Fritz Lang
"As Aranhas" / "Die Spinnen"
(Alemanha – 1919/1920) – (221 min. – Mudo - P/B)
Carl De Volt, Lil Dagover, Ressel Orla, Georg John.
Fritz Lang é hoje em dia um nome incontornável na História do Cinema e quando encerrou a sua longa carreira realizando dois filmes de aventuras “Der Tiger von Eschnapu” e “Das Indische Grabmal”, muitos viram nisso uma espécie de regresso ás origens sendo inevitável encontrar uma certa associação com essa obra mágica, de início da sua carreira, intitulada “As Aranhas” / “Die Spinnen”, realizada no período mágico do cinema mudo, nesses longínquos anos de 1919/1920 e inicialmente intitulada “As Aventuras de Kay Hoog em Mundos Conhecidos e Desconhecidos”.
Desde muito cedo, as leituras dos romances juvenis de literatura popular ofereceram ao jovem Fritz Lang viagens incontáveis através de universos de mundos perdidos, apontando-se Jules Verne e Joe May como escritores que irão decididamente influenciar o cineasta na escrita dos argumentos que irá criar para o cinema.
O argumento de “As Aranhas” / “Die Spinnen” é da sua total responsabilidade, já que nesse tempo ainda não conhecera a sua futura mulher e colaboradora: Thea Von Harbou, com quem irá assinar alguns dos mais espantosos argumentos do cinema mudo alemão, terminando essa frutuosa colaboração quando o cineasta decide abandonar a terra natal, optando Thea Von Harbou por permanecer na Alemanha.
Iremos assim acompanhar, ao longo de “Die Spinnen”, a luta que irá opor o célebre desportista Kay Hoog (Carl de Vogt) a essa organização secreta intitulada “As Aranhas”, que pretende apoderar-se das principais riquezas do mundo, para assim o manipular a seu belo prazer. Organização que se irá apresentar como uma espécie de embrião dessa outra Organização, criada posteriormente pela pena da dupla Fritz Lang/Thea von Harbou, controlada pelo célebre “Dr. Mabuse”.
A luta entre Kay Hoog (Carl de Vogt) e o temível Lio Sha (Ressel Orla), líder da poderosa Organização, irá conduzir-nos até ao mundo perdido dos Incas, passando pelas grandes Metrópoles (S. Francisco), terminando o duelo nas famosas ilhas Falkland, devido ao conflito que opôs britânicos e argentinos.
Tal como será habitual na obra do cineasta (“Metropolis” e “A Mulher na Lua” são um bom exemplo), a figura feminina será um elemento determinante para o desenrolar vitorioso da luta do herói contra as forças do mal, tema tão em voga nos romances juvenis dessa época, infelizmente hoje em dia um pouco esquecidos.
A descoberta de “As Aranhas” / “Die Spinnen”de Fritz Lang (graças à edição em DVD), oferece-nos uma verdadeira iniciação ao universo do período do Mudo do cineasta alemão, em que o cinema arrastava multidões para o interior das salas de espectáculo em busca dessas emoções fortes que só a Sétima Arte podia proporcionar.
Rui Luís Lima
Esta película dos inícios de Fritz Lang, ainda no período mudo tem a curiosidade de o argumento ser de sua autoria, só mais tarde Thea von Harbour, sua mulher irá colaborar na feitura dos argumentos dos seus filmes. Recorde-se que Fritz Lanf era um leitor apaixonado dos romances de aventuras e Jules Verne e Joe May. “As Aranhas” / “Die Spinnen” bem merece ser redescoberto!
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