quinta-feira, 10 de outubro de 2024

TV Séries - "Orgulho & Preconceito" / "Pride & Prejudice" - Jane Austen


TV Séries
Jane Austen
"Orgulho & Preconceito" / "Pride & Prejudice"
Actores: Colin Firth, Jennifer Ehle, David Bamber,
Crispin Bonham-Carter, Anna Chancellor, Susannah Harker.
Realizador: Simon Langton
Episódios: 6
Ano: 1995

"Orgulho e Preconceito" é, desde sempre, um dos livros preferidos de quem lê Jane Austen, estando entre os mais lidos no mundo e fazendo parte de todas as listas do romance preferido, da mais bela história de amor... Esta obra romanesca já foi alvo de várias adaptações, incluindo uma por Bollywood "Bride & Prejudice: The Bollywood Musical". Em 2005, a sua nova adaptação cinematográfica fez correr muita tinta, porque a beleza de Keira Knightley não correspondia de forma alguma à personagem criada por Jane Austen, basta lermos o livro para tirarmos todas as ilações, mas a última palavra era de Hollywood e a Keira é uma estrela em ascensão, através dos "Piratas das Caraíbas" e uma das regras dos Estúdios é rentabilizar ao máximo as suas estrelas.


Como seria de esperar, ao darem a personagem de Mr. Darcy a Matthew Macfadyen, de imediato pairou sobre ele a figura eterna de Colin Firth, recorde-se que no "Diário de Bridget Jones", Helen Fielding criou a personagem do Mr. Darcy "contemporâneo" a pensar não só no livro de Jane Austen mas também na interpretação que Colin Firth nos ofereceu na série produzida pela BBC e que colou, literalmente, milhões aos televisores. Depois de termos visto o filme de 2005 e termos ficado tontos com a sequência do baile, pensamos que foi a primeira vez que o realizador teve em seu poder uma "steadycam". Decidimos optar por falar da série... já a vimos várias vezes e tenho que confessar a minha fraqueza, sou fã do Colin Firth... (o Rui perdoa-me porque eu também deixo que ele seja um fã da Annette Bening).


Como todos sabemos desde tenra idade, a BBC e a Granada Television sempre pautaram as suas séries por um rigor histórico acima de qualquer suspeita. Muitas vezes temos saudades desses tempos em que chegava o dia de ver mais um episódio das diversas famílias que nos invadiram a casa, fossem elas de apelido Forsyth ou Bellamy, para já não falarmos de obras como "A Jóia da Coroa" e "Reviver o Passado em Brideshead". Este rigor, apanágio dos ingleses, sempre foi malvisto pelos franceses e nós, que até somos apaixonados pela "nouvelle vague", pensamos não cair em pecado mortal pelo simples facto de também adorarmos as séries de época criadas pela televisão britânica.


Deixando para trás estas considerações, olhemos para a série televisiva "Orgulho e Preconceito", com um elenco escolhido a dedo e uma adaptação de época extraordinária (repare-se por exemplo no cuidado das imagens do genérico com os bordados típicos da época, trabalhos sem dúvida feitos pelas meninas em "busca de pretendente"), esta é, em traços largos e extremamente redutores, a história da família Bennett com cinco filhas casadoiras e a busca do marido ideal (para a mãe Bennett o ideal será um marido rico, para as filhas mais velhas um marido de quem gostem e goste delas).


Mas passemos à história mais detalhada. Imagine-se um pai inglês, cavalheiro com nome mas sem muita fortuna de uma pequena vila inglesa, de cinco filhas, todas elas com possibilidade de ter uma boa vida apenas se fizerem um casamento proveitoso. Dessas cinco filhas destacam-se pela sua sensatez as mais velhas Lizzie (Jennifer Ehle) e Jane (Susannah Harkey que vimos no filme "Diário de um Escândalo), sendo as três mais novas (Lydia, Kitty e Mary) verdadeiras cabeças ocas, apenas se interessando duas delas por belos soldados de uniforme e bailes (único divertimento da vila) e a terceira por ser uma verdadeira estudiosa de nada que interesse. A mãe destas cinco jovens tem como único objectivo conseguir por qualquer meio (próprio para a época, claro) que as suas filhas se casem.


