domingo, 9 de fevereiro de 2025

Robert Siodmak - “A Mulher Desconhecida” / “Phantom Lady”


Robert Siodmak
“A Mulher Desconhecida” / “Phantom Lady”
(EUA – 1944) – (87 miin. – P/B)
Franchot Tone, Ella Raines, Alan Curtis.

O nome do cineasta Robert Siodmak pertence a esse colectivo “alemão” que um dia realizou um filme verdadeiramente fundador de um novo cinema, quando em 1930 surgiu a película “Manschen am Sonntag” (possivelmente a película que mais vezes vi deste genial cineasta), mas nunca é demais referir os outros nomes que assinaram este filme incontornável, seja na realização como no argumento, já que se trata de um trabalho colectivo: Fred Zinnemann, Edgar G. Ulmer, Curt Siodmak, Rochus Gliese e Billy Wilder.


Após esta pequena introdução para situar o cineasta de “The Killers”, entramos neste inesquecível “film noir” intitulado “Phantom Lady” / “A Mulher Desconhecida”, indo de imediato ao encontro desse homem só num bar, sem saber se pretende companhia ou não, mas que termina por convidar para um espectáculo a dama solitária que por ali anda, com um estranho chapéu e este acessório feminino, bem original, será o “macguffin” do filme, usando a terminologia hitchcockiana, porque se por um lado iremos estar num verdadeiro “blind date”, já que a dama se recusa a dizer o seu nome e mais tarde desaparece de circulação, por sua vez o perdido Scott Anderson (Alan Curtis, que infelizmente nos deixou demasiado cedo), ao regressar a casa, irá ser recebido pela polícia, que ali se encontra devido ao assassínio da sua esposa, que se recusara a ir com ele ao Teatro, naquela noite em que celebravam mais um aniversário de casados.


Um dos princípios do cinema de Robert Siodmak é precisamente a forma como ele usa as “cores” do preto e branco, ao mesmo tempo que a sua câmara se revela sempre bastante inquieta ou se preferirem anti-convencional, recorde-se que também ele gostava de produzir os seus filmes, para fugir aos constrangimentos que habitualmente eram impostos pelos Estúdios.


Mas regressando a Scott Anderson, que irá com a polícia aos locais onde esteve, para provar que não se encontrava em casa na altura do assassinato, irá descobrir que o seu alibi é de papel, porque todas as pessoas que se cruzaram com ele, o barman, o taxista, a cantora do Music-Hall, que usava precisamente um chapéu igual ao da mulher misteriosa, todos eles dizem que o viram, mas sem qualquer mulher, porque ele estava sozinho e assim Scott Anderson é condenado, mas a sua secretária não se resigna à decisão tomada pelo júri e decide percorrer os locais onde ele esteve e confrontar essas mesmas pessoas, usando os mais diversos métodos.


A forma brilhante como Robert Siodmak estabelece os enquadramentos e a ligação dos planos, reflecte-se, por exemplo, nesse momento sublime do grupo de jazz, assim como a transformação que a bela Carol Richman (Ella Raines) faz de si própria, de uma sensualidade bem marcante deste género cinematográfico. E se no final de “A Mulher Misteriosa” / “The Phantom Lady” somos surpreendidos, não nos esqueçamos que o suspense vai aumentando sempre de minuto a minuto, ao mesmo tempo que vamos tendo mais dados sobre o que na realidade se passou mas, dizia eu, não desliguem o televisor, porque se pensa que sabe tudo, engana-se, veja mesmo até ao último fotograma e oiça as palavras de Scott, “não desligue Miss Carol…”

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Robert Siodmak - (1900 - 1973)
    Classificação: 4 estrelas (****)
    Estreia em Portugal: 10 de Julho de 1945.

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