sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Pink Floyd - "The Dark Side of The Moon"


Pink Floyd
"The Dark Side of The Moon"
Harvest
1973

Roger Waters - bass, vocals, synthesizer, effects.
David Gilmour - guitar, vocals, synthesizer.
Richard Wright - keyboards, vocals, synthesizer.
Nick Mason - percussion, effects.

Barry St. John - backing vocals.
Doris Troy - backing vocals.
Leslie Duncan - backing vocals.
Liza Strike - backing vocals.

Pink Floyd

O mais-que-perfeito álbum da maravilhosa discografia dos Pink Floyd, sendo extremamente curioso que durante as diversas crises económicas que têm atingido o universo neste milénio, ninguém se tenha recordado do tema que abre o lado B de “The Dark Side of The Moon” e que na época do seu lançamento (1973) era o mais tocado na rádio, com aquele ruído característico das máquinas registadoras e as respectivas moedas a caírem no seu interior. Estou-me a referir, caso desconheça, ao tema “Money”.

Rui Luís Lima

Pink Floyd
"Money"

Eric Rohmer - “A Árvore, o Presidente e a Mediateca” / “L’Arbre, Le Maire et Le Médiathéque”


Eric Rohmer
“A Árvore, o Presidente e a Mediateca” / “L’Arbre, Le Maire et Le Médiathéque”
(França – 1993) – (105 min. / Cor)
Pascal Grehhory, Arielle Dombasle, Fabrice Luchini,
Clémentine Amouroux, François-Marie Banier.

“A Árvore, o Presidente e a Mediateca”, de Eric Rohmer, é um verdadeiro “ovni” no interior da filmografia deste cineasta francês, tendo sido realizado logo a seguir à feitura de “Conto de Inverno”. Nesse ano de 1993 Eric Rohmer decidiu oferecer-nos a sua visão do interior da França, partindo da célebre oposição cidade/campo.


Julien Dechaumes (Pascal Greggory) é um Presidente de Câmara Socialista, que sabe não ter hipóteses de ser célebre em Paris, decidindo permanecer na província, onde desenvolve a sua actividade partidária, embora passe a maior parte do tempo na capital Parisiense, pretendendo instalar na cidade onde exerce funções uma enorme Mediateca, símbolo do progresso, num terreno onde se encontra uma árvore milenária.


Iremos assim assistir aos preparativos da construção desse grande empreendimento, que até possui financiamento do Governo, graças aos seus bons conhecimentos no interior do Partido, porém uma voz irá levantar-se contra esse projecto: Marc Rosignol (Fabrice Luchini) professor na pequena cidade.


Embora saiba que a sua luta para impedir a descaracterização da região se encontra votada ao fracasso, Marc Rosignol não desiste de defender os seus pontos de vista e quando é entrevistado por uma jornalista de uma revista, convidada pelo próprio Presidente de Câmara, a sua mensagem surge muito mais sedutora, acabando por se transformar na vedeta da publicação dedicada ao assunto, relegando para plano secundário a outra entrevista dada por Julien Dechaumes, fruto desses anos em que o movimento ecologista dava os primeiros passos.


Em “A Árvore, o Presidente e a Mediateca” / “L’Arbre, le maire et la médiathèque”, Eric Rohmer oferece-nos o confronto entre duas visões do denominado progresso, tomando o cineasta partido pelo campo, em oposição à cidade, ao mesmo tempo que nos apresenta uma película de ficção, que vai beber a sua essência ao documentarismo, veja-se aliás a forma como o Arquitecto nos apresenta o projecto numa conversa com o Presidente de Câmara ou as entrevistas que a jornalista Blandine Lenois (Clémentine Amouroux), faz aos habitantes da pequena cidade de província.


