domingo, 9 de fevereiro de 2025

Liliana Cavani - “O Porteiro da Noite” / “Il portieri di notte”


Liliana Cavani
“O Porteiro da Noite” / “Il portieri di notte”
(Itália - 1974) – (118 min./Cor)
Dirk Bogarde, Charlotte Rampling, Philippe Leroy.

Liliana Cavani ao longo da sua filmografia nunca se apresentou como uma cineasta convencional, antes optando por temas polémicos por um lado, como sucedeu com este “O Porteiro da Noite” / “Il portieri di notte”, ou temas tabu como irá suceder com “O Caso de Berlin” / “The Berlin Affair”, já aqui abordado, para situar apenas duas películas centradas no mesmo período, a Segunda Grande Guerra.


Desta feita a cineasta italiana conta com dois nomes enormes da Sétima Arte, Dirk Bogarde e Charlotte Rampling, que irão vestir a pele do torcionário nazi e da sua vítima, num campo de concentração, que 13 anos após o final da guerra se irão cruzar uma noite em Viena, no hotel onde Max (Dirk Bogarde) trabalha e ela é hóspede com o seu marido.


Desta feita estamos bem longe desse outro olhar, sobre o mesmo tema, que nos foi oferecido pelo cineasta polaco Andrzej Munk no seu fabuloso filme “A Passageira” / “Pasazerka”, datado de 1963, que nos oferecia o encontro entre uma prisioneira de um campo de concentração com uma das suas carcereiras, anos depois, a bordo de um navio. Na verdade Liliana Cavani opta por explorar até às últimas consequências a relação sado-masoquista que se estabelece no campo de concentração entre Max (Dirk Bogarde) e Lucia (Charlotte Rampling), que 13 anos depois irão percorrer os corredores da memória, à beira do abismo.


Estávamos nos anos setenta e os cineastas italianos todos os anos nos ofereciam filmes que após a estreia eram de imediato alvo de enormes polémicas, como sucedeu com este quarteto cinematográfico:

1972 – Bernardo Bertolucci e “O Último Tango em Paris”
1973 – Marco Ferreri – “A Grande Farra”
1974 – Liliana Cavani – “O Porteiro da Noite”
1975 – Pier Paolo Pasolini – “Saló ou os 120 Dias de Sodoma”


Eram os anos 60/70 e o cinema por muito discussão que gerasse oferecia a oportunidade do confronto de ideias, com debates por vezes verdadeiramente apaixonantes de ambos os lados das barricadas cinéfilas, que o digam os “Cahiers du Cinéma” e a “Positif”!


Uma última nota para a interpretação memorável dessa actriz enorme chamada Charlotte Rampling, que teve no seu colega de profissão Dirk Bogarde, o parceiro perfeito, nesta película de Liliana Cavani, que não deixou ninguém indiferente.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Liliana Cavani - (1933)
    Classificação: 3 estrelas (***)
    Estreia em Portugal: 16 de Setembro de 1976.

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