segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Frank O'Hara - "Vinte e Cinco Poemas à Hora de Almoço"


Frank O'Hara
"Vinte e Cinco Poemas à Hora de Almoço"
Colecção: Documenta Poética nº.27
Páginas: 120
Assírio e Alvim

Conheci a poesia de Frank O'Hara numa antologia organizada por Manuel de Seabra sobre os novos poetas americanos e a sua poesia. O livro editado pela "Futura" em 1973 ainda me acompanha nos dias de hoje, e o poema de Frank O’Hara intitulado "A Industria Cinematográfica em Crise", surgiu como se alguém me tivesse dado um soco no estômago, fiquei simplesmente sem respiração e nunca mais me esqueci dele e de todos os poetas americanos da sua geração e consequentemente da Literatura Beatnick.

Em boa hora a editora Assírio e Alvim editou uma colectânea de Poemas de Frank O’Hara e de novo foi possível, de forma mais ampla, mergulhar na maravilhosa poesia deste autor que é urgente descobrir.

Depois, ao saber como a vida está apenas presa por um ligeiro fio, fraco e frágil, decidi contemplar as ondas do mar com o meu olhar no silêncio dos dias e muitas vezes descobri marcas de pés na areia húmida da praia e inevitavelmente pensei que o Frank tinha estado nesse dia naquele lugar, esse lugar que ele pisou pela última vez e cuja beleza não o deixou ver a viatura que o iria levar do nosso convívio, mas os poetas – sejam aprendizes ou consagrados – nunca esquecerão este homem, cuja poesia nascia dos temas mais simples e das pessoas anónimas que com ele se cruzavam nas ruas de Nova Iorque, enquanto ele seguia para o seu local de trabalho no Moma.

Frank O'Hara
(1926 - 1966)

Nascia assim o seu convívio com a pintura e os seus artistas, Jasper Johns, De Konning, Rauchenberg, entre outros, já na poesia encontrou em Kenneth Koch e John Ashbery a amizade (ambos já publicados entre nós), mas nunca constituíram um grupo homogéneo como os Beat de S. Francisco, devido talvez à sua singularidade, embora todos eles fossem beber a poesia a Walt Whitman – o Pai de toda a Moderna Poesia Norte-Americana e também Mestre de Álvaro de Campos, recordam-se da sua “Saudação a Walt Whitman”? .

O cinema, o teatro e a pintura acabaram também por surgir como matéria-prima para os seus poemas, assim como o jazz. Ler hoje Frank O'Hara é um daqueles prazeres que nos enche a alma de alegria, já que por vezes a vida insiste em nos oferecer a amargura e a tristeza. Beber a sua poesia através deste livro de poemas nas noites frias de Inverno, ou numa outra estação mais quente saborear a frescura das suas palavras, numa esplanada de uma praia no final do dia, revela-se na verdade um daqueles prazeres que nos enche a alma e nos leva a acreditar no universo poético deste magnifico livro de Frank O’Hara intitulado “Vinte e Cinco Poemas à Hora do Almoço”.

Rui Luís Lima

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