Tinha perdido o sentido das palavras
e um dia numa simples ligação
descobri três letras nascidas nas marcas do deserto
indicadoras do caminho do oásis.
Chegado lá saciei a minha sede de poesia
e comecei a edificar a minha casa no bairro,
mas no vocabulário da minha nova casa
não poderia haver portas fechadas, nem chaves,
apenas uma entrada larga para uma simples sala,
onde a todos fosse permitido habitar,
apesar de por vezes existirem olhares não coincidentes
e se trocarem ideias opostas.
Os antagonismos gerados pelas palavras,
conduzem a um labirinto sem portas,
enquanto o direito à diferença
origina o saber e a beleza da descoberta
de novos mundos e de outros seres,
para partilhar o mesmo território de liberdade,
na diversidade das linguagens,
e assim nasceu a escrita no deserto,
como aprendi recentemente.
O prazer da escrita não possui tempo nem lugar,
ele existe em comunhão com o desejo,
o desejo sem deveres nem leis,
porque as palavras nascem livres de condicionalismos
e só assim é possível nascer a poesia.
Rui Luís Lima
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