quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Emídio Ribeiro Pratas - "Pratas Conquistador"


Emídio Ribeiro Pratas
"Pratas Conquistador"
(Portugal – 1917) – (Mudo – P/B - 550 met.)
Emídio Ribeiro Pratas, Aníbal Contreiras, Trindade Júnior.

Quando Charles Chaplin ofereceu ao mundo a personagem de Charlot, elevando a “pantomina” ao seu ponto mais alto, foram muitos os que ficando fascinados pelo Mestre tentaram seguir os seus passos.


Em Portugal, Emídio Ribeiro Pratas foi precisamente um deles. Este ajudante de projeccionista, a trabalhar no cinema Chiado Terrasse de boa memória, decidiu fundar a sua própria empresa produtora, denominada “Pratas Filme”, preparando desta forma o seu primeiro e único filme, contando na fotografia com Ernesto de Albuquerque.

Como muitas vezes é a própria vida a imitar a Arte, o estreante realizador cria a personagem de “Pratas, Conquistador”, seguindo o caminho traçado por Charles Chaplin. Tal como ele, irá convocar os adereços que celebrizaram “Charlot”: o chapéu, o bigode, a casaca, ao mesmo tempo que introduzia personagens semelhantes e criava as habituais cenas de burlesco: as damas inocentes e as fugas precipitadas, após surgirem as habituais complicações.


“Pratas, Conquistador” irá também revelar-nos uma certa crítica mordaz aos costumes da época, demonstrando bem como o realizador aprendera as lições do Mestre Chaplin, que decidiu homenagear. É extremamente curiosa a forma como por vezes a película é manipulada, criando uma espécie de efeitos especiais, quando decide alterar a velocidade das imagens, para grande espanto do espectador da época.

Emídio Ribeiro Pratas, nesta que foi a sua única película realizada, optou por filmar em exteriores, em detrimento do Estúdio, por razões estritamente económicas, conseguindo oferecer-nos em 1917 uma obra que tentou inaugurar um género, que no entanto não teve seguidores em Portugal.


Em 1929 iremos encontrar de novo Emídio Ribeiro Pratas na película de Aníbal Contreiras, “Ponto e Vírgula a Pão e Água”, terminando por se afastar durante longos anos da actividade que tanto amava, para regressar só na década de sessenta (do século xx), em duas obras bem conhecidas de Jorge Brum do Canto, “Retalhos da Vida de um Médico” (1962) e “Cruz de Ferro” (1968), falecendo pouco tempo depois.

“Pratas, Conquistador” está para a História do Cinema Português como a primeira tentativa de introduzir o burlesco e a “pantomina”, no interior de uma indústria que sempre revelou as suas fragilidades no contexto económico nacional.


Esta aventura de Emídio Ribeiro Pratas é um digno representante da magia exercida pelo cinema, no interior de uma geração, que nutria uma verdadeira paixão pelas imagens animadas.

Rui Luís Lima

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