sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Lawrence Ferlinghetti - "Como Eu Costumava Dizer"


Lawrence Ferlinghetti
"Como Eu Costumava Dizer"
Páginas: 112
Cadernos de Poesia nº.22
Publicações Dom Quixote

Foi em 1974 na Livraria Barateira que descobri esta antologia de poemas de Lawrence Ferlinghetti que me custou 7$50 (sete escudos e cinquenta centavos), nesse ano tinha lido o "Pela Estada Fora" do Kerouac (editora Ulisseia) e tinha descoberto Allen Ginsberg e os Beatnick através de uma antologia da editora Futura, organizada por Manuel de Seabra. Ambos os livros virão a ser perdidos em empréstimos.

Lawrence Ferlinghetti
(o Pai da geração Beatnick)

Depois destas duas perdas, uma delas, a dos poetas nunca mais a recuperei, apesar dos muitos Alfarrabistas que tenho "corrido". Ao longo da vida perdi em empréstimos centenas de livros, discos e filmes e à conta deles também algumas amizades porque esses amigos ficavam muito aborrecidos com o pedido de devolução do produto e se devolviam a amizade tinha os dias contados. Ao longo dos anos descobri as mais variadas respostas e o caso mais curioso é um livro de Mishima que já comprei por cinco vezes, embora só tenha um exemplar na minha posse.

E se ainda tem paciência para estar a ler esta memória, deve estar a pensar o que tem isto a ver com o Lawrence Ferlinghetti? A resposta é simples e a época eram os anos oitenta e a acção passava-se no Terminal do Rossio na livraria da Assírio e Alvim, que tinha uma antologia bilingue do Lawrence Ferlinghetti (edição brasileira) e o dinheiro que me restava até ao final do mês era pouco ou quase nenhum e por três vezes entrei e sai da loja, pegava no livro, lia e saia, até que não resisti e comprei o livro, sem saber como iria comer nessa semana. Os jantares foram pão com manteiga e chá e os almoços muito reduzidos, mas tinha o meu Ferlinghetti e era feliz!

Anos depois o livro voou num empréstimo e nunca mais o vi...

Lawrence Ferlinghetti
(1919 - 2021)

Ao reencontrar este livro de Lawrence Ferlinghetti na Biblioteca, foi com imensa alegria que verifiquei que tinham restaurado o livrinho (folhas bem coladas e capa plastificada) e ao iniciar a leitura descobri uma bela introdução do tradutor José Palla e Carmo e depois foi o reencontro com um dos mais belos poemas que li ao longo da vida, que oferece o título a esta antologia: "como eu costumava dizer" e vi-me a embarcar naquele comboio para a última viagem e quando vi a agulha a mudar disse ainda não!

Rui Luís Lima

1 comentário:

  1. O poeta Lawrence Ferlinghetti foi considerado por muitos como o "pai" da literatura "beatnick", um nome com quem esse jovens poetas gostavam de conviver e que ao fundar a sua editora em S. Francisco irá divulgar os principais nomes de uma geração que virá a mudar para sempre a poesia norte-americana.

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