“O Crepúsculo dos Deuses” / “Sunset Boulevard”
(EUA – 1950) - (110 min - P/B)
Gloria Swanson, William Holden, Eric Von Stroheim.
“Sunset Boulevard”, de Billy Wilder, é o mais célebre filme sobre o universo do cinema até hoje feito, cuja história nos é narrada por um corpo, já morto, a boiar no interior de uma piscina. Iremos assim conhecer através de Joe Gillis (William Holden), esse argumentista em busca de um êxito e os acontecimentos que antecederam a sua morte.
Tudo começou quando o seu carro, ao percorrer a tão famosa avenida “Sunset Boulevard”, interrompe a sua marcha devido a um pneu furado. Ao dirigir-se à casa mais próxima para telefonar, uma luxuosa Mansão que já vira melhores dias, é confundido com o funcionário da agência funerária que vem tratar das exéquias do animal de estimação da dona da casa, essa outrora célebre estrela do cinema mudo, chamada Norma Desmond (Gloria Swanson).
Recorde-se que Gloria Swanson, uma das mais famosas stars do período mudo da Sétima Arte, é na realidade mais nova que a personagem que interpreta, representando o filme de Billy Wilder um verdadeiro regresso à ribalta do universo cinematográfico.
Ao contrário do que se possa pensar, este não é um filme sobre a vida de Gloria Swanson, mas sim uma ficção brilhantemente elaborada por Billy Wilder, que construiu em “O Crepúsculo dos Deuses” / “Sunset Boulevard” um dos mais fascinantes filmes sobre os meandros do mundo do cinema.
E se Gillis (William Holden) é o homem certo para escrever o argumento tão desejado por Norma para o seu “come-back”, verificaremos que esta estrela decadente irá servir-se dele da mesma forma como utiliza essa figura “apagada” chamada Max von Mayerling (um Eric Stroheim extraordinário), que tudo faz para a estrela se sentir a eleita no Olimpo dos Deuses.
Iremos assim, nesta viagem por Hollywood, encontrar o próprio Cecil B. DeMille (que dirigiu Gloria Swanson em cinco películas), a representar o seu próprio papel, quando esta anuncia o seu regresso e o visita nos Estúdios de Cinema onde ele se encontra a rodar um filme. Mas o argumento que Gillis está a escrever não se adequa a ela, mas sim a uma actriz muito mais nova e quando Norma Desmond, que insiste em viver num mundo que já não existe, percebe finalmente o que se passa, não hesita em o matar, porque Gillis estava a liquidar o seu sonho de estrela imortal.
E quando a polícia chega para a prender, Max von Mayerling, esse eterno amante desprezado, num derradeiro gesto de amor e homenagem decide encenar o regresso triunfal da mulher amada, num derradeiro gesto de amor e perdição, que figura na película como uma das sequências mais célebres de “Sunset Boulevard”.
(Re)ver “O Crepúsculo dos Deuses” é entrar pela porta grande do Cinema, levado por esse Mestre da Sétima Arte chamado Billy Wilder, que nos oferece aqui um filme imortal.
Rui Luís Lima
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