“Ivan o Terrível – Parte 1 e 2” /”Ivan Grozny – I & II”
(URSS – 1945/46) – (98 min. – P/B) – (85 min. – P/B-Cor)
Nikolai Tcherkassov, Seraphina Birman, Ludmila Tzelikovskaia.
Quando Estaline, o Czar Vermelho do Kremlin, encomendou a feitura de um grande fresco histórico sobre o “primeiro Czar de todas as Rússias”, recorde-se que foi ele que Fez a unificação das diversas regiões, o cineasta encontrava-se nas ruas da amargura, depois do insucesso da sua estadia no Ocidente (Paris, Londres, América (Hollywood) e México) e mesmo depois do seu “Alexandre Nevsky”, feito a pedido das autoridades soviéticas, viu o filme tornar-se invisível devido ao famoso e controverso pacto germano-soviético de Brest/Litovsky, entre o regime nacional-socialista e o regime soviético, tendo de imediato o filme se tornado bastante incómodo e passando ao estatuto de obra cinematográfica invisível.
Com a invasão da então URSS pelas tropas de Hitler, e tendo em conta que o Czar do Kremlin conhecia todas as potencialidades do cinema de propaganda, para além de ser um amante dos musicais de Hollywood, que lhe eram projectados secretamente na sua sala de cinema privada, decidiu “convidar” Serguei M. Eisenstein para construir um fresco sobre o Czar Ivan, onde pudesse ver projectada a sua própria figura como grande líder da nação russa. E o cineasta do “Couraçado Potemkine” deitou mãos à obra, tendo recebido do Senhor do Kremlin todos os meios disponíveis para a realização do filme, que iria ser composto de três partes, portanto um longo fresco para a nação poder ver em Estaline o seu líder supremo.
“Ivan, o Terrível” / “Ivan Grozny” irá ter argumento, montagem e realização de Serguei M. Eisenstein e música de Serguei Prokofiev, que nos irá contar a vida de Ivan desde o seu nascimento até chegar esse momento inadiável da sua morte, mas se esta primeira parte, que até teve estreia no Teatro Bolshoi no final de 1944 (numa altura em que as tropas nazis já tinham sido expulsas da URSS e o exército vermelho avançava na Europa de Leste), contou com a presença do próprio Estaline, que teceu rasgos elogios ao cineasta, mas quando o ditador viu a segunda parte da obra, abandonou a sala a meio do filme, porque desta vez o retrato de Ivan, colava-se de forma imperfeita ao seu culto da personalidade, revelando muitos dos seus temores e de imediato o cineasta “caiu em desgraça”, tornando-se um proscrito para as autoridades soviéticas, ao mesmo tempo que a segunda parte de “Ivan, o Terrível” era de imediato proibida, só sendo vista em 1958, após o processo de destalinização levado a cabo pelas novas autoridades do Kremlin, saídas do “famoso” XX Congresso do PCUS. Quanto à terceira parte daquela que seria a obra monumental de Serguei M. Eisenstein, nunca viu a luz do dia.
Os filmes “O Couraçado Potemkine” / “Bronenosets Potemkine”, sobre o qual já aqui escrevemos, “Alexandre Nevsky”/ “Aleksandr Nevskii e “Ivan, o Terrível”/ “Ivan Grozny”, revelam-nos a genialidade deste Mestre da Sétima Arte chamado Serguei M. Eisenstein, já o seu famoso filme inacabado, posteriormente montado por terceiro, intitulado “Que Viva México” é bem revelador do que iria a Sétima Arte conquistar, com a presença do cineasta no Ocidente, mas este infelizmente terminou por deixar Hollywood e regressar a Moscovo.
Rui Luís Lima
Sergei M. Eisenstein - (1898 - 1948)
ResponderEliminarClassificação: 5 estrelas (*****)
Estreia em Portugal: Outubro de 1971 - (Part 1 + Part 2)