“A Última Vez Que Vi Paris” / “The Last Time I Saw Paris”
(EUA – 1954) – (116 min/Cor)
Elzabeth Taylor, Van Johnson, Walter Pidgeon, Donna Reed, Roger Moore.
Richard Brooks nasceu a 18 de Maio de 1912 em Filadélfia tendo iniciado a sua actividade profissional como jornalista na área do desporto, já a trabalhar na rádio colaborou com Orson Welles, dando depois o salto para o Teatro. O Ano de 1941 marca o seu encontro com Hollywood, como argumentista, cuja actividade se irá dedicar ao longo de uma década, ao mesmo tempo que publica diversos romances. Delmer Daves, John Sturges e Jules Dassin serão alguns cineastas que irão utilizar alguns dos seus argumentos.
Mas como não podia deixar de ser a realização acabaria por ser abraçada por Richard Brooks, assinando em 1950 o seu primeiro filme “Crisis”, com Cary Grant no protagonista,, iniciando assim uma longa carreira cinematográfica, revelando-se como um dos mais importantes nomes da sua geração.
“A Última Vez Que Vi Paris” / “The Last Time I Saw Paris” transporta para o cinema um dos mais famosos contos de Francis Scott Fitzgerald, no qual é de imediato detectado diversos traços autobiográficos do famoso escritor norte-americano, respeitante à sua estadia em Paris, na companhia da sua mulher Zelda Fitzgerald, oferecendo-nos o retrato dessa geração perdida que fez da cidade de Paris o seu reduto.
Charles Welles (Van Johnson) encontra-se num bar de Paris, que bem conheceu num passado recente e depois de ser reconhecido pelo dono do bar, com quem trava uma conversa recheada de memórias, parte numa viagem pelo passado, que o irá conduzir até esse momento de festa, que foi a libertação de Paris do jugo alemão, no final da Segunda Grande Guerra Mundial.
Iremos assim acompanhar os festejos na cidade, com a chegada das forças norte-americanas a serem saudadas efusivamente por uma população e onde Charles Welles (Van Johnson) se irá cruzar com duas mulheres: Helen Ellswirth (Elizabeth Taylor) e Marion Ellswirth (Donna Reed), que por acaso até são irmãs.
Charles Welles acabará por se casar com a primeira, nunca percebendo como a segunda se encontra perdidamente apaixonada por ele, terminando esta por se casar com um seu colega e amigo de armas. Charles Welles irá ficar a viver em Paris, depois de se casar com Helen (Elizabeth Taylor) trabalhando como jornalista e frequentando a vida mundana com a esposa, iniciando uma vida boémia, em que o álcool irá estar bem presente, especialmente quando decide encetar uma carreira de romancista, que tarda em ter sucesso, já que vê os seus livros sempre recusados pelas editoras, dando origem a uma depressão, que o conduzirá inevitavelmente a refugiar-se na bebida e a afastar-se de todos aqueles que lhe são queridos: esposa, filha e amigos.
Ao seguir-mos a história de Charles Welles percebemos de imediato que muitas destas personagens existiram na realidade no universo de Francis Scott Fitzgerald, um dos maiores vultos da Literatura Norte-Americana, que encontrou na bebida o seu escape das contrariedades da vida e a forma como Richard Brooks nos oferece este poderoso melodrama, cativa de forma perfeita o espectador, já que estamos perante uma planificação perfeita e uma direcção de actores surpreendente, onde mais uma vez a interpretação de Elizabeth Taylor é inesquecível.
Ao mergulharmos em “A Última Vez Que Vi Paris” / “The Last Time I Saw Paris” descobrimos a essência do melodrama no cinema, revelada por esse genial cineasta chamado Richard Brooks.
Rui Luís Lima
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