Há sinais de que uma das casas da vizinhança será ocupada por um jovem com fortuna (Mr. Bingley, interpretado por Crispim Bonham-Carter). De imediato se movimentam os Bennett para que sejam conhecidas as suas filhas (embora o pai Bennett faça tais contactos com muito esforço). Num baile em que toda a vizinhança participa, aparece também como convidado Mr. Darcy (Colin Firth) e de imediato toda a sua "soberba" é alvo de crítica de toda a pequena sociedade, já que ele se recusa a misturar com os locais, enquanto o amigo descobre de imediato que a mais bela do baile é Jane Bennett. As apreciações feitas por Mr. Darcy da vida local, entre outros motivos, fazem com que Lizzie Bennett o "abomine" dado o seu carácter orgulhoso e aos preconceitos demonstrados quer pela sua família quer pela vizinhança.


Mas nem só de actores principais vive esta série, porque possui uma galeria de secundários digna de nota, sendo de certa forma inesquecível essa inefável personagem criada por Jane Austen, cujo nome quase solene, é Lady Catherine de Bourg, recordam-se dela? Já para não falar nesse primo com paróquia que, chegado a casa dos Bennett, pensa que o seu estatuto lhe garante de imediato a posse da filha mais velha e descobrindo que esta poderá vir a ficar noiva em breve, muda para a imediatamente seguinte na escala das irmãs (falamos de Lizzie), essa mulher digna e acima da sua época, com ideias bem firmes e decidida a lutar, sofrer e desistir por amor... só que como todos sabemos nem sempre o que os novos olhos vêm e os nossos ouvidos escutam é a verdade dos factos.


Mas não temam, tudo acaba bem e se bem que conhecido por muitos, não vou por aqui revelar o final deste belíssimo romance, extraordinariamente adaptado pela BBC. A quem tem acesso à série em DVD aconselho a verem os extras, já que por aí nos conseguimos aperceber verdadeiramente do cuidado que foi posto na adaptação e na escolha de actores, exteriores (vejam a belíssima fachada de Pemberley, lar do Mr. Darcy e seus jardins) e interiores.


Uma última palavra para Simon Langton, o cineasta responsável por esta mini-série, porque se dissermos que ele é o autor dessa célebre obra de John Le Carré, "Gente de Smiley" / "Smiley People", estará tudo dito, mas somos forçados a referir que ele também assinou episódios desse detective célebre chamado Hercule Poirot (responsável entre outros pelo episódio-piloto), para já não falarmos nas suas passagens para o pequeno écran de obras como "Ana Karenina", "Casanova" e "Rebecca", para além de ter colocado a sua assinatura em episódios de "Os Contos do Imprevisto" e o já citado aqui "Upstairs Downstairs" / "A Família Bellamy", estamos assim perante alguém que sabe bastante bem do seu ofício.


E como aprendemos depois de lermos os livros de Harry Potter e de vermos as suas adaptações cinematográficas, todas da responsabilidade desse génio chamado Steve Kloves, devemos deixar também aqui uma palavra para o argumentista de "Orgulho e Preconceito", Mr Andrew Davies, porque ele sabe mesmo do seu ofício ou não trabalhasse nele já lá vão diversas décadas anos, numa actividade contínua de adaptações televisivas e cinematográficas, sendo de destacar os dois filmes de Bridget Jones e o célebre "Alfaiate do Panamá". Os seus dois últimos trabalhos para o pequeno écran foram: para além de Jane Austen mais uma vez com "Sensibilidade e Bom Senso" para a série televisiva, um "remake televisivo" (conheciam o género?) de "Brideshead Revisited", aqui iremos de certeza sentir a falta do Jeremy Irons e "Sandition".


Para não dizerem que esta crónica já vai longa, fico por aqui e mais uma vez vos recomendo a visão desta série (adaptação televisiva) de "Orgulho e Preconceito". Se só conhecem o filme, devem então fazer a comparação e tirarem as vossas conclusões, estejam ou não de acordo comigo, mas não se esqueçam que a leitura do livro é fundamental.


Quanto a mim, já me esqueci das vezes que passei os olhos pelas páginas dos romances de Jane Austen, porque na verdade sou uma romântica e espero que, nos dias de hoje, isso já não seja pecado.

Paula Nunes Lima

1 comentário:

  1. Esta série revelou ser a mais bela adaptação para o écran do célebre livro de Jane Austen, "Orgulho e Preconceito", muito superior ao filme que viria a ser feito muitos anos depois, ao mesmo tempo que lançava definitivamente a carreira do actor Colin Firth. Estamos perante uma das séries mais populares oriundas da Grã.Bretanha.

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