"Francofonia"
(França/Alemanha/Holanda – 2015) – (88 min/Cor – P/B)
Louis-Do de Lencquesainq, Benjamin Utzerath,
Vincent Nemeth, Johanna Korthals Altes.
Quando entramos num Museu como o Louvre, por vezes nem nos lembramos nos séculos de História que navegam nas suas memórias, sejam os quadros, as esculturas ou o próprio edifício, que foi sendo alargado ao longo dos séculos. Já as suas obras de arte, oriundas das mais diversas partes do Mundo, tantas vezes fruto da pilhagem, fizeram do Louvre um Museu que respira História por todos os poros e onde Napoleão Bonaparte surge como o seu principal “Mecenas”, como iremos ver neste fabuloso filme de Aleksandr Sokurov, que trabalha os materiais à sua disposição (filme/vídeo) de forma genial, para nos contar a história da ocupação do Museu do Louvre pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.
Como alguns sabem, os altos dirigentes do Partido Nacional-Socialista alemão tinham uma certa apetência pela Arte, talvez porque um dos seus membros tinha chumbado no exame de admissão na Escola de Belas Artes e assim trataram de “adquirir” o máximo de obras para os seus Museus pessoais, dando ordem às forças de ocupação para tratarem da melhor forma as obras de Arte encontradas, embora na frente leste a directiva do senhor das aguarelas fosse a oposta: destruir tudo!
“Francofonia” conta-nos a história do relacionamento entre o director do Museu do Louvre, na época de ocupação, Jacques Jaujard (Louis-Do de Lencquesainq) e o Conde Franz Wolff-Metternich (Benjamin Utzerath) responsável máximo da Comissão Alemã para a "protecção das obras de Arte em França" e mais tarde na Europa e no Mundo, até que foi substituído pelo "famoso" Ministro dos Negócios Estrangeiros Joachim von Ribentropp, em 1942, devido aos processos burocráticos que criou para impedir a saída das obras de Arte de França, rumo à Alemanha.
A história dos laços de amizade entre estes dois homens, que amavam a Arte acima de tudo, é-nos contada de forma bem original por Aleksandr Sokurov, que nos narra também, em paralelo, o nascimento e a História do Museu do Louvre, assim como nos fala dos perigos das viagens das obras de Arte, quando elas são escondidas durante as guerras ao serem retiradas dos Museus ou, simplesmente, transportadas em contentores em navios mercantes: as imagens deixam-nos perplexos!
Aleksandr Sokurov
“Francofonia” é um desses filmes que nos marca para sempre o imaginário, porque depois de o vermos e vi o filme duas vezes no mesmo dia, ao entrarmos num Museu, seja o Louvre de Vivant Denon (leiam o livro que Philippe Sollers lhe dedicou), ou outro Museu qualquer, a nossa visão será sempre diferente, porque iremos sempre interrogar a História que percorre aquele espaço e as suas obras de Arte.
Rui Luís Lima
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