quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Tama Janowitz- "Escravos de Nova Iorque" / "Slaves of New York"


Tama Janowitz
"Escravos de Nova Iorque" / "Slaves of New York"
Páginas: 330
Teorema

Tama Janowitz começou primeiro por descobrir os restaurantes frequentados pelo papá da Pop Art, o célebre Andy Warhol e depois entrava neles com um grupo de amigas, distribuindo os seus contos/”short-stories” pelos clientes. Andy Warhol simpatizou com ela e gostou do universo que por ali viu retratado, bem do seu conhecimento, descobrindo o talento que navegava na escrita desta talentosa jovem nascida em S. Francisco em 1957, deu-lhe a mão e o sucesso bateu à porta de Tama Janowitz que fizera de Manhattan a sua metrópole. Os seus contos foram publicados nas famosas “The New Yorker”, “Paris Review”, “Interview”, “Harper’s Magazine” e “The New York Review of Books”, só para referir as mais famosas e mais tarde reunidos em livro. Como todos sabemos, os americanos cultivam essa grande arte que é a “short-story”, um género literário eleito pelas mais diversas gerações de escritores ao longo dos anos, onde encontramos nomes bem consagrados bem como jovens promessas do território literário a darem os seus primeiros passos.

Jay McInerney, Tama Janowitz, Bret Easton Ellis.
Três nomes incontornáveis da nova literatura norte-americana!

“Escravos de Nova Iorque” / “Slaves of New York”, embora não tenha sido o seu primeiro romance, já que a escritora se estreou em 1981 com “”American Dad”, foi o seu primeiro grande sucesso, que mais tarde iria ter uma nova vida nas salas de cinema através da mão do genial James Ivory, esse cineasta americano, que alguns julgam ser inglês.

"Escravos de Nova Iorque" /
"Slaves of New York"

A película nascida do livro “Slaves of New York” / “Escravos de Nova Iorque” é uma verdadeira delícia, repleta de humor e de uma profunda mordacidade sobre o universo artístico e os círculos intelectuais que na época se movimentavam em Greenwich Village e no Soho e Tama Janowitz até tem um “cameo” na película, mas o melhor é mesmo lerem o livro com as personagens desse fabuloso, mítico e estranho mundo da “Big Apple” a desfilarem perante o nosso olhar cândido, como se tratasse de uma passagem de modelos com muito ácido, crack e coca à mistura, mas também a magia da Arte Contemporânea!

Tama Janowitz

“Vou lá para cima descansar um bocado” disse Ginger. “Estou a ficar com dores de cabeça. Quando puderes Marley, vai até lá acima ao quarto. Há lá um Roy Lichenstein de que penso hás-de gostar.” E se estiver a pensar que irá encontrar uma escrita datada, engana-se por completo, porque certas modas levam décadas a atravessar o Atlântico e quando surgem nas praias lusitanas até parecem respirar uma certa velocidade contemporânea.

"Slaves of New York"
Um filme de James Ivory

“Quando o meu emprego como anotadora, num filme alemão que ia ser filmado na Venezuela, deu em águas de bacalhau, tornou-se óbvio que tínhamos de arranjar uma maneira diferente de fazer dinheiro rapidamente. Para um chulo e uma prostituta, Bob e eu tínhamos uma relação muito invulgar. Quanto ao papel que desempenhava, ele podia ter-se esforçado um pouco mais. Mas eu não me importava, pagava as contas, comprava as fitas para a máquina de escrever e, depois, se me apetecesse entregar-lhe algum dinheiro que sobrasse, era eu que decidia. À noite, quando vinha a casa para descansar, encontrava-o estendido na cama a ler Kant ou O Que é Uma Coisa? de Heidegger.”

"Slaves of New York"
O filme que levou o livro
de Tama Janowitz ao cinema.

Tama Janowitz, nos seus livros seguintes, continuou a debruçar-se sobre o meio boémio da “downtown” nova-iorquina de uma forma bem sedutora, sem qualquer tipo de concessões, revelando-se uma perfeita conhecedora do universo noctívago . “A Certain Age”, outro dos seus livros, conta-nos a história da bela e solteira Florence Collins que, aos 32 anos, decide repensar o mundo que a rodeia. Um livro a não perder, tal como sucede com o também famoso “A Cannibal in Manhattan”.

Descobrir a escrita de Tama Janowitz conduz-nos ao interior de uma geração de escritores que nos ofereceu o retrato perfeito da década de 80, em que os célebres 15 minutos de celebridade de que falou um dia Andy Warhol, permanecem bem vivos no quotidiano deste século XXI a viver uma nova década.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. Classificação: 4 estrelas (****)
    O cineasta realizou um magnifico filme baseado neste livro de Tama Janowitz.

    ResponderEliminar