“Tamara Drew”
(Grã-Bretanha – 2010) – (111 min. / Cor)
Gemma Arterton, Dominic Cooper, Roger Allan,
Tamsin Greig, Bill Camp, Luke Evans, Jessica Barden.
Stephen Frears que tem dividido a sua actividade cinematográfica entre as Ilhas Britânicas e a América, desenvolvendo na sua terra natal um cinema bem oposto ao que cria em Hollywood, oferece-nos em “Tamara Drew”, uma irresistível comédia, baseando-se o argumento da película numa famosa banda desenhada intitulada precisamente “Tamara Drew”, que não é mais do que o nome da protagonista, aqui interpretada por Gemma Arterton, que ira regressar à aldeia onde nasceu para vender a casa da mãe, que entretanto falecera.
Mas antes de conhecermos Tamara Drew, o cineasta convida-nos a visitar o retiro literário fundado pelo casal Hardiment, composto por Nicholas Hardiment (Roger Allam), um escritor de romances policiais, bastante populares, mas cuja qualidade é duvidosa, literariamente falando e Beth Hardiment (Tamsin Greig), a sua fiel esposa, que trata da casa e da cozinha, oferecendo aos participantes maravilhosos acepipes, ao mesmo tempo que despacha o correio dos fans do marido respondendo a todas as cartas e procede à respectiva revisão da escrita do marido, tendo sido ela a criadora da personagem mais famosa dos romances policiais de Nicolas Hardiment. Encontramo-nos assim perante o “casal perfeito”.
A forma como Stephen Frears nos dá a conhecer os “escritores” ou “candidatos a escritor”, se preferirem, presentes no retiro é memorável, temos desde um americano chamado Glen McCreavy (Bill Camp), que se encontra a escrever uma obra sobre Thomas Hardy, investigando a vida sexual e literária do famoso escritor, ao mesmo tempo que vive o célebre “bloqueio criativo”, até uma “escritora” que publica na net, não ganhando nada com isso, até chegarmos a esses amadores, que vivem o sonho de um dia terem o seu livro impresso. Todos eles se encontram fascinados pelo sucesso de Nicholas Hardiment (Roger Allam), encontrando-se ali para descobrirem a receita, esquecendo-se que aqueles retiros literários são um dos negócios mais bem geridos pelo casal.
Mas a chegada de Tamara Drew (Gemma Arterton) vai provocar um verdadeiro reboliço na aldeia, porque a jovem londrina, se encontra bem diferente, depois de ter feito uma operação plástica ao nariz, espalhando sedução pela aldeia, libertando os desejos mais secretos do sexo masculino e a fúria do sexo feminino, ao surgir perante todos com os seus curtos calções vermelhos.
Durante a sua estadia, a jovem irá conhecer o baterista Ben Sergeant (Dominic Cooper), que em pleno espectáculo acaba com a banda, envolvendo-se com a jovem jornalista, que pretende fazer-lhe uma entrevista. Mas o pior ainda está para acontecer, porque a adolescente Jody Long (a fabulosa Jessica Barden), que possui uma atracção fatal pelo músico irá provocar uma verdadeira tempestade sentimental na aldeia, ao enviar diversos “mails” em nome de Tamara Drew, depois de ter entrado na casa desta e usado o seu computador.
Os “mails” provocam o caos e se por um lado Ben deixa Tamara, já o infiel escritor Nicholas Hardiment, que engana a esposa com um enorme saber, irá ser fotografado na companhia de Tamara, fotografia essa enviada para a esposa, que fica à beira de um ataque de nervos, sendo de imediato consolada pelo escritor americano, que vê ali a sua grande oportunidade de ultrapassar o “bloqueio criativo”.
Entramos assim num verdadeiro caos sentimental, que nos irá levar a uma tragédia de um perfeito humor negro, conduzida pela mão de Stephen Frears, que nos oferece uma comédia hilariante, mas repleta de um saber único, ao mesmo tempo que a sua direcção de actores não possui qualquer falha, todos eles estão perfeitos, nas personagens a que dão vida.
“Tamara Drew” de Stephen Frears surge assim, como uma lufada de ar fresco, numa época em que as boas comédias no cinema escasseiam cada vez mais.
Rui Luís Lima
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