Mais uma vez Eric Rohmer mantém-se fiel ao seu estatuto de autor, construindo um filme com um argumento mínimo, mas bastante “palavroso”, no bom sentido da palavra, como é seu hábito, ou não fosse ele conhecido como o cineasta da palavra, oferecendo-nos uma reflexão sobre os caminhos do denominado progresso e as lutas que ele desperta.

Rui Luís Lima

"Man Ray" - Emmanuelle de l'Ecotairs Katherine Ware


"Man Ray"
Emmanuelle de l'Ecotairs
Katherine Ware
Páginas: 224
Taschen

A editora alemã Taschen pratica uma política de edição de obras de excelente qualidade gráfica a preços baixos e sempre com conteúdos bem aliciantes. Para contornar os custos de produção dos livros, algumas dessas edições são apresentadas com os textos que as acompanham, em diversas línguas, como sucede com este belo livro dedicado ao fotógrafo Man Ray. Uma edição em grande formato ou “álbum”, se preferirem uma linguagem de livreiro, surgindo assim os textos em espanhol, italiano e português.

Man Ray
(1890 - 1976)

Quando se fala em surrealismo e fotografia, o nome que de imediato nos vem à memória é precisamente o de Man Ray e precisamente por isso mesmo, este livro abre com um texto de André Breton, sobre o fotógrafo, intitulado “Sobre Man Ray”. Depois temos dois ensaios: “O Químico das Misturas – A Vida e a Obra Fotográfica de Man Ray" da autoria de Katherine Ware e “Man Ray criador da Fotografia Surrealista” assinado por Emmanuelle de l'Ecotairs.

Lee Miller & Man Ray

Esta bela edição com inúmeras reproduções dos trabalhos do artista é da responsabilidade de Manfred Heiting.

Rui Luís Lima

Billy Wilder - "Irma La Douce"


Billy Wilder
"Irma La Douce"
(EUA – 1963) – (142 min. / Cor)
Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Lou Jacobi, Bruce Yarnell, Hersch Bernardi.

Todos nós, ao longo da vida, vamos mantendo determinadas relações com os filmes como sucede com as pessoas, conhecemos e apaixonamo-nos, mas por vezes sucedem aqueles amores que duram uma vida inteira ou melhor dizendo que permanecem até aos dias de hoje. Isto para dizer que a primeira vez que me encontrei com “Irma La Douce” foi no cinema S. Jorge, certamente já numa reposição, nessa época havia uma enorme cinefilia a correr pelas ruas.


Naquele dia, na sessão da tarde, travei conhecimento com aquela habitante de Les Halles conhecida por todos como a bela “Irma La Douce” (Shirley MacLaine) e nunca mais me esqueci dela, naquela conhecida rua onde florescia o famoso “Hotel Casanova”, ao lado do não menos famoso bistrot “Chez Moustache”, dirigido pelo mais célebre contador de histórias, Moustache “himself” (Lou Jacobi), governando com profunda sabedoria esse local frequentado por turistas (que adoravam a sua sopa de cebola), polícias, meninas e respectivos “protectores” (“não fosse alguém meter-se com elas”), tudo girava sobre rodas naquele pequeno mundo situado no bairro de Les Halles. De todas as meninas, havia uma que trazia sempre o seu cãozinho ao colo, enquanto fumava gitanes atrás de gitanes, o seu olhar verde confundia-se muitas vezes com a cor das suas meias e roupas, e não havia homem no universo que não desejasse estar com ela, “para escutar as histórias da sua infância”, alteradas de acordo com o cliente. Repare-se na forma genial como Billy Wilder nos vai oferecendo, logo no início do filme, os diversos relatos da “triste vida” de Irma La Douce, ao mesmo tempo que o genérico vai passando.


Naquele quarteirão de Paris onde, como já dissemos, tudo girava sobre rodas, chega o dia em que o jovem Nestor (Jack Lemmon) surge de serviço na zona. Ele que era um polícia condecorado por ter salvo uma criança, estava agora numa área bastante diferente da cidade e por isso mesmo quando encontra Irma La Douce aconselha-a a não andar por ali. Os diálogos travados são de uma perfeição absoluta, graças também a esse grande nome da comédia chamado I.A.L. Diamond (fixem-lhe o nome porque ele merece).


