segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Robert Luketic - “Uma Sogra de Fugir” / “Monster-in-Law”


Robert Luketic
“Uma Sogra de Fugir” / “Monster-in-Law”
(EUA - 2005) – (102 min. / Cor)
Jane Fonda, Jennifer Lopez, Michael Vartan, Wanda Sykes.

Todos nós sabemos como um dia Robert de Niro decidiu ser “Um Sogro do Pior” / “Meet the Parents”, oferecendo-nos uma comédia fabulosa, que até originou uma sequela e também nessa película conhecemos a sua “mulher”, muito diferente dele. Se um dia nos deparasse pela frente uma sogra igual a ele seria de fugir a sete pés. Porém, não tivemos de esperar muito porque Jane Fonda decidiu vestir a pele de Bob de Niro no feminino, tornando-se numa sogra de fugir, que o diga a Jennifer Lopez.


Estávamos assim não perante mais uma comédia, mas sim face ao regresso de Jane Fonda ao grande écran, depois de uma ausência de 15 anos. Uma década e meia depois da actriz, ainda, nos surpreender nessa obra-prima de Martin Ritt “Para Íris Com Amor” / “Stanley & Íris”, ela volta a dar cartas, como a grande Senhora que todos conhecemos, deixando aeróbicas de parte e Ted Turner para trás. Esta divertida comédia intitulada “Uma Sogra de Fugir” / “Monster-In-Law”, revela-se uma saborosa comédia do australiano Robert Luketic, que já nos tinha oferecido anteriormente uma “Legalmente Loura” / “Legally Blonde” chamada Reese Witherspoon.


Para acompanharmos as diabruras desta sogra foram convocados para seu filho Michael Vartan, que já tinha dado boas indicações nessa obra fabulosa de Mark Romanek “One Our Photo” / “Câmara Indiscreta”, um magnifico ensaio sobre a solidão, onde Robin Williams brilhava, sendo o Michael o marido infiel de Connie Nielsen, comoalguns devem estar recordados. Depois, para compor a figura da nora perseguida nada melhor do que Jennifer Lopez, repetindo um papel já interpretado no cinema como “cinderela”. Ela é Charlote Cantilini ou Charlie para os amigos se preferirem. Tem como profissão passear os cães dos ricos pela praia de Venice, na bela Santa Mónica, e será aí que se irá encontrar com o belo e rico médico cirurgião Kevin Fields (Michael Vartan) dando-se então início ao amor provocado pela célebre seta do Cupido e tudo irá correr bem até esse famoso dia em que ela irá conhecer Viola (Jane Fonda) a futura sogra.


Vamos então assistir ao show de Jane Fonda na figura dessa temível sogra que tudo fará para destruir o casamento do filho. Pela frente ela é só doçuras, nunca hesitando no comentário depreciativo cheio de charme, para demonstrar à futura nora que ela se enganou no número da porta, o seu querido filho nunca poderá casar com uma mulher como Charlie e actuando desta forma, Viola, sempre mergulhada em calmantes, irá tudo fazer para demonstrar a Kevin como ele escolheu a mulher errada e que mesmo que ela fosse a última mulher ao cimo da terra nunca poderia contrair matrimónio com ele.


A actuação de Jane Fonda é de tal forma electrizante, que nos esquecemos da presença de Jennifer Lopez, os seus ataques de fúria perfeitamente descontrolados são perfeitos e depois temos a sua assistente Ruby (Wanda Sykes), sempre pronta a deitar “água na fervura”, não vá o “caldo entornar à vista de todos”. Surge então esse momento sublime da recepção em que a querida sogra compra um vestido para a futura noiva, fazendo sobressair de forma escandalosa o corpo de Jennifer Lopez.


Encontrar Jane Fonda nesta comédia é uma perfeita delícia, porque como sabemos ela não necessita de provar nada, todos conhecemos o seu talento, basta recordar filmes como “Julia”, “Os Cavalos Também se Abatem” / “They Shoot Horses, Don’t They?”, “Klute” ou “Descalços no Parque” / “Barefoot in the Park” e ficamos por aqui porque a lista é longa. A Jane que um dia rodou “Tout va Bien” ao lado de Yves Montand, assinando no filme o seu contrato, ou a erótica “Barbarella”, fazem parte integrante do seu curriculum, já para não falar dessa ida polémica a Hanói, em plena guerra do Vietname, para ser fotografada em cima de um tanque, escandalizando a América e a família. Essa família Fonda tão desavinda e tão talentosa, ou não fosse ela filha de Henry Fonda e como todos sabemos filha de peixe sabe nadar, que o digam o irmão Peter Fonda e a sobrinha Bridget Fonda. Curiosamente seria com “Uma Casa no Lago” / “On Golden Pond”, que essa família talentosa mostraria ao mundo, como o passado não pode interferir com o presente. Aliás foi ela quem foi receber o Oscar atribuído ao pai, já que ele se encontrava doente em casa.


Regressando a “Uma Sogra de Fugir” somos obrigados a reconhecer que estamos perante um “One Woman Show”, porque ela é o filme, chegando por vezes a obrigar-nos a recordar os tempos dessa Hollywood das “screwball comedy”, em que pontificaram Carole Lombard e Gregory La Cava. Infelizmente o realizador de “Monster-In-Law”, não possui a arte de La Cava, embora não interfira de forma alguma com o talento de Jane Fonda. Ela enche o écran, fazendo-nos esquecer os seus partenaires, nora e filho, ou melhor Jennifer e Michael, embora tenha em Wanda Sykes uma actriz à altura para responder com charme e humor a todas as suas réplicas, tornando desta forma “Uma Sogra de Fugir” uma comédia no feminino, cheia de humor.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Robert Luketic - (1973)
    Classificação: 4 estrelas (****)
    Estreia em Portugal: 21 de Julho de 2005
    Podermos afirmar que Jane Fonda é o filme, revelando um enorme saber como actriz de comédia.

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