as cópias do filme, que entretanto continuava a capitalizar pelo mundo fora, tornando impossível o intuito dos familiares do escritor. E só muitos anos depois a Universal conseguiu fazê-los mudar de ideias. Perante todos estes obstáculos F. W. Murnau, para além de mudar o nome aos personagens, alterou também os locais onde se desenrola toda a acção, passando-a para a Alemanha.
Mas um dos trunfos do filme chama-se Max Schreck, que vestiu a pele do vampiro de uma forma única, tornando a sua interpretação inesquecível. Curiosamente durante largos anos se falou que o célebre actor, oriundo do Teatro, apenas tinha emprestado o nome, sendo o próprio F. W. Murnau a interpretar o famoso Conde, o que parece não corresponder à verdade.
Filmado quase sempre em cenários naturais, ao contrário do que era norma na época, F. W. Murnau construiu um filme de luz e sombras que nos deixa perfeitamente fascinados, atingindo uma perfeição que o transformou numa verdadeira obra-prima do cinema. Nele sentimos o terror a navegar em cada fotograma, desde que Hutter (Gustav von Wangenheim) fica incumbido de se encontrar com o Conde Orlok no seu castelo perdido a fim de preparar a venda de uma casa em Bremen ao misterioso Conde, que possui horários diferentes dos habituais, não vá o sol trair o Príncipe das Trevas. A forma como Max Schreck se movimenta no écran é simplesmente magistral, fruto de um saber único que irá influenciar para sempre todos os restantes intérpretes da famosa personagem.
Tod Browning, já em pleno sonoro, irá criar uma nova versão do livro, que também ficará para a história do cinema com a soberba interpretação de Bela Lugosi, tendo mais tarde nos anos sessenta os Estúdios Britânicos Hammer feito uma série de películas em que Christopher Lee, outro famoso Drácula, irá travar diversas lutas com o célebre Van Helsing (Peter Cushing). Mas seria um outro alemão de seu nome Werner Herzog que iria prestar a mais bela homenagem ao filme de F. W. Murnau, oferecendo a Klaus Kinski uma das suas maiores interpretações de sempre. Depois teremos sempre essa aventura barroca que foi a revisão da obra feita por Francis Ford Coppola.
No filme de F. W. Murnau, sentimos perfeitamente o medo que se vai apossando de Hutter sempre que o Conde Orlok se aproxima dele e quando a fotografia da sua bela mulher cai nas mãos do Conde, o seu destino irá ficar traçado ao ser encarcerado numa das torres do misterioso castelo que tanto aterroriza os habitantes da região. Hutter irá conseguir fugir, mas a beleza da sua mulher atrai o temível vampiro que decide partir ao encontro dela.
Sendo curioso ver como, durante a travessia que é feita pelo navio que transporta o vampiro, os marinheiros vão morrendo lentamente, vítimas do seu desejo de sangue, ao mesmo tempo que os ratos que seguem nos caixões irão invadir a cidade espalhando a morte.
Tendo o seu caixão como protecção dos raios solares, o Conde irá encontrar um local tranquilo para “pernoitar” durante o dia, para de noite preparar o ataque à bela Ellen (Greta Schroder), mas a bela que nada de inocente possui, apesar de gostar de brincar com os seus gatinhos, como vemos nas primeiras imagens da película, irá preparar um plano infalível para liquidar o temível vampiro.
Quando olhamos para Orlok, apenas encontramos nele alguém cuja forma humana é quase inexistente tal é a caracterização conseguida por F. W. Murnau, por outro lado a forma como Max Schreck se movimenta deixa-nos a todos perfeitamente perplexos, fruto de uma criação espantosa que se tornou inesquecível para qualquer amante da Sétima Arte.
Rui Luís Lima
Desde muito cedo, ainda no período mudo, que o cinema se interessou pelas famosas histórias de vampiros e seria F.W.Murnau o primeiro a criar o mais famoso filme de vampiros intitulado "Nosferatu, O Vampiro" / "Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens" e embora os herdeiros de Bram Stoker não tenham autorizado a adaptação do famoso livro, o cineasta alemão contornou a questão baptizando Drácula de "Nosferatu", mas o segredo desta película encontra-se na interpretação do actor Max Schreck, que vestiu a pele do vampiro de forma soberba. Recorde-se que mais tarde o cineasta Werner Herzog fez um "remake" deste filme e posteriormente Francis Ford Coppola. E tal foi a influência do filme de F.W. Murnau que passados muitos anos o cineasta E. Elias Merhige realizou a película "A Sombra do Vampiro" sobre as filmagens de "Nosferatu, O Vampiro".
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