Estamos assim a viver no melhor dos mundos, sem “atropelos”, até ao momento em que Nestor decide alterar as regras do jogo e fazer uma rusga no Hotel Casanova prendendo as meninas e tomando nota da identidade dos clientes (entre os quais se inclui o próprio Inspector Lefevre). Começa então a caminhada rumo ao abismo do jovem polícia, muito pouco habituado a relacionar-se com o sexo oposto, como veremos durante a viagem até à esquadra, onde todas se metem com ele excepto Irma La Douce.


Chamado ao seu chefe, reconhece no Inspector um dos clientes levados na rusga e repara no erro cometido. Como se não chegasse, ao tirar o chapéu da cabeça, começam a cair notas de francos no chão da esquadra. De imediato é expulso da polícia, acusado de corrupção e como não tem para onde ir, dirige-se até ao local onde tinha feito as detenções. Desta feita não se trata do ladrão que regressou ao local do crime, mas sim ao início de uma das mais belas histórias de amor contadas pelo cinema, em jeito de comédia, porque a comédia é a vida. Começa aqui a história que irá mudar a vida de Irma La Douce.


Billy Wilder apresenta-nos uma galeria de personagens imbatível, desde o famoso Hippolyte a quem todos respeitam, passando pela Lolita e os seus famosos óculos, a Amazona, a Cossaca, chegando até essas irmãs, gémeas em tudo e como não podia deixar de ser o famoso Moustache e as suas histórias.


Devido aos seus bons sentimentos, Nestor defende Irma La Douce do bruto Hippolyte e quando este fica fora de combate, o ex-polícia ocupa o seu lugar de “protector” e vai viver para casa de Irma, que lhe promete deixar de fumar, mas com o passar do tempo ele não consegue desempenhar o papel que ela lhe oferece na sociedade, ao trabalhar na mais antiga profissão do mundo para ele. Um dia, em desespero de causa, Nestor decide criar uma personagem que irá alterar a vida de ambos, o célebre Lord X, um “inglês de gema”, que irá passar a pagar-lhe 500 francos em vez dos habituais 50 transformando-se no seu único cliente.


E aqui Billy Wilder constrói uma das mais delirantes sequências, quando Lord X começa a contar a sua vida usando como base os filmes ingleses que tinha ido ver ao cinema para treinar a célebre pronúncia, é um perfeito delírio de “Gunga Din e os lanceiros da Índia, até ao “Lawrence da Arábia”, passando pela “Ponte do Rio Kwai”, que lhe caiu em cima, tudo aconteceu ao distinto Lord X, mas agora que eles se encontraram o seu destino está traçado.


Desta forma, Billy Wilder oferece-nos o conflito que vai opor Lord X a Nestor, um conflito interior, que só pode terminar com a morte de um deles já que Nestor, para continuar a pagar uma soma tão elevada a Irma La Douce, trabalha no célebre mercado de Les Halles, como um escravo, entrando e saindo pela varanda enquanto ela dorme.


Depois de ter sido apanhado num dos seus regressos a casa, Nestor e Irma La Douce começam a viver de costas voltadas e após Lord X desaparecer de circulação nas águas do Sena, o nosso herói é acusado e condenado, devido a esse grande mestre da advocacia que se chama Moustache!


Mas como Billy Wilder nos ensinou, uma história de amor como esta, em jeito de comédia, só poderá ter um final feliz, porque tudo é permitido e plausível. Depois da fuga da prisão Nestor refugia-se na casa de Irma La Douce, o primeiro local onde a polícia o vai procurar, criando o cineasta a mais delirante de todas as sequências do filme, com ele vestido de polícia à procura de si mesmo.


