domingo, 10 de novembro de 2024

Salas de Cinema - Cinema Politeama!


Salas de Cinema - Cinema Politeama!

Embora o Politeama tenha nascido com o nome de Teatro Politeama a 6 de Dezembro de 1913, estando na inauguração o Presidente da Republica Manuel de Arriaga e o “mal-amado” Chefe do Governo Afonso Costa, que o diga Fernando Pessoa, será no ano seguinte, 1914, que se dará início à exibição de filmes e como não podia deixar de ser nessa época da Primeira Republica, apenas a minha avó era nascida, que se irá tornar cinéfila, arrastada pelo neto, nos anos 60.

Cinema Politeama

Mas antes em plena Segunda Grande Guerra, estreia no Cine-Teatro Politeama (que tinha “rectificado” o nome), o célebre filme “Casablanca” com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, a vestirem a pele de Rick e Ilsa, numa “love story” que marcou a Sétima Arte.


O primeiro filme que me recordo de ver no Cinema Politeama, na década de 60, foi precisamente “A Bela Adormecida” / “Sleeping Beauty” de Walt Disney, que permanece até aos dias de hoje, o meu filme preferido da Disney.

"A Bela Adormecida"
Walt Disney

Teria cinco anos e fui na companhia de uns amigos da minha mãe e com outras crianças. Ainda hoje guardo na memória esta ida ao cinema em que estive profundamente maravilhado em frente de um écran de cinema.

"Adeus Gringo"
Giorgio Stegani

Depois o Politeama tornou-se uma das salas de cinema da minha infância, graças a uma amiga da minha avó que nos oferecia bilhetes para os filmes e foi assim que fui introduzido nesse território maravilhoso que é o “western” da minha infância, em que não só tínhamos os filmes “Made in USA”, como também o “Western-Spaghetti”, oriundo de Itália e muitas vezes rodado em Espanha. Eram os Gringos, os Ringos, os Sartana, os Zorros, com títulos como “Adeus Gringo” / “Adios Gringo” de R. G. Finley, com Giuliano Gemma e Elaine Stewart, nos protagonistas ou “Gringo Não Perdoa” / “Per Pocchi Dollar Ancora”, realizado por Giorgio Ferroni, que também assinava algumas películas como Calvin J. Padget e se nos filmes não conhecia o rosto dos realizadores, nem os nomes, já com os actores tal não sucedia e não é quando um dia descubro que o actor Giuliano Gemma também se “chamava” Montgomery Wood e nesse dia fui para casa mesmo confuso, como podia alguém ter dois nomes!?

"Os Veteranos de Tobruk"
Henry Hathaway

Mas nem só de “westerns” vivia o Cinema Politeama , já que o denominado “Filme de Guerra” era presença obrigatória nesses anos e assim fixei para sempre “Os Veteranos de Tobruk” / “Raid on Rommel” realizado por Henry Hathaway e com Richard Burton a comandar o elenco, um nome e rosto que fixei rapidamente. Já “A Batalha de El Alamein” / “La Bataglia de El Alamein” de Giorgio Ferroni (que também usava o nome de Calvin Jackson Padget) e “Testa de Ponte” / “Testa di sbarco per otto impalcabili” (que teria também o título de “Hell in Normandia” sendo o seu realizador Alfonso Bescia, “baptizado” como Al Bradley!), duas películas que por razões que a própria razão desconhece, conservo na minha memória cinematográfica.

"Os Dois Magos da Bola"
Mariano Laurenti

Quanto às comédias no Cinema Politeama vi também inúmeras, mas seria as que eram protagonizadas pela dupla italiana constituída por Franco Franchi e Ciccio Ingrassia, que mais me faziam rir, retendo na memória a película de Mariano Laurenti, “Os Dois Magos da Bola” / Ii Due Maghi del Pallone” e uma outra película, cujo nome não consegui localizar e que abordava de forma bem divertida as Televisões Pirata em Itália.

"Niagara"
Henry Hathaway

Mas foi também no Cinema Politeama (para mim será sempre esse o seu nome), que me “encontrei” pela primeira vez com Marilyn Monroe em “Niagara”, em que fiquei sentado na plateia e me sentia esmagado pelo tamanho do écran e as famosas cataratas, para além da beleza da senhora. E por falar em estrelas foi também nesta sala que fixei o rosto e o nome da bela Claude Jade em “Monte Cristo 70” / “Sous le signe de Monte-Cristo” de André Hunebelle, uma película datada de 1968, para anos mais tarde a reencontrar ao lado dessa personagem, símbolo de uma geração, chamada Antoine Doinel!

"O Comboio Apitou Três Vezes"
Fred Zinnemann

Por outro lado fiquei também marcado (no bom sentido da palavra) por uma sessão dupla no interior de um ciclo dedicado ao “western”, em que foram exibidos o “High Noon” / “O Comboio Apitou Três Vezes” de Fred Zinneman (desconhecendo na época toda a carga política que a pelicula possuía) e “Two Mules for Sister Sarah” / “Os Abutres Têm Fome” de Don Siegel, em que fixei o nome e o rosto de Clint Eastwood, para sempre, para além dessa actriz maravilhosa, que já conhecia de outras fitas, chamada Shirley MacLaine, duas peliculas que fui revendo ao longo dos anos

"Céu Aberto"
Howard Hawks

No final da década de oitenta o cinema Politeama fechou portas e irá regressar como Teatro, mantendo muita da sua traça original em termos arquitectónicos e conquistando de novo o público para a sua bela sala. Quanto a mim guardo gratas memórias deste espaço e ao chegar aqui ouvi na minha memória o grito estridente que uma das minhas amigas deu, quando viu os dedos de Kirk Douglas a serem cortados na película “The Big Sky” / “Céu Aberto” de Howard Hawks, até a minha avó ficou assutada e o que nos rimos todos depois, nós as crianças, ao chegarmos à Pastelaria Trevo, para lanchar, no Largo do Camões.

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. O cinema Politeama era uma sala de cinema da capital com caracteristicas populares, tendo ficado célebre pelas sessões de terror à meia-noite cujas sessões bastante concorridas esgotavam. Após ter encerrada a actividade foi transformado em Teatro, com Filipe La Féria a transformar o espaço na sala de Teatro mais famosa da capital.

    ResponderEliminar