Foi a 18 de Setembro de 1927 que o cinema Odeon abriu as suas portas, tendo tido diversas alterações em 1933 onde a célebre Art Deco era rainha, sendo um dos cinemas que frequentei na infância e por onde abundavam não só filmes oriundos do país vizinho com essas vedetas chamadas Marisol e Joselito, mas também alguns filmes portugueses da década de 60, assim como comédias e westerns “Made in Italia”.
Cinema Odeon
Mas o que me seduzia nesta bela sala de espectáculos era também a sua estrutura metálica em perfeita harmonia com a madeira escura e o tecto em forma de quilha de navio e depois havia ainda os célebres néons que iluminavam a sala, suspensos de um lustre enorme e quando ía com a minha avó e uma tia, que gostava muito deste género de filmes, para o 2º balcão sentia-me no topo do mundo a olhar para o écran mágico do cinema lá em baixo.
"Não Desejarás o Delicadinho do Quinto"
Rámon Fernández
Foram inúmeros os filmes, que vi, do jovem Joselito e da bela Marisol, com as suas inevitáveis cantigas, mas também me recordo de uma comédia oriunda de Espanha e intitulada “Não Desejarás o Delicadinho do Quinto” / “No desearás al vecino del quinto”, com esse comediante chamado Alfredo Landa, falecido em 2014 e que nos dias de hoje seria possivelmente “politicamente incorrecto” e aqui confesso que fixei o nome de uma senhora: Ira von Furstenberg.
"O Ladrão de Quem Se Fala"
Henrique Campos
Já no que diz respeito às comédias portuguesas desses anos 60, do século xx, que foram “apagadas” da memória cinéfila, destaco a película “O Ladrão de Quem se Fala” de Henrique Campos, com o Camilo de Oliveira no protagonista, que a dada altura desce de pára-quedas, numa as suas fugas, em plena baixa Lisboeta, junto ao elevador de Santa Justa. Outra película que vi deste realizador no cinema Odeon foi “Ribatejo”, que a minha avó adorou. Tal como viria a suceder anos depois com “Os Touros de Mary Foster”, também assinado por Henique Campos. A minha avó gostava muito de touradas como se percebe bem.
"Flesh Gordon"
Michael Benveniste / Howard Ziehm
A última vez que entrei nessa sala foi para ver um tal “Flesh Gordon” de Michael Benveniste e Howard Ziehm, que peço para não ser confundido com o original “Flash Gordon” possivelmente um dos piores filmes que vi ao longo da minha vida de cinéfilo, mas também se poderá denominar como um bom exemplo do “kitsch” no cinema!
Antes de eu ter nascido esta sala albergou grandes clássicos do cinema, mas iria terminar os seus dias na década de noventa esquecida por todos e depois de ter sido votada ao abandono durante vários anos, o Cinema Odeon, na Rua dos Condes, em Lisboa, irá ser transformado em prédio de habitação e espaço comercial, embora tenha sido prometido que a sua fachada seria mantida, a ver vamos.
Rui Luís Lima
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