Esta crónica, que se tornou um perfeito divertimento para quem a escreve, está à beira do fim e depois de Lord X ter ressuscitado nas margens do Sena, noutra sequência inesquecível e Nestor ser ilibado pela polícia, não há nada como esse casamento seguido de parto para prazer de todos os participantes, excepto um tal Lord X que permaneceu sentado na igreja e aqui Moustache, esse fabuloso contador de histórias, deixou-nos a meio do seu raciocino perante tal aparição porque isso, meus caros amigos, é outra história.


E àqueles que tiveram a coragem e paciência de passearem comigo através das ruas de Les Halles, escutando a história maravilhosa de Irma La Douce, procurem este filme se não o conhecem, porque ele, de certeza, irá fazer parte dessa dvdteca ideal, que todos ambicionamos possuir um dia.

Rui Luís Lima

«Tomahawk» Tom - "Colt City - A Cidade Sem Lei" - Vítor Péon / Edgar Caygill


«Tomahawk» Tom
"Colt City - A Cidade Sem Lei"
Argumento: Edgar Caygill (Roussado Pinto)
Desenhos: Vítor Péon
Colecção Condor nº.3
Ano: 1951

A banda desenhada feita por portugueses era uma constante nestes anos e Vítor Péon será um desses nomes, enquanto Roussado Pinto escrevia utilizando diversos pseudónimos. «Tomahawk» Tom foi um popular cow-boy na banda desenhada do nosso país, tendo surgido as suas aventuras no célebre "Jornal do Cuto", já com a utilização dos balões com texto, algo que não sucedia nos primeiros anos.

Rui Luís Lima

Vincent van Gogh - "Vue sur les totits de Paris"


Vincent van Gogh
"Vue sur les totits de Paris"
Óleo sobre tela
45,6 x 38,5 cm.
Ano: 1886
National Gallery of Ireland, Dublin

Jack DeJohnette - “Pictures”


Jack DeJohnette
“Pictures”
ECM 1079
ECM Records
1977

Jack DeJohnette – drums, piano, organ.
John Abercrombie – electric guitar, acustic guitar.

1 – Picture 1 – 4:48
2 – Picture 2 – 7:57
3 – Picture 3 – 5:13
4 – Picture 4 – 5:21
5 – Picture 5 – 6:05
6 – Picture 6 – 7:52

Quando muitos descobriram o álbum de duetos de Keith Jarrett e Jack DeJohnette, intitulado “Ruta and Daytia”, ficaram surpreendidos pela versatilidade do célebre baterista, nunca sendo demais recordar que durante vários anos ambos tocaram juntos no quarteto liderado por Charles Lloyd, eram os célebres anos 60, do século passado.

Jack DeJohnette
(1942)

Nos dias de hoje sabemos que muitas vezes era o próprio Jack DeJohnette que fazia afinações no piano de Jarrett nos concertos em trio, como também já foi editado o célebre “Jack DeJohnette Piano’s Album” pela etiqueta “Landmark” em 1985, para além de o baterista, nas últimas décadas, nos álbuns que grava gostar de ter quase sempre uma passagem pelo piano numa das faixas.

John Abercrombie
(1944 - 2017)

Neste magnifico “Pictures”, encontramos uma verdadeira Exposição da Arte deste famoso baterista e multi-instrumentista, que muitos consideram o pianista da bateria, tal é a forma como ele a usa e aqui junta-se o órgão, para além do contributo de John Abercrombie nas guitarras (eléctrica e acústica) em três dos temas, criando atmosferas bem aliciantes para o apreciador de jazz e não só, porque por aqui vai-se muito mais além das fronteiras do jazz, embora este seja um género musical que há muito aboliu as fronteiras da sua música.

Gravado em Fevereiro de 1976 no Talent Studio, Oslo, por Jan Erik Kongshaug. Fotografia da capa do álbum de Roberto Masotti. Layout de Dieter Bonhorst. Produção de Manfred Eicher. Todos os temas são da autoria de Jack DeJohnette excepto o tema 3 composto por Jack DeJohnette e John Abercrombie.

