“José Fonseca e Costa – Um Africano Sedutor”
Páginas: 276
Guerra e Paz/SPAutores
Foi na minha adolescência que comecei a ler as críticas de cinema de Jorge Leitão Ramos, no Diário de Lisboa e mais tarde no Semanário Expresso, um crítico que tem dedicado ao longo da sua vida uma enorme atenção à História do Cinema Português, basta aliás recordar os seus famosos Dicionários de Cinema Português, editados pela Editorial Caminho, que se têm revelado obras incontornáveis no estudo do Cinema Português.
Victoria Abril
"Sem Sombra de Pecado"
(1983)
José Fonseca e Costa é um dos mais fascinantes cineastas do denominado Cinema Novo, que nunca se quis filiar nas diversas correntes que se foram criando ao longo dos anos, optando por ser um verdadeiro outsider, construindo uma obra cinematográfica que, ao longo dos anos, conseguiu marcar esteticamente o gosto do cineasta, ao mesmo tempo que conquistava o espectador de cinema, obtendo quase sempre excelentes resultados de bilheteira, apesar de um ou outro filme não terem atingido o objectivo pretendido, como viria a suceder com “Os Cornos de Cronos”, a que se deve a figura desadequada do protagonista, que aliás manteve uma relação bastante complexa com o cineasta, ao longo da rodagem da película. Mas se falarmos em “Kilas, o Mau da Fita” e Mário Viegas, “Sem Sombra de Pecado” e Victoria Abril, “Balada da Praia dos Cães” e Raul Solnado num papel dramático, ou “Cinco Dias, Cinco Noites” com um Vitor Norte fabuloso, qualquer espectador de cinema conhece e gostou de um destes filmes que terminei de mencionar, que são bem representativos do saber deste cineasta nascido em Moçambique e chamado José Fonseca e Costa.
José Fonseca e Costa
(1933 - 2015)
Foi José Jorge Letria que lançou o convite através da SPAutores a Jorge Leitão Ramos para escrever uma biografia sobre José Fonseca e Costa e, aceite o repto, o crítico falou com o cineasta expondo as directrizes do que viria a ser este livro incontornável, sobre um dos nomes mais importantes do Cinema Novo e assim foram encontrando-se crítico e cineasta, conversando e recordando uma amizade estabelecida à longa data. Mas se o leitor pensa estar perante uma simples biografia de um cineasta ou um desses livros que abordam a filmografia de um realizador está profundamente enganado, porque Jorge Leitão Ramos oferece-nos um verdadeiro romance sobre a vida e obra de José Fonseca e Costa.
Jorge Leitão Ramos
Em “José Fonseca e Costa – Um Africano Sedutor”, acompanhamos a par e passo a vida do cineasta, desde a forma como veio estudar para o Continente e a ida para a província com a irmã, ficando ambos chocados com o frio da serra em oposição ao calor africano, vendo-se a família obrigada a optar por os levar para Lisboa, onde o clima era mais ameno, mas também toda a sua actividade política no denominado Movimento Anticolonialista e a forma como enganava as autoridades de então, para anos mais tarde descobrir que numa passagem por Angola para encontrar velhos amigos, não iria poder sair do avião oriundo de Moçambique. Mas também temos o cinema e as célebres lutas de então, nos famosos planos de produção em busca de uma oportunidade e a afirmação de um homem que sabia o que queria e lutava para o conseguir, terminando por realizar alguns dos filmes mais marcantes do Cinema Português do século XX. Infelizmente, José Fonseca e Costa deixou-nos pouco tempo antes de este livro de Jorge Leitão Ramos estar terminado, mas a leitura de “José Fonseca e Costa – Um Africano Sedutor” faz com que ele e o seu cinema permaneçam bem vivos no interior da Sétima Arte deste país.
Rui Luís Lima
O critico de cinema Jorge Leitão Ramos oferece-nos um belo retrato do cineasta José Fonseca e Costa - (1933 - 2015) viajando pela sua vida e filmografia.
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