"O Anjo Azul" / "Der Blaue Engel"
(Alemanha – 1930) - (109 min. - P/B)
Marlene Dietrich, Emil Jannings, Kurt Gerron, Rosa Valetti.
“O Anjo Azul” / “Der Blaue Engel” teve o condão de revelar uma das maiores estrelas do cinema, a mais que célebre Marlene Dietrich. No entanto, na época em que o filme foi realizado ela era uma verdadeira desconhecida, sendo a estrela do filme Emil Jannings, esse actor poderoso que se deu mal na América, quando o mudo passou a sonoro, devido à sua dificuldade com a língua inglesa. Josef von Sternberg irá construir com esta película, baseada no romance de Heirich Mann, uma das obras-primas do cinema.
O professor Rath (Emil Jannings), todas as manhãs, depois do seu célebre relógio de cuco tocar, sai de casa e dirige-se ao colégio onde é um professor respeitável mas, cada vez mais, os seus alunos não lhe dão qualquer atenção durante as aulas, chegando alguns até a adormecer, até que descobre que eles frequentam um cabaret onde a bela Lola (Marlene Dietrich), seduz os espectadores.
Ao entrar nesse antro de imoralidade ele, que é um homem de bons costumes, é de imediato visto pelos alunos, que começam a fugir da sala, embora alguns não escapem a uma valente repreensão, dada pelo professor. Decidido a colocar um ponto final no problema, vai falar com a estrela da companhia, a bela e sensual Lola, cujas pernas enfeitiçam os espectadores.
No entanto, a mulher que ele encontra é bem diferente do que pensava e rapidamente se apaixona por ela, começando a assistir aos seus espectáculos, onde é tratado com toda a deferência. Rapidamente a paixão irá conduzi-lo à cegueira, terminando por se casar com ela e partir na digressão da companhia teatral.
Iremos assim assistir à queda no abismo mais profundo do honrado professor Rath, que rapidamente começa a fazer parte do espectáculo como palhaço, sujeitando-se a tudo. À medida que o tempo passa, esse belo anjo azul transforma-o num homem ridículo e, quando a companhia decide regressar à cidade onde ele fora outrora um professor respeitável, todos os demónios se apoderam dele.
A humilhação a que é sujeito perante todos os que o conheceram leva-o à beira da loucura até que, transformado num verdadeiro farrapo humano, deixa para trás a mulher que o enfeitiçou, dirigindo-se à sua antiga sala de aula, onde se senta na sua secretária e deixa que a dor lhe consuma a alma, num derradeiro gesto, em busca da dignidade perdida.
“Der Blaue Engel” respira sensualidade e amargura por todos os poros, estando a interpretação de Emil Jannings ao nível de “O Último dos Homens” / “Der Letzte Mann”de F. W. Murnau.
Josef von Sternberg & Marlene Dietrich
Josef von Sternberg conduz a luminosidade do expressionismo, utilizando o preto e branco de forma mais-que-perfeita. “O Anjo Azul” / “Der Blaue Engel” permanece uma das obras cinematográficas mais dolorosas e geniais da carreira do cineasta.
Rui Luís Lima
Josef von Sternberg - (1894 - 1969).
ResponderEliminarFoi com este filme que o universo cinematográfico descobriu Marlene Dietrich que viria a partir da Alemanha rumo aos Estados Unidos da América na companhia do cineasta.
Classificação: 5 estrelas (*****).