Rui Luís Lima

Michael Curtiz - “Máscaras de Cera” / “The Mystery of The Wax Museum”


Michael Curtiz
“Máscaras de Cera” / “The Mystery of The Wax Museum”
(EUA – 1933) – (77 min./Cor)
Lionel Atwill, Fay Wray, Glenda Farrell.

Michael Curtiz, esse cineasta húngaro que escolheu o Novo Mundo como a sua nova pátria, foi um trabalhador incansável, realizando na década de 30, do século passado, diversos filmes por ano e quando o ano de 1933 chegou surgiu com um filme de terror que iria surpreender tudo e todos, intitulado “The Mistery of The Wax Museum” / “Máscaras de Cera”, que tinha ainda a particularidade de ser a cores e que cores! Recorde-se que a cópia do filme a cores foi dada como perdida durante largos anos, tendo sido descoberta na década de 60 e nos dias de hoje restaurada de forma brilhante, “metendo num chinelo” os filmes de terror que “crescem por aí como cogumelos”!


Uma das particularidades de “Máscaras de Cera”, para além de ser um clássico no género de terror, prende-se com a espantosa interpretação de Fay Wray, ao dar corpo e voz à intrépida jornalista Charlotte Duncan, que perante o pré-aviso de despedimento procura uma história, encontrando no “Wax Museum” algo de misterioso e bem perverso, a começar no seu proprietário, passando pelos criadores das figuras de cera, terminando por se deparar perante o abismo, quando descobre a verdade.


Por outro lado gostaria de vos contar que no dia em que entrei pela primeira vez, bastante fascinado no Museu Grévin em Paris, apanhei um dos maiores sustos da minha vida, que me deixou boquiaberto, quando uma dessas figuras de cera me sorriu! Mas pior foi o cavalheiro que se encontrava atrás de mim, que deu um salto, indo contra a senhora que o acompanhava. É claro que a Paula se fartou de rir!


A razão por que vos conto esta história prende-se com o facto de algumas das figuras de cera que vimos no filme, se tratarem de pessoas de carne e osso, como sucede com a célebre Joana D’Arc, que será observada atentamente por Charlotte Duncan (Fay Wray), enquanto outras são mesmo feitas de cera num magnífico trabalho de criação artística.


Regresso a Fay Wray para vos chamar à atenção da velocidade dos diálogos na boca dela, recordando o que virá a fazer uma década depois Howard Hawks na famosa comédia “His Girl Friday” / “O Grande Escândalo”, com os diálogos entre Cary Grant e Rosalind Russell. Em “The Mistery of The Wax Museum”, a bela Fay Wary demonstra-nos a versatilidade do seu enorme talento, não nos esqueçamos que o famoso “King Kong” é precisamente desse mesmo ano.


“Máscaras de Cera” / “The Mistery of The Wax Museum” é uma obra-prima do cinema de Terror, realizada por Michael Curtiz!

Rui Luís Lima

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Dolly Parton / Emmylou Harris / Linda Ronstadt - "Trio :Farther Along"


Dolly Parton, Emmylou Harris, Linda Ronstadt
"Trio :Farther Along"
Warner Bros. Records
2016

Emmylou Harris / Dolly Parton / Linda Ronstadt

Numa época em que infelizmente Linda Ronstadt já não canta, este belo duplo cd intitulado "Trio. Farther Along" reúne um conjunto de canções gravadas nas décadas de oitenta e noventa, por Emmylou Harris, Linda Ronstadt e Dolly Parton, que não foram incluídas nos dois álbuns deste famoso "Trio" de vozes da "ccountry music", sendo de destacar os temas "Even Cowgirls Get The Blues" e "Mr. Sandman". Um duplo cd que serve também de duas amigas chamadas Emmylou Harris e Dolly Parton, homenagearem uma terceira amiga chamada Linda Ronstadt senhora de uma voz única!

