“Um Assassino Pelas Costas” / “Duel”
(EUA – 1971) – (90 min. / Cor)
Dennis Weaver, Eddie Firestone, Gene Dynaski, Tim Herbert, Carey Loftin.
Steven Spielberg foi o “wonder-boy” do cinema norte-americano. A sua paixão pelo cinema vem de tenra idade e as irmãs foram as primeiras “vítimas” da sua imaginação prodigiosa. A família era a sua casa produtora e nem o pai escapou à voragem da câmara de 8 mm, suando e sofrendo com a forte direcção de actores, já patenteada pelo filho.
Os Estúdios da Universal iriam ser o seu primeiro lar cinematográfico, pois ali se escondia para ver Alfred Hitchcock filmar. Inicia-se aos vinte anos no pequeno écran, dirigindo alguns episódios das séries “Colombo”, “Marcus Welby” e “The Name of the Game”.
“Duel” / ”Um Assassino Pelas Costas” é a história de um camião assassino, com alvo localizado e cuja identidade do seu ocupante nunca nos será revelada, a não ser a sua imagem de monstro invasor da estrada. E para termos essa sensação de desamparo e solidão, basta fazer um daqueles percursos através do deserto na América, em que a ausência de sorrisos na paisagem nos leva quase ao desespero, sendo sempre imensos os traços no asfalto de veículos que perderam o controlo, acompanhados de restos de pneus, vitimados pelo calor. Se o leitor(a) desejar experimentar essa sensação, recomendamos a travessia do deserto de Mojave e quando um camião lhe surgir no espelho retrovisor é inevitável pensar em “Duel” / “Um Assassino Pelas Costas”, ao mesmo tempo que um calafrio lhe irá percorrer o corpo. Já sentimos essa sensação, mas o camião passou e o motorista acenou-nos e um sorriso (re)nasceu na nossa alma.
O sucesso de “Duel”, realizado para o pequeno écran, foi enorme, terminando a película por ser distribuída nos cinemas, originando o nascimento de um dos mais famosos “cult-movies” de sempre. O segredo do filme é a estratégia narrativa adoptada por Steven Spielberg, concentrando todos os meios ao seu dispor em redor do veículo conduzido por David Mann (Dennis Weaver), ora focando o interior do veículo e o rosto do actor, como passando para o exterior oferecendo-nos imagens do veículo dos mais diversos ângulos, assim como do camião perseguidor, nunca nos sendo dado a conhecer o rosto do misterioso condutor, nem as razões que o levam a perseguir aquele automobilista, que bem poderia ser um de nós, daí a perfeita identificação do espectador com o protagonista, partilhando os seus sentimentos ao longo do filme, conseguindo desta forma Steven Spielberg, essa conhecida empatia, entre o público e os seus filmes.
Rui Luís Lima
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