Rui Luís Lima

Dolly Parton / Emmylou Harris / Linda Ronstadt 
"Making Plans"

Arne Glimcher - “Os Reis do Mambo” / “The Mambo Kings”


Arne Glimcher
“Os Reis do Mambo” / “The Mambo Kings”
(EUA – 1992) – (104 min./Cor – P/B)
Armand Assante, Antonio Banderas, Maruschka Detmers, Cathy Moriarty.


Arne Glimcher, antes de realizar este fabuloso filme, já entrado numa idade outonal, desempenhava funções de Produtor e esta sua estreia revelou-se como uma das mais brilhantes ocorridas em Hollywood, porque este filme intitulado “Os Reis do Mambo” / “The Mambo Kings”, nascido do livro de Oscar Hijuelos, que ganhou o famoso Prémio Pulitzer em 1990, (sendo aliás o primeiro Hispano a ser galardoado com este Prémio) é na verdade uma obra literária que prende o leitor da primeira à última página e Arne Glimcher, depois de o ler, ficou tão fascinado que decidiu ser ele mesmo o realizador da película e podemos afirmar que ficou muito bem entregue, porque temos uma realização brilhante, com uma direcção de actores fabulosa e onde os tons quentes da fotografia de Michael Balhaus contrastam com os tons frios da tragédia, a par de uma banda sonora que nos entra no corpo e nos faz dançar com os sentimentos, como essa inesquecível canção intitulada “Beautiful Maria of My Soul”, que foi escrita pelo cineasta.


Uma última palavra para esse grande actor chamado Armand Assante, que aqui nos revelava todo o seu enorme talento, destacando-se do restante trio de protagonistas, também eles excelentes: Antonio Banderas, que aqui se estreava no “Novo Mundo”, a belga Maruschka Detmers, que ficou famosa no filme “O Diabo no Corpo” / “Diavolo in corpo” de Marco Bellocchio) e Cathy Moriarty, que muitos se recordam de ver em “O Touro Enraivecido” / “Raging Bull”de Martin Scorsese.

 Antonio Banderas & Armand Assante

Venha conhecer a história dos irmãos Castillo, fugidos de Cuba, em terras americanas, nesses anos cinquenta do século xx, em que a tórrida música cubana começava a dar cartas nos clubes nova-iorquinos, mas Nestor Castillo nunca se irá esquecer desse amor chamado Maria Rivera, deixado na ilha e por causa de quem ele foi obrigado a fugir!

Rui Luís Lima

Lawrence Durrell - "Judith"


Lawrence Durrell
"Judith"
Open Road
Paginas: 306

"Judith" foi inicialmente um argumento cinematográfico escrito por Lawrence Durrell, mas os produtores exigiram alterações e Durrell assim fez, de forma profunda, mas mais tarde terminou por se afastar do projecto.

Lawrence Durrell
(1912 - 1990)

Sophia Loren irá dar corpo e vida a "Judith", enquanto Lawrence Dureell decide escrever um livro com o mesmo nome aproveitando parte do argumento cinematográfico da sua autoria (recorde-se que o escritor trabalhou por diversas vezes como argumentista) e assim irá nascer um livro com poucos pontos de contacto com o filme, embora a sua leitura se revele profundamente cinematográfica tal a força da sua escrita.

Como alguns sabem a obra de Lawrence Durrell, terminou por definir o seu autor como o mais perfeito escritor "anarquista" (o termo não é meu, mas concordo), tendo em conta a bela diversidade da sua obra: poesia, teatro, viagens, filosofia, literatura.

"Judith"
Daniel Mann
(EUA - 1966) - (109 min./Cor)
Sophia Loren, Peter Finch, Jack Hawkins.

"Judith" surge-nos como próximo da sua novela "Águias Brancas Sobre a Sérvia", mas também com alguns rasgos geniais do seu mais que famoso "Quarteto de Alexandria".

Chegados aqui convém colocar a questão: porque ignoram os editores portugueses esta obra intitulada "Judith" de um dos maiores nomes da Literatura do século XX?

Rui Luís Lima

Jean-Pierre Melville - “O Denunciante” / “Le Doulos”


Jean-Pierre Melville
“O Denunciante” / “Le Doulos”
(França – 1962) – (108 min. - P/B)
Jean-Paul Belmondo, Serge Reggiani, Jean Desailly, Michel Piccoli.

“Le Doulos” é o homem que usa chapéu, mas em calão o seu significado é, simplesmente, “o bufo”. É precisamente disso que trata este policial de Jean-Pierre Melville. Antes de chegarmos até essa personagem interpretada por Jean-Paul Belmondo, um gangster bufo no interior do submundo do crime, convém referir que, tal como sucedia no “film noir” norte-americano, todos os gangsters usam o inevitável chapéu, não como acessório, mas sim como peça fundamental da sua imagem havendo, como em tudo, a excepção que quebra a regra, neste filme ela chama-se Jean (Aimé de March), cujo ar de bom cidadão engana o próximo.


Esta película revela, para quem desconhecia a sua outra Arte, um actor fabuloso chamado Serge Reggiani na figura de Maurice Faugel, o gangster cujo golpe é denunciado. Curiosamente ele um homem da “chanson”, tal como Charles Aznavour que também é um excelente actor, surge aqui a vestir a pele de uma personagem a quem é estendida a teia mortífera pela aranha Silien (Jean-Paul Belmondo) e tudo devido à perda de um ente amigo, ou seja a amizade como sinónimo de lealdade num mundo de gangsters.


Logo no plano de abertura, um longo “take” do cineasta, que nos oferece de imediato o ambiente em que vai decorrer toda a película, a noite. Ela é o local preferido para os personagens do submundo se movimentarem, algo que “Bob le Flambeur” / “Bob o Jogador” já nos tinha ensinado.


Por outro lado, a forma como a acção vai decorrendo oferece-nos um argumento espantoso, baseado no romance de Pierre V. Lesou, que nos deixa perfeitamente agarrados à cadeira. Depois temos a forma brilhante como Jean-Pierre Melville trata o “flashback”, oferecendo-nos a mentira de forma tão real, que quase acreditamos nas falsas verdades narradas por Silien (Jean-Paul Belmondo) a Faugel (Serge Reggiani).


Ao vermos este “polar” somos obrigados a reconhecer em Jean-Pierre Melville o mais americano dos cineastas franceses, que até possui um filme rodado na Big Apple, “Deux Hommes dans Manhattan” / “Dois Homens em Manhattan”, para tal basta olhar a forma como ele monta o filme de forma rápida e concisa, sem um plano a mais ou a menos, excepto na sequência final, em que a vida das personagens é jogada de forma lenta mas precisa, terminando por o desejo de “Le Doulos” ficar ausente para sempre... “esta noite não irei estar contigo”.


Só para terminar, uma última palavra para a excelente direcção de actores. Serge Reggiani é a grande surpresa deste filme, mas nele existem mais e para tal basta comparar a forma como Jean-Paul Belmondo veste a personagem, bem distante da figura de “O Acossado” / “À Bout de Souffle” de Jean-Luc Godard; depois temos sempre a surpreendente interpretação de Jean Desailly na pele do “manhoso” inspector Clain, ele que seria o protagonista de “Angustia” / “La Peau Douce” de François Truffaut. Quanto a Michel Piccoli está como peixe na água e como “não há polar sem bela”, nunca é demais referir a forma sensual como Jean-Pierre Melville filma o corpo feminino. “O Denunciante” / “Le Doulos” foi um dos maiores sucessos de público de Jean-Pierre Melville.

Rui Luís Lima